Institucional

Campanha de apadrinhamento reforça política de inclusão digital da UFMG

Conduzida pela Prae e pela Fump, iniciativa pretende instrumentalizar estudantes assistidos para o ensino remoto emergencial

Objetivo da campanha é oferecer condições de igualdade digital para a comunidade discente da UFMG
Ensino remoto emergencial exige que as condições de acesso digital sejam reforçadasLucas Braga / UFMG

A UFMG acaba de lançar a Bolsa Apadrinhamento Inclusão Digital, que convoca sua comunidade a fazer doações de equipamentos e/ou recursos financeiros para possibilitar que estudantes assistidos acompanhem as atividades acadêmicas do Ensino Remoto Emergencial (ERE) em meio à pandemia de covid-19. A previsão é de que as aulas da graduação recomecem a partir do próximo dia 3.

O auxílio, que reforça a política de inclusão digital recentemente lançada pela UFMG, será destinado aos alunos de primeira graduação – regularmente matriculados e frequentes – classificados socioeconomicamente nos níveis I, II e III (nessa ordem) em Belo Horizonte e em Montes Claros. A iniciativa é conduzida pela Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e pela Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump).

Segundo o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Tarcísio Mauro Vago, a UFMG abriu quatro chamadas para inclusão digital destinadas a estudantes de graduação e de pós-graduação para as quais serão utilizados recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) e da própria Universidade. "Essa campanha se soma aos esforços da UFMG, já que nossos recursos são limitados pelas restrições orçamentárias, e é preciso garantir a esses estudantes condições de acompanhar as atividades que serão realizadas", defende Tarcísio Vago.

“Assim como a sociedade civil e várias instituições acolheram com enorme carinho nossa campanha de apoio aos hospitais, recorremos mais uma vez à solidariedade da nossa comunidade e da sociedade”, justifica a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “Tenho a certeza de que o nosso apelo será bem recebido.”

Cenário
A UFMG tem 7.517 estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica contemplados por sua política de assistência estudantil, dos quais 2.828 estão na faixa de renda familiar per capita de até meio salário mínimo e 3.051, entre meio e um salário mínimo, segundo informa a professora Sandra Maria Gualberto Braga Bianchet, presidente da Fump. “Esse é o grupo prioritário de nossa campanha em um momento em que as fragilidades financeiras têm-se intensificado”, afirma a presidente.

“Participar dessa campanha é uma atitude cidadã em favor de uma universidade pública e diversa, realmente democrática e igualitária. O valor concedido aos alunos por meio de auxílio financeiro será de R$ 1.500, mas o doador pode escolher o valor mais confortável para a doação. O importante é a contribuição”, salienta. “Sabemos das dificuldades adicionais que esse momento trará aos estudantes assistidos e contamos uma vez mais com a sensibilidade de nossa comunidade acadêmica", reforça Sandra Bianchet.

A reitora Sandra Goulart Almeida lembra que a transformação pela qual passou o sistema federal de ensino superior no Brasil nos últimos anos guarda forte relação com a incorporação de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica na Universidade. “A partir de 2012, com a lei de Cotas [Lei 12.711 de 2012], ocorre um aumento expressivo, quantitativo e percentual, de estudantes oriundos de estratos socioeconômicos mais desfavorecidos no sistema federal de ensino superior no Brasil”, afirma a reitora. “Essa é uma grande conquista, mas, para que ela seja plena, ações e medidas concretas que assegurem condições de permanência desses alunos e alunas são absolutamente prioritárias”, defende.

Na avaliação do vice-reitor Alessandro Fernandes Moreira, a pandemia de covid-19 expôs ainda mais essa realidade. “Por isso, temos mantido, apesar de todas as dificuldades, nossa política de assistência estudantil, e agora, quando planejamos o regresso das atividades de ensino, na graduação e na pós, de forma remota e em caráter emergencial, é preciso assegurar a inclusão digital por meio do acesso a equipamentos de informática e a redes de internet para aqueles que não o têm", sustenta o vice-reitor.

Como doar
As doações podem ser de equipamentos (notebook ou computador “desktop”) ou de recursos financeiros.

No caso dos notebooks e desktops, a recomendação é que os equipamentos tenham a configuração “Core 2 Duo, 4GB, 500 HD / 120 SSD”, com tela de, no mínimo, 14 polegadas. Essas condições atendem às necessidades tecnológicas exigidas pelo ensino remoto emergencial.

A Fump receberá as doações em sua sede, localizada na Avenida Antônio Abrahão Caram, 610, bairro São José, às terças-feiras, das 9h às 12h, e às quintas-feiras, das 13h às 17h. Também serão recebidos equipamentos periféricos como teclados, mouses e caixas de som. Os doadores podem agendar a entrega pelo e-mail comunica@fump.ufmg.br.

As contribuições financeiras, por sua vez, podem ser feitas por meio de uma das contas da Fump: Banco do Brasil (agência 1615-2, conta corrente 22.942-3) ou Banco Santander (agência 4546, conta corrente 13.004008-3). O CNPJ da Fump é 17.220.583.0001-69.

A prestação de contas referente ao emprego dos recursos arrecadados será publicada no site da Fump, onde também estão disponíveis mais informações sobre a campanha. O interessado também pode escrever para comunica@fump.ufmg.br. 

As informações sobre a iniciativa também estão disponíveis em uma área exclusiva do site UFMG Coronavírus, criado e gerenciado pelo Centro de Comunicação (Cedecom).

Sandra Bianchet:
Sandra Bianchet: apadrinhamento amplia alcance da política de assistênciaRaíssa César / UFMG

Cultura do apadrinhamento

O movimento de apadrinhamento na UFMG iniciou-se em 2010, quando o professor Romeu Cardoso Guimarães, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), procurou a Fump e propôs esse tipo de ação. Desde então, a Fundação tem contado com doações de toda a comunidade universitária e externa à Universidade, especialmente de ex-alunos da UFMG, o que possibilita ampliação do alcance da política de assistência. “Ser padrinho ou madrinha de um estudante assistido pela UFMG é ter a oportunidade de contribuir com a função social da Universidade de uma forma simples e direta. Ainda que no Brasil a cultura de doação não seja algo costumeiro, há dez anos a Bolsa Apadrinhamento da Fump tem mostrado que a comunidade da UFMG vem transformando essa realidade”, destaca Sandra Bianchet. 

Ela lembra que ex-estudantes assistidos que hoje são profissionais de destaque em suas áreas de atuação reconhecem nessa ação a chance de ajudar a mudar para melhor o percurso acadêmico de um estudante socioeconomicamente vulnerável, assim como os deles próprios um dia foram transformados pela política de assistência estudantil da UFMG.

Uma das ações de destaque no âmbito da Bolsa Apadrinhamento foi a doação, de 2014 a 2017, de instrumental odontológico aos estudantes assistidos de Odontologia. “Professores do curso e dentistas doaram materiais de uso permanente, em bom estado de conservação, que foram reutilizados nas atividades acadêmicas dos estudantes assistidos”, conta a presidente da Fump.

Recentemente, já no contexto da pandemia, a Fundação também foi procurada pela Diretoria da Faculdade de Letras, preocupada em auxiliar os estudantes de graduação em Letras e Letras-Libras, que vêm passando por situação de vulnerabilidade ainda mais acentuada em decorrência do isolamento social.

Dessa abordagem, surgiu a Bolsa Apadrinhamento Letras, em que servidores docentes e técnico-administrativos e os próprios estudantes da Fale passaram a fazer doações com o objetivo de promover uma complementação financeira aos colegas.

A campanha, que mobilizou a própria comunidade da Unidade nos meses de abril e maio, arrecadou cerca de R$ 18 mil. Esse montante possibilitou que a Fump repassasse um auxílio financeiro aos 419 alunos – regularmente matriculados e frequentes – dos cursos de Letras e Letras Libras assistidos pela Fundação.

Ewerton Martins Ribeiro