Saúde

Com suporte do Nupad, Minas vai dobrar número de doenças rastreadas pelo teste do pezinho

Ampliação do Programa de Triagem Neonatal foi anunciada nesta terça-feira, 28, na Faculdade de Medicina

A reitora Sandra Goulart e o secretário Fábio
A reitora Sandra Goulart e o secretário Fábio Baccheretti: 'UFMG tem os pés fincados em Minas Gerais'Faculdade de Medicina da UFMG

A partir de 25 de janeiro, o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG começará a rastrear mais seis doenças pelo Programa de Triagem Neonatal de Minas Gerais (PTN-MG). Todos os recém-nascidos que realizarem o chamado teste do pezinho serão triados para toxoplasmose congênita e mais cinco doenças relacionadas com defeitos da betaoxidação dos ácidos graxos, além das seis já monitoradas atualmente – hipotireoidismo congênito, fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase.

O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada na Faculdade de Medicina nesta terça-feira, 28 de dezembro. Participaram do encontro a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, o secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, e os diretores Humberto José Alves, da Faculdade de Medicina, e José Nélio Januário, do Nupad.

A ampliação se dá a partir da deliberação da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) de Minas Gerais e será custeada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG). Minas Gerais será a segunda unidade da federação a começar a expansão do teste do pezinho. A primeira foi o Distrito Federal. 

Nesta etapa serão incluídas algumas das doenças previstas em lei. Somam-se ao PTN-MG a toxoplasmose congênita e os seguintes defeitos da betaoxidação dos ácidos graxos : Deficiência de acil-CoA de cadeia média (MCADD), Deficiência de acil-CoA de cadeia muito longa (VLCADD), Deficiência de 3-OH-acilCoA de cadeia longa (LCHADD), Deficiência da proteína trifuncional e Deficiência primária de carnitina.

Durante o evento, Sandra Goulart destacou o esforço realizado pela UFMG no campo da extensão. “Essa é uma das nossas principais atividades de extensão. É por meio do Nupad que a UFMG finca o pé em todos os 853 municípios de Minas Gerais, fato que nos orgulha”, afirmou.

O secretário Fábio Baccheretti elogiou o papel do Nupad no enfrentamento da covid-19 e ressaltou a coragem do estado em realizar a expansão de forma pioneira. “O Nupad fez toda a diferença no início da pandemia, entregando resultados de exames RT-PCR em menos de 24 horas. Hoje é um dia simbólico pelo pioneirismo de Minas Gerais na ampliação do PTN", afirmou.

O diretor da Faculdade de Medicina, Humberto José Alves, destacou a amplitude do trabalho executado na Unidade. “Abrimos as nossas portas para realizar o que fazemos de melhor, que é o ensino, a pesquisa e a extensão, tanto no combate a pandemias – como as de gripe espanhola e de covid-19 – quanto na triagem neonatal”, enfatizou.

O impacto na saúde pública foi abordado pelo diretor do Nupad, José Nélio Januário. “Nossa área de trabalho é a saúde pública. Hoje, nós temos meios de diagnosticar, tratar e recuperar pessoas que nascem com alguns distúrbios considerados raros do ponto de vista epidemiológico”, lembrou.

José Nélio Januário, Fábio, Sandra Goulart e Humberto José Alves em visita às instalações do Nupad:
José Nélio Januário, Fábio Baccheretti, Sandra Goulart e Humberto José Alves em visita às instalações do Nupad, centro de referência do Plano de Triagem Neonatal de Minas GeraisFaculdade de Medicina da UFMG

Expansão em cinco etapas

Em 26 de maio deste ano, foi sancionada e publicada a Lei 14.154/21, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para ampliar o número de doenças rastreadas pelo teste feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Com a expansão, dezenas de doenças serão inseridas no programa. A inclusão se dará em cinco etapas: 

Etapa 1: toxoplasmose congênita (além das seis atualmente diagnosticadas)
Etapa 2: galactosemias, aminoacidopatias, distúrbios do ciclo da ureia e distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos
Etapa 3: doenças lisossômicas
Etapa 4: imunodeficiências primárias
Etapa 5: atrofia muscular espinhal.

A Secretaria Estadual de Educação é a instância responsável pela gestão do Programa de Triagem Neonatal em Minas Gerais, e o Nupad é o serviço de referência na sua execução. A ampliação ocorre após deliberação da CIB, que prevê a inclusão de 27 outras enfermidades no painel de rastreamento, totalizando 33 doenças. Neste primeiro momento, serão incluídas seis doenças cuja triagem será custeada pelo Governo de Minas. Serão aportados R$ 13 milhões por ano, e a expectativa é que 253 crianças sejam diagnosticadas precocemente no período (234 com toxoplasmose congênita e 19 com defeitos da betaoxidação). As demais 21 doenças serão contempladas de acordo com o cronograma de implantação da Lei 14.154.

A expansão começa por esse grupo de doenças devido à maior incidência e à viabilidade do tratamento pelo SUS. A expectativa é melhorar a qualidade de vida dos recém-nascidos com doenças raras. “O teste ampliado é um ganho importante para a população, pois ajuda a evitar sequelas e mortes em crianças por doenças de difícil reconhecimento no período neonatal”, afirma José Nélio Januário. 

Antes da legislação nacional, Minas Gerais já havia aprovado a lei 23.554, que garante a expansão e a entrega do resultado também por meio digital. O Nupad disponibiliza os resultados para os pais de crianças triadas e para os profissionais de saúde dos municípios em sua página. Os dados de acesso (usuário e senha) estão disponíveis no envelope entregue às famílias pela Unidade Básica de Saúde. Veja como acessar.

Vítor Maia | Centro de Comunicação da Faculdade de Medicina da UFMG