Celso Pansera, da Finep, destaca UFMG como centro avançado de transposição da ciência para a sociedade
Presidente da agência vinculada ao MCTI falou na abertura do 1º Congresso de Inovação e Sustentabilidade do BH-TEC, onde conheceu as instalações do CTVacinas e do CTNano
“A impressão que temos, nesta breve visita, é a de que a UFMG, embora ainda tenha muito mais para avançar, já é hoje um dos mais avançados centros de transposição do que é desenvolvido por meio da pesquisa para a prateleira e para o mundo real. O que é produzido aqui segue do laboratório, onde é desenvolvida a pesquisa básica, para o setor produtivo. Isso é um ganho importante para o Brasil, porque essa transferência, além da questão do financiamento, é de fato um outro grande gargalo da ciência brasileira”, afirmou Celso Pansera, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A avaliação foi feita na manhã desta quinta-feira, 24 de agosto, após visita ao CTVacinas e ao CTNano, centros de tecnologia da UFMG sediados no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
Pansera esteve no BH-TEC para a abertura do 1º Congresso de inovação e sustentabilidade, realizado simultaneamente à Vitrine BH-TEC, que tem como temas a construção do futuro e a reconstrução da ciência e da tecnologia no país. O presidente da Finep é a terceira autoridade do governo federal a vir à UFMG e ao BH-TEC neste ano. Antes dele, a Universidade e o parque tecnológico receberam as ministras Luciana Santos, da Ciência, Tecnologia e Inovação, e Nísia Trindade, da Saúde. A presença das autoridades foi lembrada pelo presidente do BH-TEC, Marco Crocco, que destacou a importância de o BH-TEC ser percebido pelo atual governo, após período longo de carência de investimentos em ciência e desenvolvimento tecnológico.
Múltiplos significados
“A vinda da Finep ao BH-TEC tem significados muito importantes. É a terceira autoridade federal que recebemos neste ano. Os significados são múltiplos, não apenas para o Parque, mas também para as empresas sediadas aqui, para os centros de tecnologia da UFMG que abrigamos, que trabalham com financiamento da Finep. É fundamental ter a Finep aqui”, disse Crocco.
Em consonância com o destaque feito por Marco Crocco, Pansera afirmou que a vinda das três autoridades “não é um acaso, mas uma ação consciente do governo Lula”, que indica os novos rumos da política para ciência e tecnologia do país. “O mundo se assustou. O Brasil tem 2% da população mundial e registrou 12% das mortes causadas pela covid-19, o que mostra uma dessintonia grande”, disse ele. Segundo Pansera, o país tem um sistema produtivo complexo. “O que falta é uma política que retome os investimentos nessa cadeia produtiva”, frisou.
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida endossou a satisfação do presidente do BH-TEC em receber a terceira autoridade federal, neste ano, nas duas instituições. “Depois de anos de muita dificuldade para as nossas instituições e para a ciência, este tem sido um ano muito especial. É muito significativo o fato de recebermos, ao longo deste ano todo, as maiores autoridades no campo da saúde, da ciência e da tecnologia e da educação”, afirmou.
Retomada da ciência
Sandra Goulart também exaltou o trabalho de Marco Crocco à frente do BH-TEC, mesmo assumindo sua direção em um cenário de falta de recursos e de desvalorização da ciência e da tecnologia no país. "Ontem, em Brasília, na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal, pude falar um pouco sobre os cortes orçamentários e de outros entraves para a área no país. Infelizmente, embora o Senado tenha retirado a ciência do arcabouço fiscal, a Câmara dos Deputados não fez o mesmo. Então seguimos em defesa dessa pauta de grande importância para a ciência e tecnologia”, pontuou.
O presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), Paulo Sérgio Lacerda Beirão, afirmou que parques tecnológicos, como o BH-TEC, não são apenas locais que abrigam empresas inovadoras. "Devem ser entendidos como ambientes promotores de inovação. Eventos dessa natureza ilustram exatamente esse tipo de atividade. A Fapemig tem tido uma preocupação muito grande de, além de estimular a pesquisa básica e aplicada, ajudar a transferir esses conhecimentos gerados para a ponta, para o setor produtivo”, disse.
Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), docente com anos de atuação na educação básica, falou sobre a importância de trazer essa área inicial da educação para as discussões sobre ciência, tecnologia, pesquisa e inovação.
"Isso é fundamental para que tenhamos futuro nessa área. Nosso desenvolvimento passa pelas discussões que serão feitas aqui e em tantos outros espaços. Ontem, na Comissão, tivemos um importante debate sobre a importância dos parques tecnológicos. Ao fazermos isso na Assembleia, estamos dando um recado importante para a sociedade e para o estado de que essa é uma pauta que precisa avançar no orçamento público e na legislação, para melhorar as condições dos nossos parques tecnológicos. A minha presença aqui também é um compromisso da Assembleia Legislativa em dar continuidade a essa pauta em todos os seus aspectos”, asseverou.