Estatuto da mulher na antiguidade clássica é tema de mesa-redonda on-line
A série UFMG noturna recebe nesta-sexta-feira, 25, duas pesquisadoras de Portugal para mesa-redonda on-line em que será discutido o estatuto da mulher na antiguidade clássica. A sessão, via Zoom, terá inicio às 19h; as inscrições são gratuitas.
Em sua exposição, Amanticidas em Ésquilo e Antifonte, a professora Anna Silva, filósofa formada na UFMG e pesquisadora da Universidade dos Açores, tratará do contexto do assassinato de Agamêmnon por Clitemnestra para vingar a morte de Ifigênia. Ela vai analisar as relações entre a intencionalidade das ações e a livre deliberação, bem como afinidades entre a habilidade retórica da rainha esquiliana com o eloquente orador do discurso de Antifonte. A ideia é mostrar que tanto o poeta quanto o filósofo põem em questão o problema da intencionalidade dos crimes de sangue ao explicitar, por meio da capacidade discursiva e dialógica dos seus oradores, a tensão existente entre a velha práxis da vingança e os novos códigos da legislação draconiana.
Por sua vez, Ana Curado, professora do Minho (Portugal) fará a palestra Aspásia, conselheira de homens, na qual vai abordar alguns dos testemunhos mais importantes da antiguidade clássica e da antiguidade tardia que se referem à pensadora e habilidosa retórica grega – representada como figura feminina autónoma, pedagoga e influenciadora de homens –, bem como à liberdade de que gozou em relação a figuras públicas, alvo de críticas e suspeitas.
As pesquisadoras
Ana Curado é doutora em Estudos Clássicos – Literatura Grega pela Universidade de Coimbra, sob a orientação de Maria Helena da Rocha Pereira, após estudos realizados como bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian nos seminários de Claude Mossé e no Centre Louis Gernet (Paris). Leciona Estudos Clássicos na Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da Universidade do Minho (Portugal). Suas principais áreas de investigação são a oratória ática, o feminino na antiguidade, o teatro clássico e a recepção de temas clássicos na literatura portuguesa.
Anna Silva é graduada, mestre e doutora em Filosofia pela UFMG, sob orientação de Marcelo Marques, e fez estágio de doutorado na Universidade de Coimbra, com Delfim Leão. Cursou o pós-doutorado e desenvolveu o projeto Travessias da memória transatlântica no Centro de Estudos Humanísticos da Universidade dos Açores, do qual é investigadora permanente. Leciona filosofia na Escola Domingos Rebelo, no arquipélago dos Açores. Algumas de suas publicações são A epopeia da retórica e a voz do palco na obra de Antifonte de Atenas e Refuta-me ou devoro-te: A arte da contradição nas origens do direito e da retórica, ambas pela editora Letras Lavadas. No Brasil, lecionou no Departamento de Filosofia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), em Minas Gerais, onde também coordenou o Grupo de Estudos sobre Sofística e Tragédia Grega e o Sophia Cineclube.
A série UFMG noturna, com atividades mensais, atende sobretudo os estudantes do período noturno, mas é aberta a todos os interessados. Neste semestre, ela está vinculada à disciplina optativa Tópicos em Filosofia Antiga: As tragédias sobre Electra (e Medeia) – considerações filosóficas sobre filicídio e matricídio, do Departamento de Filosofia da Fafich, ministrada pela professora Maria Cecília Coelho.