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China, Cuba e Coreia do Norte: como o comunismo sobrevive no século 21

Especialista avalia o que restou da ideologia comunista com o fim da União Soviética

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Congresso do Partido Comunista Chinês
Pang Xinglei | Agência Xinhua do Governo Chinês

A Revolução Russa influenciou uma série de outras revoluções ao redor do mundo no século XX. Passados cem anos e com a União Soviética desfeita, ainda restam no mundo países identificados como comunistas - a exemplo da China, Cuba e Coreia do Norte. Cada um com seu modelo, todos têm em comum o domínio do Partido Comunista sobre a vida política e econômica.

No caso da China, o mercado local se abriu para o capitalismo, mas o controle político e econômico permanece nas mãos do Partido Comunista desde 1949. "A China entendeu que não poderia ficar isolada do ponto de vista internacional, principalmente em relação ao avanço do mercado e do capitalismo. Ela se abre economicamente para algumas atividades privadas de mercado mas, ao mesmo tempo, mantém a estrutura política orientada pelo partido", explica Onofre dos Santos, professor de relações internacionais da PUC Minas.

Em Cuba, o Partido Comunista está no poder desde 1959, quando houve uma revolução liderada por Fidel Castro e Che Guevara. Atualmente, os cubanos são governados pelo irmão de Fidel, Raúl Castro, que defende a abertura da ilha, porém, sem abandonar o socialismo. "Cuba tenta manter a estrutura política nas mãos do partido ao mesmo tempo em que abre o mercado. Mas eu duvido que ela fará esse processo no mesmo ritmo e na mesma capacidade que a China. O jogo dependerá da margem de manobra que ela conseguir na relação com os Estados Unidos. Houve um avanço durante o governo Obama, mas agora está vindo um retrocesso com Trump", analisa o professor.

Já na Coreia do Norte, o partido está no poder desde os anos 1950 e atualmente o governo Kim Jong-un vem criando episódios de tensão com os Estados Unidos. "De comunista, esse regime não tem nada. É uma oligarquia familiar. Qualquer guerra naquela região terá efeitos em toda a península coreana, no Japão e na China", diz Santos.

E o que restou da ideologia comunista no resto do mundo com o fim da União Soviética, em 1991? "Ela tem pouco apelo na atualidade. Há dificuldades de mobilizar as massas por transformações na economia capitalista e por razões ligadas à própria frustração do projeto socialista", acredita ele.

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