O funcionamento da UFMG, previsto no Estatuto da Instituição, baseia-se em um sis­tema em que três macro processos – o Ensino, a Pesquisa e a Extensão – operam concomi­tante e interativamente, de forma a resulta­rem em todo um elenco finalístico de resulta­dos que decorrem dos objetivos estratégicos da instituição. Pratica-se hoje na UFMG o que é, em parte, a continuidade de uma política que já vem de várias décadas, de inserção dos estudantes de graduação no desenvolvimen­to de projetos de pesquisa, principalmente por meio da iniciação científica, e de exten­são e da participação em iniciativas que obje­tivam dividir com a sociedade os benefícios e avanços assegurados pelo conhecimento.

No que diz respeito ao ensino de pós-graduação stricto sensu, este já foi definido, desde sua criação na UFMG, como uma atividade que necessaria­mente deva envolver o treinamento e a prática do desenvolvimento de pesquisa. Também a atividade de extensão, desde seus primórdios, veio cons­tituindo rica fonte de questões a serem tratadas no âmbito de da relação da Universidade e com a sociedade e os movimentos sociais, bem como por meio da interação com o ensino e a pesquisa.

Relatório de Gestão 2019 
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Uma característica distintiva da UFMG que se encontra elencada entre seus objetivos estratégicos é a determinação para expandir a interação dos três macroprocessos, de forma a aumentar o valor associado a cada um dos resul­tados. Essa característica é exemplificada no diagrama a seguir, que ilustra o processo de formação de um estudante de graduação ou de pós-graduação, que além de envol­ver o macroprocesso de ensino, requer também os macroprocessos da pesquisa e da extensão.

Relatório de Gestão 2019
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Nesse diagrama, é mostrada uma representação simplificada do esquema de formação dos egressos dos cursos de graduação e de pós-graduação que permite que todos os cursos da UFMG se encontrem entre os melhores do país. O esquema também mostra que a contribuição dos estudantes às atividades de extensão e de pesquisa, feita no próprio processo de sua for­mação, é imprescindível para que os serviços prestados à população e o conhecimento novo gerado sejam produzidos no volume hoje atingido.

Para uma adequada compreensão da peculiaridade da formação oferecida ao estudante pela UFMG, é necessário examinar em maior detalhe os blocos que representam as diferentes ativida­des.

1. Graduação

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Esse tipo de estrutura para o processo de ensino de gra­duação é peculiar à UFMG, sendo única no país. Um estu­dante de graduação, em seu trajeto curricular, necessa­riamente deve cursar o chamado núcleo específico de seu curso, que provê a formação típica da corresponden­te profissão. No caso da UFMG, os docentes se encon­tram entre os profissionais mais capacitados da respec­tiva área no país, sendo em grande parte dos casos pes­quisadores de destaque em seu campo. Isso, por si só, já provê uma formação qualitativamente diferenciada.

A grande distinção em relação às demais instituições brasileiras encontra-se nas alternativas de percursos oferecidas pela UFMG. Um estudante pode cursar, em paralelo com seu curso, disciplinas do chamado núcleo complementar, que ou são parcelas de outros cursos, ou são as chamadas formações transversais, que corres­pondem a mini-currículos abrangendo temas transver­sais a diversos cursos.

No primeiro caso, um estudante de um curso de engenharia pode, por exemplo, cursar uma cadeia de disciplinas de outro curso de engenha­ria, assim obtendo um perfil profissional de maior ver­satilidade, diferenciado em seu meio profissional. Já as formações transversais compreendem sequências de disciplinas que não fazem parte de nenhum curso espe­cificamente, abrangendo questões transversais a diver­sos cursos.

A UFMG oferece atualmente nove formações transversais, sendo a mais recente delas dedicada ao tema dos Estudos Internacionais. Os estudantes dos diversos cursos que se matriculam nessa formação irão estudar as questões geopolíticas, econômicas e culturais envolvidas nas relações entre as nações – assim se preparando para uma atuação profissio­nal destacada em um mundo no qual as relações internacionais têm comple­xidade crescente.

Outro exemplo é a formação transversal em Acessibilidade e Inclusão, disponível para estudantes de todos os cursos da área de saúde e de todos os cursos de formação de professores, abordando o atendimen­to a pessoas com deficiências – assim suprindo uma demanda premente do mercado de trabalho, que simplesmente não conta hoje com profissionais com tal tipo de formação.

Outra possibilidade disponível para o estudante de gra­duação na UFMG é cursar, durante os anos finais de seu curso, disciplinas da pós-graduação. Desta maneira, os estudantes que se destacam academicamente têm a oportunidade de já adquirir conhecimentos mais apro­fundados, em nível de pós-graduação, assim adquirin­do uma formação diferenciada.

Também devem ser mencionados: o núcleo geral, através do qual os estu­dantes de todos têm acesso a disciplinas pertencentes a qualquer curso da UFMG e que tenham por objetivo prover uma formação geral, propiciando a expansão da bagagem cultural e do repertório intelectual do egresso; e a mobilidade acadêmica, que permite ao estudante cursar parte das discipli­nas específicas de seu curso fazendo intercâmbio em outra instituição, pos­sivelmente situada em outro país – assim possibilitando tanto a experiência de imersão em outra cultura quanto a busca de competências específicas existentes na instituição parceira. Para isso, a UFMG conta com mais de 800 parcerias com universidades de todos os continentes.

