Institucional

Fafich comemora 80 anos de fundação

Série de atividades, nesta quinta, 14, lança olhar sobre o passado da unidade e estimula a reflexão sobre o futuro das humanidades

Prédio do Colégio Marconi, uma das primeiras sedes da Fafich
Prédio do Colégio Marconi, uma das primeiras sedes da Fafich Portal UFMG 90 anos

Neste ano, a Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) comemora 80 anos de fundação. Em todo esse tempo, foram milhares de professores e estudantes, e também várias sedes. Nesta quinta, 14, parte dessa longa história será relembrada em programação de mesas de debate no Auditório Sônia Viegas, a partir das 8h30.

No período da manhã, o assunto será a memória da Fafich, e, à tarde, professores e convidados vão debater o presente e o futuro das ciências humanas. Professor do Departamento de Filosofia da Fafich desde 1978 e um dos organizadores do evento, Ivan Domingues ressalta que o surgimento das universidades advém, sobretudo, das humanidades. “A Fafich evidencia esse aspecto se levarmos em consideração que ela é a predecessora das faculdades de Educação (FaE) e Letras (Fale) e dos institutos de Ciências Exatas (ICEx), Ciências Biológicas (ICB) e Geociências (IGC), criados em 1968”, lembra o docente.

Diretor pró-tempore da Fafich, o professor Bruno Reis, do Departamento de Ciência Política, afirma que o objetivo das mesas é dar voz aos sete departamentos que atualmente compõem a unidade. “Serão destacados os vieses de cada curso, cada um com sua força e autoridade, em um debate racional”, propõe.

Prédio da Fafich no Campus Pmpulha
Prédio da Fafich, inaugurado em 1990 no campus Pampulha Portal da Fafich

Placa e Kant
A celebração terá ainda um novo descerramento da placa em homenagem ao professor Arthur Versiani Velloso, um dos fundadores da Faculdade, que dá nome ao prédio da Fafich no campus Pampulha. O letreiro, que antes ficava no limite físico entre a Fafich e a Escola de Ciência da Informação, foi transferido para junto da porta da Diretoria da Fafich, no primeiro andar, como forma de dar mais visibilidade e reconhecimento ao nome do professor Velloso.

Para encerrar a programação, será realizada, às 17h15, uma solenidade junto ao busto de Immanuel Kant, no primeiro andar da unidade, seguida de breve palestra sobre o filósofo e a história do monumento em sua homenagem, ministrada pela professora Patrícia Kauark, da Filosofia. Ela contou detalhes dessa investigação à reportagem da TV UFMG:

O professor Bruno Reis adianta que a celebração desta quinta é apenas o início de um processo memorialístico. “Apesar de ter sido inaugurada em 1939, a Fafich só passou a operar em março de 1941. Com base nisso, estamos dando início, agora, a um cronograma de atividades comemorativas que vai seguir até março de 2021", afirma Reis, anunciando também um projeto que reunirá material de acervo relacionado às oito décadas de existência da Fafich. “Vamos criar um setor de memória, com coordenação docente, que funcionará como projeto de pesquisa.”

Breve cronologia
A Fafich nasceu na Rua dos Tamoios, no prédio da Casa d’Itália, em 21 de abril de 1939. No fim dos anos 1930, foi com a autorização do ministro da Educação do governo Vargas, Gustavo Capanema, que um grupo de intelectuais mineiros, em sua maioria vinculados ao Colégio Marconi, fundou a Faculdade de Filosofia (Fafi), instituição de ensino superior destinada a formar professores em Belo Horizonte. Na época, o colégio era vinculado à Casa d’Itália, instituição criada pelo governo de Benito Mussolini (1922-1943), com unidades espalhadas pelo Brasil, para atender às necessidades dos imigrantes italianos. “Por incrível que pareça, os primórdios da Fafich têm certa relação com o fascismo”, conta Vanessa Veiga, professora do Departamento de Comunicação da UFMG e ex-aluna da Faculdade.

Entre os fundadores da Fafi, estão Arthur Versiani Velloso, Braz Pellegrino, Padre Clóvis de Souza e Silva, José Lourenço de Oliveira e Lúcio José dos Santos. Nos primeiros seis anos, todos eles trabalharam sem remuneração.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, a Fafi transferiu-se para as instalações do Instituto de Educação e, posteriormente, para o Edifício Acaiaca, sua primeira sede própria. Nos primeiros anos, abrigou os cursos de Filosofia, Pedagogia, Letras, História Natural, Geografia, Matemática, Física, Química, Ciências Sociais e História. 

No início da década de 1960, a unidade mudou-se para o prédio da Rua Carangola, no bairro Santo Antônio. Ainda nos anos 60, foram implantados os cursos de Jornalismo e Psicologia e o Departamento de Ciência Política.

Com a reforma Universitária de 1968, foi adotado o nome Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Enquanto alguns cursos foram realocados para outros prédios, ficaram no âmbito da Fafich as graduações em Ciências Sociais, Comunicação Social, Filosofia, História e Psicologia. A Fafich foi foco de resistência durante o regime militar. Em 1968, o prédio da Carangola foi cercado pela polícia, mas os militares acabaram impedidos de entrar pelo então diretor, professor Pedro Parafita de Bessa. No ano seguinte, Parafita de Bessa foi destituído do cargo e aposentado compulsoriamente pelo governo militar, com base no Ato Institucional n° 5, o AI-5.

A transferência da sede para o campus Pampulha deu-se em 1990. Mais recentemente, foram incorporadas as graduações em Ciências Socioambientais, Gestão Pública e Antropologia. Hoje, a Fafich abriga também o mestrado em Antropologia e seis programas de pós-graduação, que incluem também o doutorado: Ciência Política, Comunicação Social, Filosofia, História, Psicologia e Sociologia.

Em 1990, quando a Fafich transferiu suas atividades para o campus Pampulha, o professor Geraldo Maia falou sobre as expectativas para o novo prédio, em vídeo produzido para as comemorações, em 2012, dos 50 anos do curso de Comunicação Social.



Daniel Silveira