Pesquisa e Inovação

Clínica de urgência odontológica retoma atividades presenciais com monitoramento da covid

Cerca de 100 pessoas envolvidas no atendimento são testadas semanalmente

Coleta de material do ambiente da Clínica de Urgência por meio do swab
Coleta de material do ambiente da clínica de urgência por meio do swab Acervo do Laboratório de Patologia Molecular da Faculdade de Odontologia da UFMG

A clínica de urgência da Faculdade de Odontologia da UFMG está monitorando o cumprimento do protocolo de biossegurança contra a transmissão do vírus Sars-CoV-2 durante a retomada gradual de suas atividades presenciais no atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de cem professores, estudantes, servidores técnico-administrativos e profissionais terceirizados envolvidos no atendimento ao público estão passando por testes semanais para detecção da presença do agente causador da covid-19.  

O estudo, que também monitora o ambiente da clínica, tem o objetivo de reforçar medidas de prevenção da transmissão da doença e de adesão ao protocolo de controle da infecção cruzada na Unidade, segundo o professor Ricardo Santiago Gomez, da Odontologia, que coordena os trabalhos ao lado de Renan Pedra de Souza e Renato Santana, do Departamento de Genética, Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).  

“O consultório odontológico é um ambiente em que os pacientes não podem ficar de máscara o tempo todo, e a produção de aerossol é inevitável. Por isso, é muito importante monitorar o protocolo de biossegurança. Os resultados desse monitoramento poderão contribuir para orientar e melhorar o processo de limpeza e desinfecção dos locais de atendimento e incentivar a adesão dos usuários e profissionais”, observa Ricardo Gomez.

Trata-se, segundo o professor, de um modelo experimental. "Esperamos que ele possa ser adotado por outras unidades e até mesmo por outras instituições de ensino, no processo de retomada das atividades de aprendizagem presenciais”, acrescenta o professor.

Teste combinado
O monitoramento foi implantado há quatro semanas. Na primeira, os profissionais da clínica de urgência passaram por testes sorológicos para verificar a presença de anticorpos no organismo, que revelam contato com o vírus. Desde então, semanalmente, as equipes também realizam o teste molecular RT-qPCR  (o material é coletado pelo swab, espécie de cotonete longo que é introduzido no nariz e na faringe), para avaliar a presença ativa da infecção, que pode ocorrer mesmo em pessoas assintomáticas. O monitoramento do ambiente também é feito pelo mesmo método, com amostras das superfícies colhidas em cada semana antes do primeiro atendimento e após o último. O monitoramento vai durar dez semanas.

O material, coletado por estudantes da pós-graduação, é encaminhado ao Laboratório de Biologia Integrativa do ICB. Para redução dos custos e economia de insumos, a pesquisa emprega a técnica da testagem combinada, conhecida como pooling e recomendada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos para a vigilância epidemiológica em indivíduos assintomáticos.

Amostras coletadas são enviadas para análise no Laboratório de Biologia Integrativa do ICB
Amostras são enviadas para análise no Laboratório de Biologia IntegrativaAcervo do Laboratório de Patologia Molecular da Faculdade de Odontologia|UFMG

Segundo o professor Renan Pedra de Souza, do ICB, a testagem combinada analisa um agrupamento de amostras. Se o resultado der negativo, o que é esperado, pode-se deduzir que todo o conjunto de amostras está negativo. Em caso de resultado positivo, todas as amostras precisarão ser analisadas separadamente. 

O protocolo de biossegurança estabelecido pelo Comitê Central de Combate ao Novo Coronavírus da UFMG orienta que nenhuma pessoa exerça suas atividades presenciais caso esteja com sintomas gripais, que podem ser indicativos de infecção pelo novo coronavírus. Em dezembro, a Universidade lançou o MonitoraCovid UFMG, sistema de acompanhamento de casos da doença em seus ambientes. Ele é baseado na autoverificação de sintomas, e, caso necessário, a pessoa é encaminhada ao serviço de assistência remota TeleCovid.

A pesquisa, financiada pelo MEC, pelo CNPq e pela Fapemig, também conta com a colaboração voluntária de professores, residentes de pós-doutorado, estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica das faculdades de Odontologia e de Medicina e do ICB.

Saiba mais sobre o atendimento odontológico de urgência neste vídeo produzido pela TV UFMG.

Teresa Sanches / Com Assessoria de Comunicação do ICB