Arte e Cultura

Coleção de livros aborda formas de vivenciar a maternidade da gestação ao puerpério

Uma das autoras é a professora Maria Carolina Fenati, da Fale; obras serão lançadas na quinta-feira, dia 12

Coleção Contínua: literatura como um espaço de afirmação da maternidade na sua diversidade
Coleção Contínua: literatura como um espaço de afirmação da maternidade na sua diversidade Imagem: reprodução

Os três primeiros livros da coleção Contínua – in vitro, de Isabel Zapata, Bebê tem fascinação por lâmpadas, de Julia Raiz, e Enquanto, de Maria Carolina Fenati, professora da Faculdade de Letras da UFMG – serão lançados na Livraria Quixote, localizada na Rua Fernandes Tourinho, 274, no dia 12 de dezembro, às 18h30. A série, que retrata experiências femininas, tem mulheres como autoras e foi publicada pela editora Chão da Feira. 

As obras inaugurais da coleção têm foco nos primeiros tempos da maternidade: gestação, parto e puerpério. “São momentos em que as transformações e a experiência da solidão materna são vividas de maneira mais radical. Buscamos entender esse início não como uma espécie de dádiva, mas como uma experiência que envolve sentimentos múltiplos”, declara Cecília Rocha, uma das editoras da coleção. Além da variedade de estilos e perspectivas, os livros abarcam uma diversidade geográfica: Isabel é da Cidade do México, Julia é de Curitiba, e Maria Carolina, de Belo Horizonte.

Maternidade na sua diversidade
Para as editoras, os diferentes modos de viver a maternidade podem estimular outras mulheres a relatar suas próprias vivências e refletir sobre suas escolhas e circunstâncias de vida. “É evidente um esforço recente para que a maternidade deixe de ser definida como uma espécie de destino natural da mulher, na qual ela experimenta unicamente o amor incondicional e uma entrega total e sem conflitos”, explica Maria Carolina, também editora. A proposta da coleção é colaborar para que a literatura seja um espaço de afirmação da maternidade na sua diversidade, reescrevendo e fazendo variar os seus significados.

Fernanda Regaldo, terceira editora do projeto, destaca que “muitas mulheres têm dado o seu testemunho, e é viva a luta pelo direito das mães e mulheres de ser escutadas. Queremos inserir a maternidade no debate público, pois ela é tema coletivo e atravessa o pensamento sobre a educação, a política, a medicina, o cuidado comum etc. Precisamos imaginar as mulheres e as crianças para além dos estereótipos, escutá-las com mais atenção”.

Luísa Rabello, que assina o projeto gráfico dos livros, idealizou-o de maneira a dar coerência e identidade à coleção e fortalecer as características próprias de cada título. A coleção traz livros feitos com cuidado, em formato compacto e confortável, que cabem na bolsa e podem ser lidos em qualquer lugar. Também serão lançadas versões em áudio de trechos dos livros, como medida de acessibilidade e democratização do acesso. Parte dos livros será distribuído gratuitamente em centros culturais e espaços de acolhimento e cuidado de mulheres. 

Fernanda Regaldo, Maria Carolina Fenati e Cecília Rocha são editoras da Coleção Contínua
Fernanda Regaldo, Maria Carolina Fenati e Cecília Rocha são editoras da Coleção Contínua Foto: divulgação

Fertilidade, nascimento e cuidado
Em In vitro, Isabel reflete sobre sua experiência com fertilidade, gravidez e maternidade, entrelaçando relatos pessoais, memórias e textos literários. A autora aborda o impacto emocional da medicina reprodutiva, a escolha de embriões e os desafios da gestação. O livro pensa os modos como uma mulher se relaciona com a maternidade e a tecnologia médica. 

Por sua vez, Julia, em Bebê tem fascinação por lâmpadas, faz um ensaio ficcional em que explora o nascimento e os primeiros cuidados de um bebê durante a pandemia, falando do seu corpo, suas secreções e seus delírios. Enquanto, de Maria Carolina, narra como a mulher, ao se tornar mãe, transforma sua relação com as palavras e a comunicação com seus filhos. A autora reflete sobre a criação de uma língua própria, imprecisa e silente, compartilhada com outras mulheres e suas experiências, por meio de memórias e afetos. 

Os livros podem ser adquiridos na pré-venda por meio do site da editora. Atualmente na promoção, cada um custa R$ 35. A coleção sai por R$ 100.

Trajetórias
Isabel Zapata nasceu na Cidade do México, em 1984. É escritora, tradutora e editora, cofundadora das Edições Antílope. Seu livro mais recente é In vitro (Almadía, 2021). É autora de Ventanas adentro (Ediciones Urdimbre, 2002); Las noches son así (Broken English, 2018); Alberca vacía (Argonáutica/UANL, 2019) e Una ballena es un país (Almadía, 2019). 

Julia Raiz é trabalhadora da escrita, tradutora e agitadora cultural. Doutora em Estudos Literários, ela oferece oficinas de escrita há quase dez anos. Desde 2017, faz parte do coletivo literário Membrana. Atualmente, é coordenadora do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB) de Curitiba. 

Maria Carolina Fenati é editora, pesquisadora e professora da Faculdade de Letras da UFMG. Editora da Chão da Feira, ela organiza a coleção Caderno de Leituras, a revista Gratuita e a publicação de livros junto a outras três mulheres que compõem a editora.

Livro: Bebê tem fascinação por lâmpadas
Autora: Julia Raiz
Editora Chão da Feira
100 páginas | R$ 40

Livro: In vitro
Autora: Isabel Zapata
Editora Chão da Feira
160 páginas | R$ 40

Livro: Enquanto
Autora: Maria Carolina Fenati
Editora Chão da Feira
60 páginas | R$ 40