Carga viral no esgoto de BH segue em patamar alto nas últimas semanas
Projeto coordenado na UFMG identifica tendências e alterações da presença do novo coronavírus nas diversas regiões
A carga viral (quantidade de cópias) do novo coronavírus detectada nas amostras de esgoto em Belo Horizonte (MG) continuou em patamar elevado nas semanas epidemiológicas 9 e 10 (de 1º a 12 de março) deste ano. De acordo com o Boletim de Acompanhamento nº 33 do projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos, divulgado na sexta-feira, 19 de março, a quantidade de cópias do vírus variou entre aproximadamente 7 e 26 trilhões de cópias por dia, respectivamente, nas semanas 9 e 10. O projeto é executado por pesquisadores da UFMG.
A carga viral observada na 10ª semana epidemiológica foi cerca de 45% superior à carga observada em julho de 2020, um dos meses mais críticos da pandemia na capital mineira no que se refere à demanda no sistema de saúde – na ocasião, foram registradas 18 trilhões de cópias.
De acordo com o Boletim nº 33, a carga viral em Belo Horizonte está em patamar semelhante ao das semanas epidemiológicas 5 e 6 de monitoramento de 2021 (de 1º a 12 de fevereiro), quando foram registradas 28 trilhões de cópias do vírus.
Levando em conta a metodologia adotada a partir do Boletim nº 29, a estimativa da população infectada passa a ser considerada por faixas mínima, média e máxima. O Boletim nº 33 estima que a população total infectada em Belo Horizonte seja respectivamente de 160, 215 e 290 mil pessoas com base nas faixas. Para efeito de comparação, o informativo anterior estimou a população infectada mínima, média e máxima nos patamares de 150, 200 e 270 mil pessoas.
Os resultados das amostras de esgotos coletadas durante todo o projeto estão acessíveis no Painel Dinâmico Monitoramento Covid Esgotos.
Dinâmica de circulação
O projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos mede a presença do novo coronavírus nas amostras coletadas em diferentes pontos do sistema de esgotamento sanitário das cidades de Belo Horizonte e Contagem, inseridos nas bacias hidrográficas dos ribeirões Arrudas e Onça.
O trabalho é fruto de parceria da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) com o INCT ETEs Sustentáveis, sediado na UFMG. Com os estudos, o grupo pretende identificar tendências e alterações na ocorrência do vírus nas diferentes regiões analisadas para entender a prevalência e a sua dinâmica de circulação.
Os pesquisadores participantes do projeto reforçam que não há evidências da transmissão do vírus através das fezes (transmissão feco-oral) e que o objetivo da pesquisa é mapear os esgotos para indicar áreas com maior incidência da doença e usar os dados obtidos como ferramenta de aviso precoce para novos surtos, por exemplo.
O projeto conta com o apoio da Copasa, empresa de saneamento de Minas, da Secretaria Estadual de Saúde e do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam).