300 anos de Minas: contradições políticas no berço da Inconfidência
Baixa representatividade das minorias no estado é discutida em série especial da Rádio UFMG Educativa
Na série de reportagens especiais sobre os 300 anos de fundação de Minas Gerais, a Rádio UFMG Educativa apresenta, nesta quinta, 10, e sexta, 11 de dezembro, um panorama da construção da representatividade política no Estado.
Com a participação de João Pinto Furtado e Heloísa Starling, docentes do Departamento de História, e da professora Marlise Matos, do Departamento de Ciência Política, duas reportagens resgatam o contexto político e econômico mineiro que, ainda hoje, dificulta a chegada das minorias aos postos decisórios.
Quando o ciclo do ouro começou a cair, por volta de 1750, Portugal criou formas cada vez mais rígidas de arrecadação de impostos, o que resultou no mais conhecido movimento político de Minas: a Inconfidência Mineira, que contribuiu para fomentar o desejo de que o Brasil deixasse de ser colônia portuguesa. De forma gradual e também por meio de outros movimentos e revoltas, o modelo colonial enfraqueceu-se até que, em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro proclamou a Independência do Brasil.
A proclamação da República veio em 1889. Apesar de a mineração ter inibido o desenvolvimento de outras atividades econômicas de exportação, o avanço da economia de Minas Gerais foi acelerado com a produção de café. O Estado exerceu um papel de destaque entre 1889 e 1930, na chamada República Velha, período em que a política brasileira era dominada pelas oligarquias rurais. Na política do café-com-leite, um acordo entre as oligarquias estaduais e o governo federal garantia que os presidentes da República fossem escolhidos, de forma alternada, entre políticos paulistas e mineiros.
Apesar da instituição do voto universal masculino, a elite proprietária de terras se perpetuava no poder por meio de atos de corrupção e tomava decisões em benefício próprio. Desse modo, o regime republicano acabou por reforçar a exclusão política.
Segundo a análise da professora Heloísa Starling, o conservadorismo se firmou como traço da cultura política estadual. “A Minas das oligarquias é forte durante a primeira República e não desaparece mais", afirma.
Nesta sexta-feira, dia 11, às 11h20, a Rádio UFMG Educativa (104,5 FM) veicula a segunda reportagem sobre a história da política mineira. Nela, especialistas vão analisar os motivos da baixa presença de mulheres, negros, LGBTs e outros grupos minoritários em cargos de poder no estado.