Opinião

'8 de março é, antes de tudo, dia de reflexão', defende reitora da UFMG

Em mensagem à comunidade universitária, Sandra Goulart Almeida sustenta que as mulheres ainda têm muito a conquistar

Pesquisadoras em laboratório do Cecor, na Escola de Belas-Artes: mulheres são maioria na UFMG, mas ainda estão sub-representadas em várias áreas
Pesquisadoras em laboratório do Cecor, na Escola de Belas-Artes: mulheres são maioria na UFMG, mas ainda estão sub-representadas em várias áreas Lucas Braga | UFMG

No Dia Internacional da Mulher, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida analisa a situação das mulheres e as parabeniza por sua luta em favor de um mundo mais justo e igualitário. Leia a mensagem:

“O Dia Internacional da Mulher é, antes de tudo, uma data para refletir sobre a diversidade da condição das mulheres. Por isso, não devemos falar em 'mulher', mas em 'mulheres', no plural, uma vez que sofremos várias formas de opressão e discriminação. A realidade de uma mulher branca, de classe média, por exemplo, é muito distinta da de uma mulher negra ou indígena.

O 8 de março também é dia de lutar por igualdade de oportunidades, por justiça e pelo fim da violência contra a mulher.

Também não podemos perder de vista a nossa realidade, a da UFMG, onde mais de 50% do alunado é formado por mulheres, proporção que, a exemplo do que ocorre em muitos outros setores da sociedade, não se traduz em participação em todas as áreas do conhecimento e ocupação de cargos de direção. Na Universidade, as mulheres sofrem com o chamado efeito-tesoura – à medida que avançam na carreira e alçam a pirâmide acadêmica, veem diminuídas as suas chances de participação em funções mais estratégicas na Instituição.

Sobrecarregadas pelas atividades domésticas, pelo cuidado e pela educação dos filhos e pelos afazeres profissionais, as mulheres agora são as mais afetadas pela pandemia de covid-19, cenário que compromete o trabalho de nossas pesquisadoras, às voltas com a necessidade de conciliar produção acadêmica de qualidade com os encargos do lar, atribuição que historicamente recai mais sobre elas. A formulação de políticas de igualdade de gênero torna-se, neste contexto, ainda mais imperiosas.

No entanto, a própria pandemia nos traz uma lição. Países liderados por mulheres têm, na média, se saído melhor no combate à pandemia, o que é evidência inequívoca de sua capacidade de gestão e articulação e de enfrentar e superar desafios.

Hoje também é dia de valorizar as conquistas das mulheres que resultaram da luta e do talento de tantas outras que nos antecederam. Devemos olhar para frente, honrar o legado delas e buscar novos avanços. Essa é uma luta travada cotidianamente. Parabéns às mulheres. Parabéns às mulheres da UFMG por fazerem deste mundo um lugar mais justo, igualitário e diverso."

Belo Horizonte, 8 de março de 2021
Sandra Regina Goulart Almeida
Reitora da UFMG