Arte e Cultura

'Coexistência é demanda da contemporaneidade', afirma diretor do Festival

Na solenidade de abertura, foi inaugurada exposição de gravuras de Clébio Maduro

Rodrigo Vivas, Mauro Rodrigues, Alessandro Moreira, Clébio Maduro e Lucia Pimentel abrem oficialmente a exposição de gravuras
Rodrigo Vivas, Mauro Rodrigues, Alessandro Moreira, Clébio Maduro e Lucia Pimentel abrem oficialmente a exposição de gravuras e oficializam início da edição comemorativa do FestivalFoto: Foca Lisboa / UFMG
Mauro Rodrigues, diretor artístico do Festival
Mauro Rodrigues: fomento à coexistência é ainda mais importante em tempos de radicalização e de não aceitação das diferençasFoto: Foca Lisboa / UFMG

O tema do 50º Festival de Inverno da UFMG, coExistência - umdoisNós, de acordo com seu diretor artístico, o professor Mauro Rodrigues, da Escola de Música, teve inspiração em uma máxima difundida pelo diretor britânico de teatro, Peter Brook. Conforme o postulado, o artista precisa ter três conexões coexistindo harmonicamente – que foram detalhadas durante a solenidade de abertura do evento, ocorrida na noite desta sexta-feira, dia 20, no auditório da Reitoria.

“A primeira delas é a conexão do artista consigo mesmo. Ela diz respeito àquilo que só ele próprio pode fazer por si. São as dificuldades e as possibilidades com que só ele mesmo lida”, disse Mauro. “A segunda refere-se ao trabalho com o grupo, que acessa uma experiência e uma impressão nascidas da interação, as quais o indivíduo, sozinho, não alcançaria. A terceira conexão, com o espaço, diz respeito à necessidade de criar e sustentar as condições para que o trabalho exista”, completou.

Para o professor, o fomento à coexistência passa por essas três conexões e tem especial relevância nos dias atuais, época em que, segundo ele, prepondera uma atmosfera de “radicalização e não aceitação das diferenças e da legitimidade do outro”. “A ‘coexistência’, demanda da contemporaneidade, não implica unanimidade. Em vez disso, sabemos que a harmonia nasce exatamente da possibilidade da relação com o que é diferente, diverso, contrário”, explicou, sobre o tema que será sobrelevado ao longo de todas as dinâmicas do Festival.

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Clébio Maduro, obra gráfica: das cidades históricas aos mais variados tipos de desastresGravura: Clébio Maduro
Lucia Gouvêa Pimentel: mostra tem importância extrema para as artes de Minas Gerais
A palavra da curadora, Lucia Pimentel: mostra tem importância extrema para as artes de Minas GeraisFoto: Foca Lisboa / UFMG
Para Rodrigo Vivas, excelência do Festival se relaciona diretamente ao empenho das equipes de organização do evento
Para Rodrigo Vivas, excelência do Festival se relaciona ao empenho das equipes de organização do evento Foto: Foca Lisboa / UFMG

Imersão
Nas palavras de Mauro Rodrigues, o Festival de Inverno da UFMG, depois que passou a ser realizado em Belo Horizonte, “perdeu um componente de imersão, porque a cidade é muito grande”. Segundo ele, em municípios como Tiradentes, Ouro Preto e Diamantina, em que o Festival ocorreu em outros momentos, “as pessoas da cidade estavam, de modo oposto, constantemente dentro do evento”.

“Buscamos resgatar aquela imersão com a criação da modalidade de residências artísticas. Elas criam a condição para que as rotinas mecânicas fiquem suspensas e haja espaço para a transformação e o aprendizado”, observou. O diretor artístico ressaltou o caráter interdisciplinar perseguido por todas as atividades. “Dança e música, por exemplo, figuram juntas e complementarmente, dialogando entre si. Esse é o conceito que permeia o Festival como um todo”, pontuou.

Espaço privilegiado
A exposição Clébio Maduro: obra gráfica foi inaugurada no saguão da Reitoria durante a solenidade. Ela reúne 97 obras que vieram sendo produzidas pelo gravador desde a década de 1980.

Na mostra, essas obras foram divididas em duas categorias: uma ilustrando diversas formas de desastres; a outra, paisagens de cidades históricas. Para a curadora da exposição, professora Lucia Gouvêa Pimentel, trata-se da oportunidade ideal de projetar, em um espaço privilegiado, o legado de um artista reconhecido internacionalmente. “Maduro tem uma rica história de formação de ilustradores, tanto na Escola de Belas Artes como durante outras edições do Festival. A mostra de gravuras, embora não seja uma modalidade muito popular, é de extrema importância para o cenário das artes em Minas Gerais”, destacou.

A exposição Clébio Maduro: obra gráfica fica aberta para visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O Festival de Inverno segue até o dia 28 de julho. A programação detalhada pode ser conferida no site do evento.

Coexistência como ideal
Durante a solenidade de abertura, o diretor de Ação Cultural da UFMG, Rodrigo Vivas, enalteceu o empenho da equipe de organização do Festival, que considerou “impecável e digno das melhores expectativas”. Já o vice-reitor da UFMG, Alessandro Moreira, salientou que a Universidade se renova anualmente com a realização do Festival de Inverno.

“As atividades culturais são tão valiosas quanto as de pesquisa, ensino e extensão. Até por isso, o tema da ‘coexistência’ nos é tão caro e ilustra os ideais da UFMG de modo muito genuíno”, afirmou o vice-reitor.

A TV UFMG produziu um vídeo sobre a abertura do evento, em que foram entrevistados a reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, e o diretor de Ação Cultural da Universidade, Rodrigo Vivas. Confira:

Matheus Espíndola