Pesquisa UFMG: reduzir o desmatamento na Amazônia beneficia saúde da população
Estudo da Universidade de Bonn e UFMG demonstra que redução do desmatamento gera queda em internações e mortes por doenças respiratórias
A associação da conservação da natureza com a saúde da população não é algo incomum de se ouvir. Estudos comprovam que ecossistemas saudáveis são responsáveis por serviços ecossistêmicos que beneficiam direta ou indiretamente o bem-estar da população, como acontece com a regulação das chuvas, que caem sobre o agronegócio, pela Floresta Amazônica.
Em estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, pesquisadores da UFMG e da Universidade de Bonn, na Alemanha, testaram a hipótese de que o controle do desmatamento beneficia a saúde da população local por meio da redução das fumaças de incêndios florestais. Para isso, eles analisaram uma base de dados exclusiva em escala municipal referente aos anos de 2003 a 2017.
Os resultados revelaram que, a partir do ano de 2007, o número de incêndios e os níveis de poluição no ar associada a eles diminuíram significativamente. Políticas específicas para a Amazônia Legal, como a restrição de crédito aos desmatadores e a moratória da soja, culminaram na diminuição dos incêndios em 20%, com consequente redução da concentração de partículas de cinzas no ar.
A redução foi associada a menores taxas de hospitalização e mortalidade por doenças respiratórias. Por ano, houve cerca de 18 mil internações relacionadas ao fogo e à fumaça a menos e aproximadamente 680 mortes anuais foram evitadas em uma subamostra populacional de 4,12 milhões de pessoas.
“Esse trabalho deixa explícito que a conservação da Amazônia vai muito além de uma questão ambiental e deve ser pensada em termos de política pública com impactos em setores-chave para todas as esferas de governo, como a saúde”, explica o professor Britaldo Soares Filho, coautor do artigo.