Pesquisa e Inovação

Artigo sobre tratamento da neovascularização ocular é premiado

De autoria de pesquisadores da UFMG e da Funed, trabalho foi reconhecido como o mais inovador pela editora Thieme Medical Publishers

Oftalmoscopia com os vasos normais da retina e o disco óptico
Oftalmoscopia com os vasos normais da retina e o disco óptico Divulgação

A neovascularização ocular é uma patologia caracterizada pela formação de vasos sanguíneos nos tecidos dos olhos e está associada a quase todas as principais doenças oculares, como retinopatia diabética, edema macular e degeneração macular relacionada à idade. Essas doenças podem causar cegueira se não forem tratadas adequadamente.

O tema foi explorado no artigo Rosmarinic acid intravitreal implants: a new therapeutic approach for ocular neovascularization (Implantes intravítreos de ácido rosmarínico: uma nova abordagem terapêutica para neovascularização ocular), publicado no ano passado. O trabalho foi desenvolvido no âmbito do grupo Inovasense – Pesquisa e Inovação Farmacêutica, coordenado pelo professor Armando da Silva Cunha Junior, do Departamento de Produtos Farmacêuticos da Faculdade de Farmácia.

O artigo venceu o Thieme award 2021 for the most innovative planta medica original paper, da Thieme Medical Publishers, editora de medicina e ciência que, há 125 anos, publica trabalhos de profissionais de saúde e estudantes. O trabalho, que descreve uma metodologia para tratamento da neovascularização ocular, é parte da tese de Lorena Carla Vieira, egressa do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF) da UFMG.

Desde 2003, o Inovasense, que reúne pesquisadores da UFMG, da Fundação Ezequiel Dias (Funed), da Santa Casa de Belo Horizonte e da Universidade de São Paulo (USP), dedica-se à pesquisa de medicamentos oftálmicos e novas alternativas de tratamento de doenças oculares potencialmente causadoras de perda severa da visão e da cegueira.

Ação inibidora
Como explica o professor Armando Cunha, o artigo descreve a metodologia de tratamento da neovascularização ocular por meio da administração do ácido rosmarínico, derivado de plantas com atividade antiangiogênica (inibidora dos fatores de crescimento vascular). A substância reduz a formação e a proliferação de novos vasos sanguíneos. 

De acordo com Cunha, a entrega do medicamento diretamente dentro do olho prolonga a sua liberação e disponibilidade, reduz os efeitos colaterais e aumenta a adesão do paciente ao tratamento. “Nenhum sinal de toxicidade foi observado. A análise histológica atestou que o tecido ocular se manteve normal. O ácido rosmarínico reduziu em 30% a formação de novos vasos”, enumerou.

Além de Lorena Vieira e Armando Cunha, assinam o artigo os pesquisadores Brenda Moreira e Gustavo Fulgêncio, ambos da UFMG, e Carolina Paula de Souza, Oliver Araújo, Luciana Maria Silva e Sílvia Fialho, da Funed.

Grupo premiado
Outros trabalhos realizados pelo grupo se destacaram, ao longo dos últimos anos, no cenário nacional e internacional.

No primeiro semestre de 2021, Carolina Guerra, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Nanotecnologia Farmacêutica (Programa em Rede), apresentou o trabalho Nanofiber-coated intravitreal device for age-related macular degeneration treatment, na 2nd International Conference of Nanoscience and Nanobiotechnology (Iconnano), com o qual o obteve o primeiro lugar.

No ano passado, Brenda Moreira foi a primeira colocada na modalidade Artigo original pelo trabalho Melittin as a therapeutic option in uveitis, apresentado no 40º Congresso do Hospital São Geraldo.

Em 2019, Lays Dourado recebeu o Prêmio Bravo pelo trabalho Effect of near-infrared light therapy using na alternative method in association with retina degeneration by light-stress model, que levou ao Annual Meeting of the Brazilian Research Association of Vision and Ophthalmology.

Em 2018, Mayara Brandão recebeu o ABCF Young Investigator Award, pelo trabalho Toxicity of sirolimus intravetreal implants in normal rabbit eyes, apresentado no congresso da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas.

Nos últimos quatro anos, o Inovasense teve 48 artigos publicados, seis patentes depositadas no INPI e uma no Patent and Trademark Office. No âmbito da pesquisa acadêmica, quatro supervisões de pós-doutorado, seis teses de doutorado e quatro dissertações de mestrado foram concluídas sob supervisão ou orientação do professor Armando Cunha.

Matheus Espíndola