Arte e Cultura

Culturas de resistência inspiram exposição no saguão da Reitoria

Mostra explora relação entre estética e política cultivada nas culturas indígenas, afro-brasileiras, dos sertões e do Vale do Jequitinhonha

Folia de Reis do Bananal, em Curvelo, município de Minas Gerais
Folia de Reis do Bananal, em Curvelo, Minas Gerais Foto: Ronaldo Alves

Neste domingo, 4 de junho, será inaugurada, às 10h, no saguão da Reitoria, a exposição Culturas de resistência – Substratos transformadores. Com base na noção de resistência cultural, a mostra reúne desenhos, pinturas, gravuras, manuscritos, registros audiovisuais, fotolitos, instalações, objetos artesanais, sites interativos, podcasts, fotografias e publicações dos acervos da universidade.

Gratuita e com classificação livre, a exposição é constituída de cinco núcleos temáticos: Módulo institucional; Tenacidade – O sertão das gerais; Resistência – O Vale do Jequitinhonha; Consciência – Raízes africanas; Diversidade – luta e utopia dos povos originários.

A mostra tem curadoria de Fabrício Fernandino e curadoria adjunta de Mateus Souza, e poderá ser visitada até 27 de novembro.

Cerâmica policromada criada pelo escultor Ulisses Pereira, de Icaraí
Cerâmica policromada do escultor Ulisses Pereira, de Icaraí Foto: acervo do polo de integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha

Um Brasil possível
Segundo Fabrício Fernandino, a mostra se propõe a apresentar importantes manifestações culturais que fazem parte da formação de uma identidade representativa de distintos segmentos da nossa sociedade

“Foram elencados quatro substratos sociais expressivos [leia abaixo] que, sobreviventes e insurgentes, vêm contribuindo de forma quase velada para a consolidação de uma tradição cultural e política peculiar em nosso país”.

Mateus Souza destaca que, por meio desses módulos, unidos pela ideia de resistência ao neocolonialismo, foi possível "perceber a importância de mostrar as coleções que, no volumoso e diversificado acervo da UFMG, são potentes representantes dos diversos povos e culturas, historicamente resistentes às agressões e tentativas de invisibilização”.

Para o pró-reitor de Cultura, Fernando Mencarelli, a exposição desvela a estreita relação entre estética e política cultivada nas culturas indígenas e afro-brasileiras e nas sabedorias dos sertões e do Vale do Jequitinhonha. "É preciso reafirmar os brasis profundos e os brasis futuros que praticam e compartilham outras economias, outras políticas, outras sociabilidades, outras poéticas, que se traduzem em outras estéticas e são parte de uma necessária reconstrução do país baseada em novos valores e pactos”.

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Pinturas indígenas que compõem o módulo dedicado aos povos origináriosFotos: Acervo UFMG

Quatro núcleos de resistência

Tenacidade – O sertão das gerais
Idealizada durante a pandemia, a exposição Sertão Mundo mostra um pouco do sertão situado no coração de Guimarães Rosa. Foi a primeira mostra totalmente virtual do Espaço do Conhecimento UFMG, que agora ganha materialidade. A curadoria é da professora Sibelle Cornélio Diniz.

Resistência – O Vale do Jequitinhonha
Com curadoria de Maria das Dores Pimentel Nogueira (Marizinha), esse núcleo temático se propõe a mostrar um pouco da arte universal do Vale do Jequitinhonha, com a presença de mestres de ofício e representantes da nova geração de artesãos, herdeiros dos saberes tradicionais desse território. 

Consciência – Raízes africanas
Com curadoria da professora Sônia Queiroz, este módulo resgata formas, cosmovisões, cores e sons ancestrais, nas atuações do artista plástico Jorge dos Anjos, dos poetas Adão Ventura, Ricardo Aleixo e Leda Martins e do artista sonoro Marco Scarassatti. As produções da Editora UFMG e do Laboratório de Edição da Faculdade de Letras no campo dos estudos sobre as culturas africanas e afro-brasileiras também compõem esse núcleo temático.

Diversidade – luta e utopia dos povos originários
Por meio de uma instalação artística, esse módulo apresenta a presença da diversidade no Acervo Indígena da UFMG, cujo arcabouço é constituído por um conjunto de documentos e obras produzidas prioritariamente por autores e editores indígenas do Brasil e da América Latina. A curadoria é do professor Guilherme Trielli.

Parte da diversidade do artesanato da região, como cerâmica, fiação, tecelagem, madeira, bordado, trançado, pintura e outras artes compõem as obras em exposição nesse módulo.

Setor de Comunicação do Centro Cultural UFMG