Essa estrutura do ensino de graduação na UFMG, única no país, permite à instituição não apenas formar um total de egressos quantitativamente relevante para abastecer o mercado de trabalho e a sociedade em geral, mas ainda garantir que esses egressos sejam qualitativamente diferenciados, estando preparados para tratar os problemas mais complexos, e para promover e liderar as transformações que serão necessárias nas empresas, nas organizações, nos órgãos governamentais e nas demais instâncias da sociedade.

2. Pós-graduação

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Na pós-graduação stricto sensu, os ingressantes necessariamente ini­ciam os seus cursos passando por um conjunto de disciplinas que forne­cem uma visão abrangente do campo de especialização a ser seguido. Necessariamente, o estudante prossegue o curso desenvolvendo um proje­to de pesquisa cujos resultados serão comunicados na sua tese ou dissertação. O curso de pós-graduação é concluído com a defesa pública desse tra­balho perante uma banca de especialistas.

Opcionalmente, parte dos dados da pesquisa podem ser obtidos através da participação do estudante em projetos de atendimento à sociedade, e ainda é possível desenvolver tanto parte das disciplinas quanto parte do projeto de pesquisa em outra institui­ção, nos chamados estágios sanduíche.

Por sua vez, o processo de geração de conhecimento científico é ilustrado no diagrama a seguir, de forma a indicar sua conexão com os diagramas que representam os processos de formação de egressos de graduação e de pós-graduação.

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Esse diagrama mostra que os projetos de pesquisa científica requerem uma infraestrutura sofisticada, que foi construída pela UFMG ao longo de déca­das. Tais projetos, coordenados por docentes, necessitam da participação de estudantes de graduação e de pós-graduação para serem executados, além dos próprios docentes. Ao final, o conhecimento gerado pode ter aplicações imediatas, seja à atividade econômica, seja à saúde, ou outras, ou pode ser uma peça a mais ajudando a montar o quebra-cabeças do conhecimento humano sobre o mundo e a natureza.

Quer existam aplicações imediatas ou não, o efeito da execução da atividade de pesquisa na formação dos egres­sos de graduação e de pós-graduação é essencial, permitindo formar pes­soas com uma compreensão profunda sobre a natureza do conhecimento, sobre suas limitações, e sobre o processo de formulação de estratégias para a geração de conhecimento novo – essas pessoas irão liderar as transforma­ções nos diversos setores de atividades nos quais forem atuar, após conclu­írem seus cursos na universidade.

O processo de prestação de serviços à sociedade é ilustrado no próximo dia­grama, que também mostra as conexões desse processo com os anteriores.

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Esse diagrama mostra que os diversos serviços prestados pela UFMG direta­mente à população envolvem uma rede de relações que nem sempre fica visí­vel para a sociedade e os cidadãos. Esses serviços aumentam a relevância da UFMG para as cidades que abrigam seus campi e suas Unidades, o Estado de Minas Gerais e o país.

Entre os serviços cuja lógica segue esse diagra­ma, podem ser citados: o atendimento à saúde da população nos hospitais universitários e nos consultórios odontológicos, a assistência jurídica, o atendimento psicológico, o programa de musicalização infantil, o progra­ma de esporte e lazer para idosos, além de inúmeros outros programas per­manentes. Também devem ser mencionados programas emergenciais mul­tidisciplinares, tais como o atendimento e acompanhamento às vítimas dos desastres de Mariana e Brumadinho.

No caso de todos esses serviços, as atividades sempre se encontram orga­nizadas em equipes constituídas por docentes que coordenam os projetos e que orientam equipes de estudantes de graduação e de pós-graduação. A UFMG desenvolve projetos de prestação de serviços quando a sua execu­ção envolver a aplicação de conhecimento especializado complexo, não tri­vialmente disponível, sendo que o processo de execução dos projetos deve­rá, por si só, gerar constantemente novas questões, indicando lacunas do conhecimento que sejam relevantes e que devam, portanto, ser abordadas por projetos de pesquisa – assim alimentando o diagrama anterior.

Há uma geração imediata de valor para o público atendido e a sociedade como um todo. Os hospitais da UFMG, por exemplo, além de atenderem uma parcela importante dos pacientes do SUS que requerem tratamento de alta complexidade na região metropolitana da UFMG, também são a principal referência científico-tecnológica no que diz respeito ao tratamento de saúde nesta região.

Além desse valor imediato, no entanto, há outro tipo de agre­gação de valor que é tão ou mais relevante. Os estudantes tanto de gradu­ação quanto de pós-graduação, ao participarem desse processo, adquirem todo um elenco de habilidades que serão essenciais em sua futura ativida­de: capacidade de interpretação dos problemas reais, capacidade de diálo­go com o público, capacidade para o trabalho em equipes interdisciplinares, e outras. A reputação da instituição perante a sociedade, bem como a ampla aceitação dos egressos da UFMG pelo mercado de trabalho é em parte expli­cada por esse aspecto de sua formação.

Na UFMG, a vida acadêmica é uma experiência multi, inter e transdisciplinar. Na multi, várias disciplinas cooperam com um projeto, mas cada qual traba­lhando um aspecto do objeto com o seu método. Na inter, há situações em que uma disciplina nova adota métodos de uma outra. Na trans, a tentativa é a de instaurar uma metodologia unificada, perspectiva que coloca e provoca o diálogo entre distintas áreas do conhecimento. Isso quer dizer que um(a) estudante de ciências humanas pode participar de uma pesquisa nas ciên­cias da saúde ou um(a) aluno(a) de ciências exatas divide o conhecimento com estudantes das artes em um projeto de extensão. Mas a transdisciplina­ridade só poderá ser adotada e praticada com sucesso quando se tem uma base cultural sólida, o que vamos encontrar em pesquisas interdisciplinares ou multidisciplinares de sucesso.