Institucional

Criado na UFMG comitê em defesa da universidade

Fórum de mobilização terá agenda de trabalho definida pelas entidades participantes

Docentes e estudantes participaram do lançamento do Comitê, no auditório da Reitoria
Docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes participaram do lançamento do Comitê, no auditório da Reitoria Júlia Duarte / UFMG

“As dores que nos restam são as liberdades que nos faltam”. A frase, símbolo das lutas do movimento estudantil na Universidade de Córdoba (Argentina) em 1918, foi citada na tarde desta quarta-feira, 5, pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, na cerimônia de instalação do Comitê UFMG em Defesa da Universidade Pública, Gratuita e Democrática.

Ao lembrar que as demandas daquela época eram muito similares ao que se discute e defende atualmente, a reitora disse que o evento na UFMG tem conexão com outros atos, realizados em diversas instituições do país para marcar os dias 4 e 5 de dezembro como os dias de luta das universidades públicas.

“Esse é um momento especial não apenas para a UFMG, mas para todas as universidades que estão reunidas com esse mesmo propósito”, disse. As mobilizações atenderam a sugestões das entidades nacionais que representam gestores, docentes, servidores técnicos em educação e alunos.

Apesar da “tristeza de constatar que as lutas de Córdoba permanecem, não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina”, Sandra Goulart Almeida destacou que é importante acreditar na universidade pública. “Cabe a nós prosseguir na tarefa que a UFMG nos apresenta, a buscar caminhos para sua expressão como patrimônio do seu povo. Poucos países têm esse patrimônio tão consolidado como o Brasil”, enfatizou.

Entidades
O Comitê reúne o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh), o Sindicato dos Trabalhadores nas Instituições Federais de Ensino (Sindifes) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE).

A presidente da Apubh, professora Stella Goulart, falou sobre os desafios diários que as instituições federais de ensino têm enfrentado e as ameaças que pairam sobre seus trabalhadores. Afirmou que o Comitê é uma frente de resistência, de luta e de construção, “nutrido da potência que a UFMG representa e que é fruto do nosso trabalho – nosso e dos que nos deixaram esse legado”.

Stella Goulart informou que o Comitê UFMG em Defesa da Universidade Pública, Gratuita e Democrática vai integrar a Frente Mineira em Defesa da Educação e da Democracia, que será lançada na noite da próxima segunda-feira, 10, na Faculdade de Direito.

Em nome do Sindifes, a jornalista Neide Dantas destacou que os servidores técnicos e administrativos têm um histórico de lutas não só por carreira e por recursos para a educação pública. “Construímos a identidade de trabalhadores, que não nos pode ser roubada”, disse, em referência à “retirada de direitos da classe trabalhadora”. Para a dirigente, a criação do Comitê é uma demonstração do protagonismo que a Universidade tem recuperado.

Pelo DCE, Gabriel Lopo questionou sobre o destino dos recursos que ora são retirados dos serviços públicos e apontou desafios que precisam ser enfrentados pelos que defendem melhor qualidade de vida para a população brasileira.

Bem público

Sandra Goulart Almeida: universidades públicas são patrimônio do país
Sandra Goulart Almeida: universidades públicas são patrimônio do país Júlia Duarte / UFMG

A reitora Sandra Goulart Almeida relatou sua participação, nesta semana, em reunião de trabalho na Universidade de Córdoba, para consolidar o plano de ação da Conferência Regional de Educação Superior para a América Latina e Caribe (Cres 2018), que será posto em prática nos próximos 10 anos.

As Conferências Regionais foram convocadas pelo Instituto Internacional de Educação Superior da Unesco na América Latina e no Caribe (Iesalc) para serem realizadas com frequência aproximada de dez anos. A primeira aconteceu em Havana (Cuba), em 1996. A segunda, em Cartagena das Índias (Colômbia), em 2008, e a terceira em Córdoba, em junho deste ano, por ocasião do centenário da Reforma Universitária de 1918.

“Ontem, em Córdoba, reiteramos nossa crença inabalável no papel da educação superior como instrumento para combater as desigualdades, a injustiça social, a violência física e simbólica”, disse.

Segundo ela, os documentos elaborados no encontro reforçam o espírito da Reforma de 1918 e reiteram o entendimento das outras conferências: educação superior é bem público e social, direito de todos e dever do Estado; é preciso combater a mercantilização da educação superior; o caráter público do ensino superior se traduz no compromisso do Estado – financiamento, manutenção e ampliação –, na gratuidade do ensino, na inclusão e nas políticas de permanência sem as quais não se pode falar de educação como instrumento de justiça social.

A reitora da UFMG representou, no evento desta semana, na Argentina, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

A TV UFMG também acompanhou a cerimônia de instalação do comitê. Assista à reportagem: