Extensão

Cartilha produzida no ICA descreve potencial terapêutico de plantas do Norte de Minas

Publicação é resultado de estudo focado no uso de espécies como a unha d’anta no tratamento de doenças metabólicas

Mudas com potencial medicinal distribuídas em evento no campus Montes Claros
Mudas com potencial medicinal distribuídas em evento no campus Montes Claros Sérgio Santos / UFMG

O potencial farmacológico e terapêutico de plantas encontradas ao longo do Rio Pandeiros, no Norte de Minas, no tratamento de doenças metabólicas, é alvo de projeto de pesquisa e extensão desenvolvido pelo Instituto de Ciências Agrárias (ICA) e pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Parte dos trabalhos culminou na publicação da cartilha Plantas medicinais – Bacia do Rio Pandeiros, que reúne informações sobre três plantas contempladas pelo estudo: unha d’anta, sambaibinha e dedaleira. Em linguagem acessível, a publicação descreve características botânicas das plantas, alguns preparos medicinais, usos farmacológicos, tinturas e outras informações.

De acordo com o professor Sérgio Santos, que coordena a iniciativa, o trabalho propõe o incentivo à conservação da flora da região, buscando conhecer as plantas utilizadas popularmente para fins medicinais e avaliar seu potencial terapêutico. A eficácia dos extratos dos princípios ativos extraídos das plantas coletadas no estudo passou por análises em laboratório, e outros testes ainda estão sendo feitos pelos pesquisadores das duas instituições.

As plantas contempladas nas pesquisas são nativas da Bacia Hidrográfica do Rio Pandeiros – que abrange os municípios de Januária, Cônego Marinho e Bonito de Minas – e do Cerrado norte-mineiro. “Essas plantas têm seu uso popular descrito em alguns estudos em outras áreas. Mas, nas áreas que investigamos, de metabolismo e cicatrização, ainda não existem trabalhos”, relata Santos.

De acordo com o professor, o grupo planeja estimular o cultivo de mudas dessas espécies com cooperativas locais para revenda. A intenção é garantir uma alternativa de geração de renda para a população ribeirinha que seja sustentável ambientalmente, pois não implica desmatamentos e prejuízos à natureza.  “Quanto mais pesquisamos e demonstramos a importância do uso dessas plantas, mais incentivamos sua conservação. Assim, também estimulamos o uso de terapias alternativas como forma de reduzir os gastos com saúde pública. Essas terapias incluem fitoterápicos, foco do nosso estudo, homeopatias e outras, que já são reconhecidas pelo SUS para o tratamento de pacientes", exemplifica o professor.

Dia de campo
A cartilha foi distribuída para a população de Bonito de Minas, no Norte do Estado, no último dia 15, durante o evento Dia de campo: pandeiros em foco. A atividade mobilizou 20 estudantes da UFMG e da Unimontes no atendimento a cerca de 500 pessoas do município. Durante todo o dia, foram realizadas palestras, aferição de pressão e medição de glicemia. Também foram distribuídas mudas das três espécies contempladas pelo estudo.

As mudas doadas foram cultivadas no viveiro do Instituto Estadual de Florestas (IEF). O projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Amanda Lelis / Cedecom Montes Claros