Os processos de formação de egressos de graduação e de pós-graduação têm grande centralidade no funcionamento da UFMG, constituindo os dois itens que requerem a maior alocação de recursos, tanto no que diz respei­to a horas de trabalho quanto a alocação de instalações e infraestrutura em geral. Os produtos desses processos – os egressos – representam uma expressiva agregação de valor, na forma de capital humano, que se torna disponível para a sociedade.

Relatório de Gestão 2019
Relatório de Gestão 2019 

Deve-se mencionar que os egressos da UFMG se diferenciam por exibirem uma formação acadêmico-profissional de excelência, que os capacita a lide­rar processos de transformação e de inovação nas organizações em que atu­am. A atividade de geração de conhecimento constitui parte intrínseca do sistema de formação dos egressos da UFMG, necessária para assegurar o padrão de qualidade dessa formação. Além disso, por si só, esse processo de geração de conhecimento conduz a produtos de elevado valor agregado.

Produção do conhecimento
O tipo básico de produto oriundo da atividade de pesquisa corresponde às publicações científicas avaliadas por pares – os livros e artigos científicos. Por um lado, uma publicação científica corresponde a uma contribuição ao edifício do conhecimento humano, tornando-se disponível para todos uma vez divulgada. Esse conhecimento é peça central do atual sistema de orga­nização das sociedades baseado nas tecnociências, tanto que podemos afir­mar que o mundo não seria conforme hoje o conhecemos se não existisse tal conhecimento.

Produzir ciência, no sentido amplo do termo, contribui para esse esforço coletivo de toda a humanidade para a construção de seu patrimônio comum de conhecimento: uma instituição inserida no processo de geração da ciência se habilita a participar do sistema de trocas de conhe­cimento no nível mundial, assim assegurando a possibilidade de interpretar e utilizar tal patrimônio, no contexto da região que a abriga, onde e quando se fizer necessário.

Parte da atividade da pesquisa, entretanto, é orientada para a geração de conhecimento do tipo “aplicado”. Trata-se de conhecimento cujo proces­so de criação é orientado, desde o princípio, para abordar problemas exis­tentes na sociedade, na busca por soluções baseadas em conhecimento. Encontram-se nessa categoria os esforços para o desenvolvimento de pro­cessos tecnológicos. No caso desse tipo de conhecimento gerado, há uma imediata geração de valor para a organização a que se destina o processo tecnológico, com o aumento da eficiência da produção, o aumento da qua­lidade dos produtos produzidos, ou mesmo o início da produção de novos produtos, de elevado valor agregado. Esse conhecimento, portanto, se tra­duz em ganhos de produtividade e em vantagens competitivas.

Relatório de Gestão 2019
Relatório de Gestão 2019 

Cabe ainda mencionar um tipo de conhecimento gerado que se situa em posi­ção intermediária entre os dois tipos anteriormente discutidos: a patente. A pesquisa que conduz à obtenção de uma patente pode tanto decorrer de projetos orientados à descoberta científica e que terminam por revelar opor­tunidades de criação de uma invenção potencialmente útil para fins econô­micos, quanto pode surgir no contexto de um projeto de desenvolvimento tecnológico especificamente encomendado por uma organização, já visando uma aplicação específica. Em qualquer dos casos, uma patente pode repre­sentar expressiva geração de valor, produzindo retorno econômico e ganhos de competitividade.

Ranking de produção científica e inovação
Nos últimos dez anos, 22.375 professores e estudantes de graduação e de pós-graduação da UFMG publicaram 31.927 artigos, que tiveram 338 mil citações. Quase um terço dessas produções (28%) foi fruto de colaboração internacional.

Na pós-graduação, a Universidade teve destaque no desempenho da edição 2021 do Prêmio Capes de Teses, no qual teve cinco trabalhos vencedores e recebeu outras sete menções honrosas, o que se materializou no melhor desempenho nos últimos cinco anos.

A UFMG foi classificada como a melhor federal em ranking de cientistas mais produtivos e influentes, segundo o AD Scientific Index 2021. A Universidade aparece na quinta posição na América Latina, com 345 cientistas entre os 10 mil mais produtivos e influentes, e está entre as oito universidades mais bem classificadas dos países do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com 150 pesquisadores entre os 10 mil de maior produtividade e com maior impacto. 

Além disso, a plataforma AD Scientific Index destacou 40 professores da UFMG entre os mais influentes da América Latina em 2022. Todas as áreas do saber contempladas pelo ranking Latin America Top 100 Scientists 2022, da plataforma, têm docentes da UFMG entre os 100 mais influentes da América Latina.

O ecossistema de inovação da Universidade é maduro, integrado e resulta da consolida­ção de uma política de inovação que retroage aos anos 1990, quando se deu início a um processo contínuo e bem delineado, que demandou recursos con­sistentes, constantes, que possibilitaram planejar prioridades, visando tam­bém o médio e longo prazo. Já são mais de 1.582 pedidos de depósito de patentes. Por ter sido a universidade brasileira que registrou o maior número de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), no período de 2010 a 2019, a UFMG recebeu o Prêmio de Inovação Universidades, oferecido pela Clarivate Analytics, em maio de 2021.

Foi uma das primeiras Instituições Científicas, Tecnológicas de Inovação (ICT) a se regulamentar no Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, estabelecendo assim uma política institucional para a área, por meio de reso­lução do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) aprovada no fim de 2017. Em maio de 2022, o Conselho Universitário aprovou a Resolução que regulamenta a Política de Inovação da UFMG, construída a partir do processo que envolveu a escuta e a contribuição ativa da comunidade acadêmica e considerando a inovação como ação transversal que permeia as atividades indissociáveis de ensino, pesquisa e extensão da Universidade.

Graças a essa política, a UFMG está preparada para for­mar alianças estratégicas com o ambiente produtivo local, regional, nacional e internacional, para gerar inovação, fomentar o empreen­dedorismo acadêmico, desenvolver prestação de serviços técnicos, bem como prover condições e ambientes propícios para a comuni­dade acadêmica desenvolver suas atividades de pesquisa.

Extensão

A extensão universitária da UFMG é uma das mais expressivas do país. Tem como princípios de atuação a interação dialógica, a interdisciplinaridade e interprofissionalidade, a indissociabilidade com o ensino e a pesquisa, o impacto na formação do estudante e a transformação social. Um total de 4.034 atividades foram desenvolvidas ao longo de 2022, incluindo programas, projetos, cursos, eventos e ações de prestação de serviços, que contemplam cerca de 8 milhões de pessoas. Essas ações possibilitam que os conhecimentos educacionais, artísticos, culturais e científicos produzidos na UFMG sejam compartilhados com a sociedade.

Deve-se ressaltar que, diferentemente do que seriam os processos típicos de geração de valor em organizações públicas ou privadas especificamente dedicadas a realizar atendimentos similares, a cadeia de valor no caso das atividades da UFMG é significativamente mais complexa, como mostrado no diagrama a seguir.

Relatório de Gestão 2019
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A principal distinção é que sempre existe tanto a dimensão da formação de estudantes quanto a de geração de conhecimento. Para exemplificar essa questão, são mostrados abaixo os diagramas de formação de valor referen­tes a alguns dos processos de interação da UFMG com a sociedade.

Relatório de Gestão 2019
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Saúde
O atendimento à saúde acontece, por exemplo, nos hospitais universitários. Esses hospitais encontram-se capacitados a realizar intervenções dos mais variados graus de complexidade, incluindo alguns tipos de cirurgias e trata­mentos não disponíveis em nenhum outro hospital no estado de Minas Gerais. Claramente, é formado um valor expressivo para o público atendido.

Para além disso, em toda a atividade de atendimento à saúde executada nas instalações da UFMG sempre existirá a formação de pessoas, seja no nível dos cursos de graduação da área da saúde, seja nas diversas residências ou ainda nas pós­-graduações. Essas são as pessoas que, uma vez formadas, irão ocupar os postos de trabalho nas redes e serviços de saúde.

Por fim, é no contexto do atendimento ao público que se desenvolve a maior parte da pesquisa na área da saúde, com o desenvolvimento de novos tratamentos, novos procedimentos de diagnóstico, novas técnicas de prevenção. Em síntese, o valor entregue à sociedade em muito extrapola o resultado da intervenção em si.

Cultura

A UFMG é um dos mais importantes polos produtores de cultura de Minas Gerais. Isso se deve a uma política que compreende a cultura como espaço de interação com todos os segmentos da comunidade universitária, com a comunidade externa e com as cidades com as quais se relaciona. A cultura potencializa a interação dos saberes produzidos na Universidade com os saberes tradicionais e plurais, abrindo espaço para a reflexão crítica e a construção coletiva em campos como direitos humanos, direitos sociais, inclusão e cidadania. 

Em razão da relevância e transversalidade da cultura, a UFMG criou em 2022 a Pró-reitoria de Cultura (Procult), unidade administrativa vinculada à Reitoria e responsável pela gestão, coordenação, promoção, desenvolvimento e difusão da produção e da política cultural da UFMG. A partir de então, a UFMG tornou-se uma das quatro universidades brasileiras a contar com uma Pró-Reitoria exclusiva para a área de cultura, dada sua envergadura no cenário cultural do estado de Minas Gerais e do país.

Em 2021, a Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG completou 20 anos de existência, período ao longo do qual se consolidou como referência nacional em gestão de rede de museus universitários. Seus 24 espaços, distribuídos nos campi da UFMG, possuem distintos perfis e dispõem de acervos e coleções constituídos nos mais de 90 anos da UFMG, atrelados a vários campos do conhecimento, cuja diversidade responde a suas funções educacionais, científicas e culturais, como suporte às atividades de ensino, pesquisa e extensão.