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Audiência em Montes Claros debate processo seriado na graduação

Encontro realizado nesta segunda, dia 16, integra a série de reuniões que avalia alternativas de ingresso na UFMG

Bruno Teixeira:
Bruno Teixeira: avaliação seriada tem potencial para ampliar a articulação da UFMG com a educação básicaFoto: Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros

As discussões sobre a adoção de processo seletivo seriado para ingresso na graduação da UFMG continuam mobilizando a comunidade acadêmica. Na tarde desta segunda-feira, 16 de outubro, a Pró-reitoria de Graduação (Prograd) promoveu uma audiência pública com servidores técnico-administrativos e docentes do campus Montes Claros. “Queremos compartilhar o que tem sido feito sobre esse tema. E também ouvir o que os representantes do Instituto de Ciências Agrárias (ICA) têm a dizer sobre as possibilidades que estamos discutindo e que serão levadas à análise do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão”, explicou o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira.

Teixeira fez uma contextualização histórica das discussões na UFMG. No fim de 2019, foi criada uma comissão na UFMG para analisar os efeitos da adesão da Universidade ao Enem/Sisu. “Logo em seguida, veio a pandemia, e a comissão seguiu com os trabalhos, que foram concluídos no início de 2021. No entanto, ficou claro que um assunto dessa relevância não poderia se esgotar durante uma pandemia”, argumentou o pró-reitor.

As atividades foram retomadas em 2023, e dois grupos de trabalho já estão instituídos: um trata da elaboração de propostas de diretrizes para o processo seriado de ingresso nos cursos de graduação, e o outro se atém à avaliação do Vestibular de Habilidades.

Interação com o ensino médio
A UFMG oferece 6.740 vagas distribuídas entre 91 cursos de graduação. Até 2013, a Universidade preparava e aplicava seus próprios vestibulares – a partir de 2011, a primeira etapa foi substituída pelo Enem. Em 2014, ela aderiu ao Sisu, mantendo como exceção os cursos que demandam processos seletivos específicos, como os do campo das artes e três licenciaturas: Formação Intercultural de Educadores Indígenas (Fiei), Licenciatura em Educação no Campo (Lecampo) e Letras-Libras.

De acordo com estudos realizados na Universidade, o vestibular seriado deverá propiciar maior interação com as escolas de ensino médio. “A avaliação seriada tem grande potencial de se tornar mais uma ponte de articulação da UFMG com a educação básica. É importante que a Universidade forneça referências para as escolas de educação básica, especialmente para o ensino médio. Além disso, com um processo seletivo próprio, ela poderá contribuir com o banco de questões do próprio Enem”, afirmou Bruno Teixeira.

Maria Flores:
Maria Flores: formação crítica e cidadãFoto: Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros

A pró-reitora adjunta de Graduação, Maria Flores, apresentou as ações desenvolvidas até o momento. Segundo ela, a UFMG tem feito estudos minuciosos das experiências de 14 universidades públicas brasileiras que utilizam processos seriados. A expectativa é que em novembro já haja uma proposta sistematizada. “Quanto ao formato da avaliação, o foco deverá ser a formação geral básica – Linguagens, Matemática, Ciências Humanas e Ciências da Natureza – numa perspectiva de formação crítica e cidadã. Vale destacar, no entanto, que esse processo passará por ajustes ao longo do tempo, de acordo com as demandas que surgirem”, disse Maria Flores.

A pró-reitora ressaltou ainda que há estudos que comprovam que estudantes que ingressam na graduação por meio de processos seletivos seriados têm mais chances de permanência na universidade em comparação com os que ingressam por meio de outro processo seletivo. “Um estudante que durante três anos se dedica a organizar o ingresso na educação superior tende a fazer isso de maneira mais racional e planejada”, justificou. 

O professor Giovanni Fonseca, do ICA, avaliou como tem sido o contato com as instituições que já aplicam o processo seletivo seriado. “À medida que fomos conhecendo as experiências de outras instituições, surgiram outras questões e inquietações. Estamos na reta final dos trabalhos. É um tema relativamente complexo. Existem especificidades que precisam ser ajustadas à nossa instituição”, afirmou.

Sinal verde
As discussões para avaliação dos processos seletivos para graduação na UFMG tiveram início depois que suas diretrizes foram aprovadas pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), no dia 22 de junho. A Universidade estuda adotar o vestibular seriado, que consiste na aplicação de exames ao fim de cada uma das três séries do ensino médio. A intenção é que essa modalidade coexista com a que utiliza o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Antes da apresentação ao Cepe, o assunto foi tratado em reunião estendida da Câmara de Graduação realizada em 1º de junho, que teve participação de titulares e suplentes, coordenadores de colegiados de curso e Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs), chefes de departamento, diretores de unidades acadêmicas e gestores de diversos setores da Administração Central.

Em agosto, a UFMG recebeu dirigentes das universidades de Brasília (UnB) e Federal de Juiz de Fora (UFJF) que, há duas décadas, adotam a avaliação seriada como mecanismo de ingresso.

Se a proposta for aprovada após as discussões, a expectativa é que os exames possam ser aplicados em dezembro de 2024 para alunos do primeiro ano do ensino médio. Assim, os primeiros calouros selecionados por meio do vestibular seriado ingressariam na Universidade no primeiro período letivo de 2027. O percentual de vagas destinado a cada processo seletivo ainda será definido. Os parâmetros da Lei de Cotas serão respeitados.

Ana Cláudia Mendes | Cedecom Montes Claros