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Alunas da UFMG vencem prêmio 'Jovem talento em avaliação psicológica'

Promovida pela Sociedade de Avaliação Psicológica de Minas Gerais (SAPSI), premiação buscava incentivar o raciocínio clínico em tempos de inteligência artificial

Ana Carolina Cordeiro Alves e Ana Luisa Guimarães Xavier, primeira e segunda colocação
Ana Carolina Cordeiro Alves e Ana Luisa Guimarães Xavier, primeira e segunda colocadas no prêmioFoto: Arquivo pessoal

As estudantes de Psicologia da UFMG Ana Carolina Cordeiro Alves (9º período) e Ana Luisa Guimarães Xavier (8º período) foram as vencedoras (primeiro e segundo lugar, respectivamente) da primeira edição do Prêmio Jovem Talento em Avaliação Psicológica, realizado durante o 15º Encontro Mineiro em Psicologia, no início deste mês. Com o tema Impacto da inteligência artificial e da genética comportamental na prática da avaliação psicológica, o evento foi organizado pela Sociedade de Avaliação Psicológica de Minas Gerais (SAPSI), cuja gestão tem participação das professoras do Departamento de Psicologia da UFMG Larissa Assunção Rodrigues (secretária) e Carmen Flores-Mendoza (conselheira fiscal).

A avaliação psicológica, como explicam as professoras, é um processo científico e técnico que pode ser realizado apenas por psicólogos e visa compreender aspectos cognitivos, emocionais, comportamentais, sociais e de personalidade de uma pessoa. “Por meio desse processo, busca-se coletar informações que auxiliem na compreensão do indivíduo em um contexto específico, considerando sua singularidade e os fatores ambientais e históricos que influenciam sua vida. Numa avaliação psicológica, utilizam-se métodos e instrumentos como entrevistas, testes padronizados, observações, dinâmicas de grupo e análise de documentos, sempre de forma ética e fundamentada em teorias psicológicas. Geralmente, essa avaliação cumpre a finalidade de fornecer informações úteis para a tomada de decisão em diferentes contextos, seja no âmbito clínico, educacional, organizacional ou jurídico, por exemplo”.

Nesta primeira edição do prêmio, participaram dez candidatos, estudantes do sétimo ao décimo períodos de graduação em Psicologia, de várias instituições. Eles realizaram uma prova de análise de caso clínico infanto-juvenil e foram avaliados de forma anônima, por uma banca de professoras com expertise na área – a coordenadora do programa de pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Mônica Aparecida da Silva, e Karina da Silva Oliveira, da Universidade São Francisco, de São Paulo.

“A premiação destacou o bom desempenho e o compromisso dos estudantes na área de avaliação psicológica, evidenciando o pioneirismo da SAPSI-MG como uma incentivadora do desenvolvimento acadêmico e profissional de futuros psicólogos. A premiação é uma forma de incentivar e reconhecer o talento de estudantes que se destacam em raciocínio clínico, em um momento em que plataformas virtuais como o ChatGPT são cada vez mais utilizadas por alunos, de modo indiscriminado, para obter informações para a apresentação de trabalhos e mesmo para  elaborar laudos e relatórios clínicos”, observa  Carmem Flores-Mendoza, expondo um campo de preocupação da SAPSI-MG.

Raciocínio indutivo vs. Inteligência artificial
A prova foi construída de forma a demandar raciocínio indutivo dos candidatos. Eles receberam um caso clínico infanto-juvenil com diversas informações particulares, como, por exemplo, problemas escolares, sociais e familiares, e resultados brutos em testes psicológicos para que, com base nessas informações, identificassem a posição percentílica do paciente no tocante à inteligência, ao temperamento e às habilidades sociais. Também foi esperado que levantassem uma hipótese diagnóstica com base no DSM-V (classificação do transtorno psicológico/psiquiátrico).

Os candidatos tiveram duas horas para analisar e interpretar o caso, sem uso de quaisquer dispositivos de acesso à internet. Eles puderam utilizar apenas os manuais impressos dos testes (necessário para transformação da pontuação bruta em percentil) e o DSM-V, necessário para checar os critérios de diagnóstico. “Deve-se registrar que os candidatos não sabiam quais testes seriam informados no caso clínico. Portanto, eles tinham que saber como usar o manual dos testes assim como saber usar o DSM-V, manual que apresenta mais de 300 categorias diagnósticas e 992 páginas”, destaca Carmem Flores-Mendoza.

Complexo, mas divertido
A participação no concurso, segundo a primeira classificada, Ana Carolina Cordeiro, “foi uma experiência divertida, pois, apesar da complexidade da atividade, o processo fluiu de forma leve e bem produtiva, especialmente pelo apoio dos profissionais, professoras e colegas envolvidos”. A área de avaliação psicológica e neuropsicológica, segundo a estudante, tem sido seu principal foco ao longo da graduação. Ela conta que também tem aprimorado seu conhecimento na área por meio das oportunidades que surgem "fora da sala de aula", como nos estágios e  nas atividades de extensão.

“A premiação dentro do Encontro Mineiro me chamou a atenção por ser bem diferente daquilo que geralmente encontramos nos congressos nacionais. Outro ponto forte é que fomos avaliadas pelas professoras Karina e Mônica, duas profissionais que têm sido influências muito importantes na minha formação acadêmica e profissional. E esse momento foi ainda mais especial por  eu ter podido compartilhar a premiação com minha grande amiga e futura psicóloga, a Ana Xavier”, afirmou.

Para a segunda colocada, Ana Luisa Xavier, a sensação de compartilhar a premiação com a amiga foi recíprocra. “Confesso que fiquei surpresa pelo resultado, porque havia bastante gente participando, e sempre acho que eu poderia ter feito melhor. Mas dividir o momento com minha amiga Carol foi muito especial”, comemora.

Sobre o concurso, Ana Xavier considerou a prova bem elaborada, “especialmente no equilíbrio entre as informações fornecidas e as limitações naturais em um caso simulado. Em um caso real, teríamos mais detalhes sobre o paciente, mas dentro desse contexto, foi uma abordagem estratégica e bem pensada. As professoras Mônica e a Karina são duas referências para mim. Então foi uma experiência divertida e enriquecedora, que recomendo para quem se interessa pela área”, acrescentou.

A premiação, entregue no dia 6 de dezembro, na Faculdade Newton Paiva, foi composta por um certificado, um livro de Avaliação Psicológica e R$ 700 para a primeira colocação.

Teresa Sanches