Institucional

Bônus e cotas: seminário discute avanços e desafios das ações afirmativas na graduação

Evento nesta quarta marca os 13 anos das políticas que transformaram a composição do alunado da UFMG, que hoje é mais representativa da população brasileira

Ações afirmativas têm o objetivo de ampliar a representação de grupos historicamente discriminados no ensino superior
Ações afirmativas têm o objetivo de ampliar a representação de grupos historicamente discriminados no ensino superior Foto: Foca Lisboa | UFMG

Resultados preliminares que tratam dos impactos, na UFMG, da política de bônus, implantada de 2009 a 2012, e da Lei de Cotas, em vigor desde 2013, serão apresentados durante o seminário Transformação do ensino de graduação em 13 anos de ações afirmativas: avanços e desafios, agendado para esta quarta-feira, dia 30, no auditório da Reitoria, a partir das 14h. O evento, com tradução para Libras, integra a programação da quinta edição do Novembro Negro da UFMG.

O estudo foi conduzido pelo Grupo de Trabalho (GT) Graduação Plural, instituído pela Câmara de Graduação. “A apresentação desses resultados é importante para demarcar uma reflexão no ano em que celebramos 10 anos da Lei de Cotas”, explica o pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira, que abrirá o evento juntamente com a reitora  Sandra Regina Goulart Almeida. A professora Ana Paula Karruz, do Departamento de Ciência Política da Fafich, integrante do GT, falará dos estudos realizados pelo grupo. Em seguida, será aberto o debate com os participantes e demais membros do GT.

O relatório mostra os diferentes efeitos das ações afirmativas formuladas para promover a entrada dos estudantes dos grupos-alvo (de escolas públicas, pessoas de baixa renda, com deficiência, pretos, pardos e indígenas) nos cursos mais e menos seletivos da graduação. No documento, o GT também analisa se a diferença de notas do Enem entre cotistas e não cotistas se reflete no desempenho acadêmico dos graduandos.

Outros dados apurados pelo estudo são os impactos sofridos pelos estudantes desde a sua aspiração a entrar no ensino superior, passando pelo acesso às vagas, desempenho e conclusão do curso, até a entrada no mercado de trabalho.

“Temos evidências de que a Lei de Cotas reduziu desigualdades socioeconômicas e raciais no acesso, em particular nos cursos mais concorridos e inicialmente mais desiguais. Tal achado é válido para a UFMG e para o conjunto de universidades federais. Além disso, na UFMG o desempenho de cotistas tende a ser muito parecido com o de ingressantes pela ampla concorrência”, pondera Ana Karruz.

O relatório traz ainda algumas recomendações para correção de eventuais distorções e aprimoramento das ações afirmativas na Universidade.

Grupos com histórico de exclusão
A criação do GT Graduação Plural foi motivada pela necessidade de examinar a presença na UFMG de grupos com histórico de exclusão dos sistemas formais de ensino no Brasil, como negros, indígenas, pessoas com deficiência, com baixa renda familiar per capita e oriundos de escolas públicas. Representantes desses segmentos ingressaram na Universidade por meio da política de bônus, que vigorou de 2009 a 2012, ou das cotas, adotadas desde 2013.

Além de Ana Paula Karruz, o GT reúne as professoras Ana Valéria Carneiro Dias, do Departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia, Cleida Aparecida de Oliveira, do Departamento de Morfologia do ICB, e Paula Rita Bacellar Gonzaga, do Departamento de Psicologia da Fafich, além de duas servidoras técnico-administrativas: Cármen Regina Maia, do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), e Cristina Aparecida Pimenta dos Santos Ângelo, da Pró-reitoria de Graduação.

O GT foi instituído em julho deste ano para avaliar as duas políticas, além de outras ações afirmativas destinadas à inclusão e permanência qualificada nos cursos de graduação da UFMG. 

“O objetivo é fazer um diagnóstico que possibilite avaliar os efeitos dessas ações no contexto da UFMG, pondo foco nesses estudantes e em seus percursos acadêmicos para aprimorar as políticas de ensino de maneira a democratizar o acesso e a permanência qualificada dos estudantes. Com isso, será possível tornar a UFMG cada vez mais representativa da sociedade brasileira, que a financia, e com iguais oportunidades para todos os seus estudantes. Precisamos conhecer e nos apropriar dos avanços conquistados ao longo desses 13 anos para, assim, encarar os muitos desafios que ainda nos esperam”, conclui Bruno Teixeira. 

Com Assessoria de Comunicação da Prograd