No Brasil, nenhum órgão público financia mais bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado do que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação ligada ao Ministério da Educação. Porém, em 2019 o governo federal bloqueou quase nove mil bolsas de pós-graduação. E o cenário para 2020 é ainda mais preocupante, com a previsão de queda no orçamento da agência. Esses cortes e suas consequências para a ciência e para a sociedade brasileiras são o assunto do oitavo episódio do programa Outra estação.

Foram entrevistados o presidente do Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, Márcio de Castro, e a presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos, Flávia Calé. O programa também conta as histórias de três pesquisadoras. Uma delas, estudante de doutorado, teve cancelada a bolsa que receberia da Capes. Ela revela as dificuldades pelas quais tem passado.

Que cortes são esses?

O primeiro bloco do programa recorre a dados do governo federal para detalhar os bloqueios de bolsas ocorridos em 2019 e o cenário projetado para 2020. A professora Mônica Cristina de Oliveira, da Faculdade de Farmácia da UFMG, e pesquisadora de competência reconhecida na área de farmacotécnica, fala da importância de ter sido bolsista da Capes durante o doutorado.

Com a bolsa, sem a bolsa

A concessão de bolsas de pós-graduação é importante especialmente para estudantes vindos de famílias de baixa renda, como as duas jovens cujas histórias são narradas no segundo bloco do programa. Juliana Gonçalves depende do apoio financeiro da Capes para seguir em seu doutorado e contribuir com a renda familiar. Depois dos cortes de orçamento anunciados pelo governo Bolsonaro em setembro, a bolsa que a pesquisadora Hellen Cavalcanti receberia da Capes foi cancelada. Outra Estação mostra as dificuldades da jovem para fazer sua pesquisa avançar, apesar do aperto financeiro.

Para saber mais sobre o tema:

Página da Capes em que são detalhados os valores e as modalidades das bolsas concedidas pela fundação.

Relatório da OCDE que mostra que os índices de pessoas com pós-graduação no Brasil são bem inferiores às taxas dos países mais desenvolvidos

Produção:

O Outra estação de 3 de outubro teve apresentação de Luiza Glória e Luana Lima, produção e edição de Tiago de Holanda, coordenação de jornalismo de Paula Alkmim e trabalhos técnicos de Breno Rodrigues. Outra estação explora, semanalmente, um tema de interesse da sociedade, buscando dados e conversando com pessoas que possam trazer contribuições sobre o assunto. 

Na Rádio UFMG Educativa (frequência 104,5 FM), o programa vai ao ar às quintas, às 18h, com reprise na sexta, às 7h30. O Outra estação também está disponível nos aplicativos de podcast.