Pesquisa da UFMG resgata história da educação das pessoas com deficiência visual no Brasil
Há 170 anos, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos surgiu no Rio de Janeiro como a primeira instituição especializada na educação básica e profissional de pessoas com deficiência visual no Brasil. A organização representa um espaço de inclusão e reconhecimento das pessoas cegas como indivíduos independentes e integrantes de uma comunidade. Uma pesquisa feita como estudo de doutorado na UFMG apresenta a análise dos processos relativos à elaboração, produção e circulação de livros escolares em braille no Brasil na segunda metade do século 19, particularmente naquela instituição.
Com uma intensa circulação de livros e outros materiais pedagógicos, viabilizada por meio da relação com o instituto de cegos francês, a biblioteca da instituição brasileira foi estruturada com obras elaboradas pelos próprios alunos em sua oficina tipográfica ou pela produção manuscrita em sala, além de outras importadas da Europa, em francês ou português, originais em braille ou adaptadas de livros impressos em tinta.
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos hoje é conhecido como Instituto Benjamin Constant, um centro de referência nacional para a deficiência visual que atende crianças, adolescentes e adultos com cegueira, baixa visão, surdocegueira, baixa visão e deficiência múltipla associada a deficiência visual.
Os resultados da pesquisa foram apresentados em tese desenvolvida pelo historiador e professor Gabriel Bertozzi, no Programa de Pós-Graduação em Educação – Conhecimento e Inclusão Social da UFMG, reconhecida com menção honrosa no Prêmio Capes de Tese. Um dos pontos ressaltados é que o processo tradutório-interpretativo, que consiste em transformar um livro em tinta para um livro em braille, gera mudanças na elaboração, na quantidade e composição das páginas, no formato, nos discursos e na materialidade dos livros.
O estudo foi realizado sob orientação da professora Ana Maria de Oliveira Galvão, do Departamento de Ciências Aplicadas à Educação da Faculdade de Educação da UFMG. Além do financiamento da Capes, a pesquisa contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Saiba mais sobre a pesquisa no novo episódio do Aqui tem ciência, programa da Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa
O que é: tese de doutorado que analisa os processos relativos à elaboração, produção e circulação de livros escolares em braille no Brasil na segunda metade do século 19, particularmente no Imperial Instituto dos Meninos Cegos.
Autor: Gabriel Bertozzi de Oliveira e Sousa Leão
Programa de Pós-graduação: Educação – Conhecimento e Inclusão Social
Orientadora: Ana Maria de Oliveira Galvão
Ano de defesa: 2023
Aqui tem ciência
O episódio 188 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Júlia Rhaine, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como Spotify e Amazon Music.