Extensão

Com enfoque multidimensional, escola de verão tem início no campus Pampulha

Na cerimônia de abertura, dirigentes da UFMG falaram sobre a centralidade da educação em Direitos Humanos nas atividades da Universidade; evento prossegue até sexta-feira

A quarta edição da Escola de Verão – Educação em Direitos Humanos foi aberta em cerimônia na manhã desta segunda-feira (5), no Centro de Atividades Didáticas 2. 

Até o fim da semana, a programação incluirá aulas ministradas por docentes das universidades públicas vinculadas à Cátedra Aberta de Direitos Humanos da Associação de Universidades do Grupo de Montevidéu (AUGM), instituição parceira da UFMG na organização do curso.

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Cláudia Mayorga: "aprofundar os estudos e conhecer as ferramentas"Foto: Foca Lisboa | UFMG

A pró-reitora de Extensão da UFMG, Cláudia Mayorga, discorreu sobre os principais objetivos da Escola de Verão, que, segundo ela, são promover a formação em direitos humanos (DH) com enfoque multidimensional – envolvendo aspectos históricos, políticos, sociais, educacionais e jurídicos –, estabelecer um espaço de reflexão e análise dos valores e direitos que caracterizam a dignidade humana, a democracia e uma sociedade livre e solidária e estimular práticas sociais, educacionais e profissionais. 

“Além de discutir teorias, conceitos e perspectivas, é importante pensar também em práticas. Vocês, aqui, já se sentem convocados e mobilizados pelos direitos humanos. Mas é importante frisar que DH não é só uma opinião, não é só uma boa vontade. Para atuar nesse campo, a gente precisa se instrumentalizar, aprofundar os estudos, conhecer as ferramentas”, completou.

Alessandro Fernandes:
Alessandro Moreira: "aproximar, ouvir, comunicar e cuidar"Foto: Foca Lisboa | UFMG

O vice-reitor Alessandro Moreira enfatizou a relação existente entre direitos humanos e políticas de saúde mental, já que as violações dos direitos acarretam danos psicológicos. “Acredito que quatro movimentos são fundamentais para manter o caráter acolhedor da Universidade. O primeiro deles é aproximar-se – das pessoas em vulnerabilidade. O segundo é estar aberto – para ouvir e entender as fragilidades. O terceiro é comunicar – transmitir palavras de carinho. Por fim, cuidar – combater os preconceitos”, enumerou o dirigente.

A diretora da Universidade dos Direitos Humanos (UDH), instância vinculada à Proex, Maria Guiomar Frota, manifestou sua satisfação ao constatar que, entre os participantes da Escola de Verão, há aqueles que ainda nem ingressaram na Universidade, outros da graduação, da pós-graduação, professores da UFMG e de outras instituições. “Isso é fundamental, e é um desafio falar sobre direitos humanos para uma plateia tão diversa”, declarou. 

A diretora-adjunta de Relações Internacionais da UFMG, Bárbara Orfanò, destacou que a educação em DH é um tema caro à UFMG e atravessa todas as ações da Universidade. "A UFMG não se furta ao debate e traz à tona os temas da saúde mental, corrupção, violência institucional e direitos sexuais e reprodutivos. Essas discussões proporcionam uma compreensão mais profunda dos princípios que regem as relações sociais e políticas, promovendo respeito à diversidade, igualdade de oportunidades e exercício pleno da cidadania", disse.

Maria Guiomar Frota:
Maria Guiomar Frota: "critérios de exclusão e inclusão"Foto: Foca Lisboa | UFMG


Direitos Humanos para quem?

Maria Guiomar Frota ministrou a aula inaugural, que tratou dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que passou a servir de referência para a Organização das Nações Unidas em 1948.

Como explicou a docente, o final do século 20 foi marcado por movimentos contrários e críticos à perspectiva universalista dos direitos humanos. “No Brasil, o desenvolvimento histórico dos direitos de cidadania suscita diferentes interpretações, que têm um ponto em comum: a ideia de que, paralelamente à afirmação dos direitos civis, políticos e sociais, foram sendo estabelecidos critérios de exclusão e inclusão de indivíduos como cidadãos, em termos de titularidade e usufrutos de direitos”, provocou.

A AUGM reúne 41 universidades do Brasil, da Argentina, do Uruguai, do Paraguai, da Bolívia e do Chile. A Escola de Verão está as iniciativas da entidade destinadas a fortalecer a pauta dos direitos humanos no continente e incrementar a integração e a cooperação entre os países da região.

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Bárbara Orfanò, Alessandro Fernandes, Cláudia Mayorga e Maria Guiomar FrotaFoto: Foca Lisboa | UFMG

Programação
Ainda na tarde desta segunda-feira, a professora Luana Renostro Heinen, da UFSC, vai ministrar a aula Direitos Humanos e Gênero: neoconservadorismo, direitos sexuais e reprodutivos, prevenção ao assédio moral e sexual.

As aulas seguem até sexta, período ao longo do qual serão discutidos temas como saúde mental, corrupção, situação das pessoas trans e travestis, violência institucional, comunicação e outros.

 “Temos vivido um conjunto significativo de violações e de violências aos direitos humanos. Portanto, dialogar sobre direitos humanos num espaço educativo formal, também com pessoas que compõem a comunidade universitária e a comunidade externa, é tarefa urgente”, destaca o professor da Furg Renato Duro Dias, que, na terça, vai ministrar a aula Direitos humanos e sexuais e as ações afirmativas para pessoas trans e travestis.

A Escola de Verão – Educação em Direitos Humanos é totalmente presencial. Serão emitidos certificados aos cursistas que participarem de ao menos 75% das atividades. Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail udh@proex.ufmg.br, no perfil da Proex no Instagram ou pelo telefone (31) 3409-4065

Matheus Espíndola