Profissões de assistência e bem-estar são realizadas, em sua maioria, pelas mulheres

No dia 14 de abril, às 15h, a série de encontros Mulheres na Ciência - iniciativa coordenada pela Fundação de Apoio da UFMG (Fundep) em parceria com o State Innovation Center - discute a economia do cuidado em sua 11ª edição. O evento é on-line, com transmissão via YouTube (canais da Fundep e do State Innovation Center) e gratuito. As inscrições podem ser feitas pelo Sympla até no dia da conversa. 

O termo foi definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para designar as atividades econômicas desempenhadas para o bem-estar e sobrevivência das pessoas, envolvendo desde afazeres domésticos, serviços pessoais, saúde, educação à preparação de alimentos. 

A partir da construção cultural da maternidade e da responsabilidade feminina sobre o cuidado, as profissões ligadas à assistência e bem-estar são mais designadas às mulheres, que, em função da especificidade do ofício, saltaram sua participação neste mercado de trabalho de 18% para 50% em cinco décadas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE) publicados na Revista Fapesp, em 2021. E, ainda, há o contexto de que, na América Latina, o cuidado é feito pelas famílias, desempenhado pelas figuras femininas que o fazem gratuitamente.

Em março deste ano, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) propôs a elaboração da Política Nacional de Cuidados por meio de um grupo de trabalho interministerial em parceria com o Ministério das Mulheres para discutir a política e propor ações. Para contribuir com o desenvolvimento das iniciativas, participam desse grupo representantes do IBGE, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“O propósito da iniciativa é articular as políticas já existentes nas diversas esferas do governo com outras ações que ainda precisam ser criadas, de modo a assegurar o atendimento às necessidades de cuidado como um todo. O foco será, inicialmente, a população que tem dependência permanente de cuidados e, também, assegurar os direitos trabalhistas das pessoas que cuidam. Esse setor na economia brasileira é enorme e as atividades, em sua maior parte, são feitas em domicílios, de forma não remunerada ou com salários precários. No núcleo de trabalhadores do cuidado se concentram, sobretudo, as mulheres negras do país”, explica a professora Simone Wajnman, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG).

Participantes
Nesta edição do Mulheres na Ciência, a roda de conversa sobre o tema será mediada pela professora e coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Leonice Mourad. Junto com ela estarão: Simone Wajnman, professora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG; Leila Coutinho, do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) em Santa Maria (RS); Fabiana Soares, consultora de gestão de pessoas, diversidade, cultura inclusiva e liderança feminina; e, também, representantes do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica), a advogada Nathalie Rosário e a diretora Janaína Souza.

“Os estudos sobre a economia do cuidado têm sido discutidos em função da sua importância para reverter a desigualdade social e reconhecer os direitos de quem a exerce. É preciso ‘mensurar’ esse tipo de trabalho que é realizado, de forma geral, pelas mulheres, tanto na dimensão da formalidade, quanto na falta de proteção social. O período pandêmico demandou, de forma significativa, atenção especial aos idosos, crianças e familiares com doenças e comorbidades. O evento pretende ser um espaço para debater a rotina e os encargos dessas atividades que são invisibilizadas, mas que movimentam a economia”, explica a professora da UFSM Leonice Mourad.

Os encontros Mulheres na Ciência têm o apoio do Biotechtown, hub de inovação, desenvolvimento de empresas, produtos e negócios nas áreas de Biotecnologia e Ciências da Vida. 

Conheça as participantes:

Fabiana Soares | Consultora de gestão de pessoas, diversidade, cultura inclusiva e liderança feminina
É especialista em Gestão de Pessoas, com experiência como executiva de Recursos Humanos, atuando nos segmentos de construção civil, indústria, energia e serviços, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Pernambuco.  Fabiana também é consultora de estruturação de projetos e gestão de pessoas, diversidade e cultura inclusiva e liderança feminina. Entre as atividades já desenvolvidas por ela estão a vice-presidência da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Pernambuco e consultoria na Unesco para o Projeto Educação Livre (2015/2016) e da ONU Mulheres (2019/2021) para o Programa GanhaGanha. 

Janaína Souza | Diretora do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica)
É diretora do Sindicato das Empregadas e dos Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica) desde 2015. Janaína trabalhou como doméstica e foi por meio da profissão que conheceu o trabalho do sindicato. Como gestora do sindicato esteve à frente de muitas lutas pelo reconhecimento da categoria e das leis em prol dos trabalhadores do setor.

Leila Coutinho | Membro do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) em Santa Maria (RS) e da Cruz Vermelha - Rio Grande do Sul
Leila buscou a sua formação na enfermagem a cada degrau, começando como auxiliar, técnica e depois com a graduação na área. Ela também tem pós-graduação em auditoria hospitalar e em formação de docentes para a educação profissional. Em sua jornada, já trabalhou no Hospital Geral de Santa Maria (HGESM) e no atendimento de urgência e emergência, tendo participado do resgate às vítimas do incêndio da Boate Kiss. A participante também é conselheira do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (Comdim) em Santa Maria (RS) e da Cruz Vermelha no Rio Grande do Sul. 

Leonice Mourad | Professora do Departamento de Metodologia do Ensino, docente e coordenadora do Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Professora na UFSM, Leonice tem experiência em ensino, pesquisa e extensão com temáticas de Educação, Ciências Sociais, História, Direito, Geografia e Ciências Agrárias Sociais. É mestra em História da América Latina, em Geografia, em Políticas Públicas e Gestão Educacional. Doutora em História da América Latina e Geografia.

Nathalie Rosário de Alcides | Advogada do Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica)
Nathalie é bacharel em Direito e tem especialização em Direito e Processo do Trabalho. Participa do movimento sindical em prol da categoria doméstica desde 2015, quando começou a trabalhar como assistente jurídico no Sindicato das Empregadas e Trabalhadores Domésticos da Grande São Paulo (Sindoméstica). Em 2018, ela foi promovida a advogada do sindicato e, em sua atuação, realiza o apoio à área extrajudicial e judicial. É mediadora e conciliadora certificada pela Câmara de Arbitragem, Mediação, Conciliação e Estudos de São Paulo (Camcesp).

Simone Wajnman | Professora do Departamento de Demografia da UFMG e pesquisadora residente no Cedeplar-UFMG
Simone Wajnman é economista e demógrafa, professora titular aposentada do Departamento de Demografia e pesquisadora do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas (Cedeplar) da UFMG. As suas áreas de pesquisa são demografia econômica, mercado de trabalho e diferenciais de gênero, demografia da família e cuidados. Tem diversas publicações nessas áreas e já orientou inúmeras dissertações de mestrado e teses de doutorado nesses temas.