Institucional

Diversidade de saberes e brincadeiras marca mais uma edição do Domingo no Campus

Dirigentes da UFMG celebram o sucesso do evento que abre as portas do campus para os moradores da cidade e região

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Álvaro Freitas: trazer escolas da cidade para conhecer os segredos da Estação EcológicaFoto: Matheus Espíndola | UFMG

O campus Pampulha da UFMG sediou ontem, dia 8 de junho, a 25ª edição do Domingo no Campus. Entre oficinas, jogos, exposições e experimentos, o público pôde explorar diferentes formas de conhecimento – além de se divertir com brincadeiras e atividades interativas e culturais. A oficina promovida pelo Proeco, da Estação Ecológica, foi uma das atividades mais movimentadas. O graduando Álvaro Freitas, do curso de Ciências Sociais, explicou que a proposta é “trazer escolas de fora da UFMG para visitar a Estação”. Na ocasião, três oficinas foram ministradas: sobre o bicho-pau, sobre a brigada contra o fogo e de confecção de cartões ecológicos.

A ciência figurou de forma lúdica também na tenda da Liga Acadêmica de Microbiologia. “Estamos falando sobre micro-organismos, fungos, bactérias e vírus de um jeito ilustrativo, porque não dá para vê-los a olho nu”, explicou Ana Clara Vasconcelos, estudante de Biologia. O estande incluía jogos e representações gráficas que evidenciavam a importância desses seres invisíveis. “As pessoas geralmente associam os micro-organismos somente a doenças, mas muitos deles fazem bem para a gente e para o meio ambiente, como os da microbiota, ou os que ajudam as plantas a crescer”, exemplificou.

O programa Enactus, de estímulo ao empreendedorismo social, também esteve representado no Domingo no Campus. Luiz Eduardo dos Santos e Jaine Costa, estudantes de Psicologia, falaram sobre o projeto Ludus, voltado para o ensino de matemática por meio de jogos. “A gente desenvolve brincadeiras que tornam o aprendizado mais divertido. Aplicamos isso em escolas da periferia”, contou Luiz Eduardo.

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O gerador de Van de Graaff é utilizado para demonstrar princípios de eletrostática, como a repulsão de cargas elétricas e a formação de descargasFoto: Jebs Lima | UFMG

Na oficina sobre Astronomia, experimentos e instrumentos foram postos à disposição do público. “Demonstramos o funcionamento do telescópio e do gerador de Van de Graaff. Com ele, por exemplo, a pessoa sobe numa placa isolante, encosta no globo e o cabelo arrepia, porque as cargas se acumulam e se repelem”, explicou Rafael César, estudante de Física. “É uma forma de ensinar física de maneira acessível e divertida”, definiu.

Monitores do Espaço do Conhecimento coordenaram uma atividade de observação solar. “As pessoas têm muita curiosidade de ver o Sol por meio de um telescópio. Usamos um filtro especial que permite essa visualização de forma segura”, explicou Noah Cerqueira, estudante de Física. A oficina acontece regularmente na unidade, mas também é levada a eventos externos, como o Domingo no Campus.

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Glaucinei Corrêa: 'em tempos de terraplanismo', oferta de ciência e boa informaçãoFoto: Jebs Lima | UFMG

Crescimento
Segundo o pró-reitor de Extensão da UFMG, Glaucinei Corrêa, o crescimento do Domingo no Campus se expressa em números: foram mais de 50 oficinas nesta edição, contra 36 na penúltima. A diversidade das atividades é simbolizada por um dado significativo – cerca de 60% do público que participa do evento não é vinculado à Universidade. “Isso demonstra que a sociedade está se apropriando dos nossos espaços”, observa.

Em seu entendimento, além de familiarizar o público com os campi da Universidade, o evento se consolida como ferramenta de divulgação científica. “Em tempos de terraplanismo e fake news, aqui as pessoas se divertem e, às vezes até sem perceber, estão sendo bem informadas”, explica Glaucinei.

A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, reforçou o compromisso da Universidade com a abertura à comunidade. “A cidade abraçou o nosso Domingo no Campus. É uma alegria ver esse espaço sendo ocupado com tanto carinho”, disse. A iniciativa acontece duas vezes por ano, sendo uma delas no mês do aniversário da instituição, em setembro. “A UFMG é de todos. É um patrimônio público, e queremos cada vez mais compartilhar esse bem com a sociedade”, afirmou.

Saúde e genética
O programa Envelhecimento Ativo, vinculado à Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO), esteve representado pelo estudante Felipe Augusto. Ele explicou que o projeto oferece aulas de ginástica, danças, yoga e estimulação cognitiva para pessoas a partir dos 45 anos. “Hoje a gente trouxe atividades para trabalhar tempo de reação e velocidade de movimento. É também um momento de socialização entre os alunos das diferentes modalidades que ofertamos”, revelou.

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Programa Envelhecimento Ativo oferece aulas de ginástica, danças, yoga e estimulação cognitivaFoto: Jebs Lima | UFMG

A alimentação saudável também esteve em evidência. O projeto Gemti – Grupo de Estudantes que Multiplica e Transforma Ideias – levou ao campus atividades de educação nutricional direcionadas especialmente para o público infantil. Ana Clara Leite, estudante de Medicina, contou que o grupo atua tanto dentro da UFMG quanto em escolas públicas. “A gente fala sobre alimentação, obesidade, alimentos ultraprocessados e faz dinâmicas para conscientizar crianças e pais”, explicou. Segundo Ana Clara, muitos mitos alimentares costumam povoar o imaginário das crianças. “Um muito comum é o do chiclete: eles acham que se engolir, vai grudar no estômago. Além de refutar os mitos, mostramos o quanto faz mal o consumo de açúcar e gordura”, esclarece.

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Projeto Gemti promoveu educação nutricional para o público infantilFoto: Jebs Lima | UFMG

A oficina DNA em foco: do câncer à biópsia líquida levou ciência de ponta para o público leigo. O grupo reúne estudantes da Nutrição, Medicina e Biomedicina e tem se apresentado em escolas, feiras e eventos. “Trouxemos modelos em 3D para mostrar como funciona o DNA. Explicamos que ele é como uma receita de bolo: se a ordem das letrinhas muda, o resultado muda também”, explicou Giulia Carregal, aluna de Nutrição. O estande ainda oferecia jogos educativos, como um quebra-cabeça com as bases nitrogenadas do DNA. Ao apresentar o modelo a uma criança, Giulia resumiu: “Imagina que sem graça seria se todo mundo fosse igual. As mutações garantem que cada um seja diferente. Mas quando essa troca acontece com erro, pode aumentar o risco de doenças”.

Outro ponto alto da programação foi a oficina promovida por professoras e estudantes do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que usaram um jogo de dama gigante para explicar o funcionamento do sistema imunológico. “Criamos peças representando anticorpos, vírus e bactérias. As equipes competem entre si e, ao longo da partida, explicamos o papel das vacinas e o funcionamento da defesa do corpo”, conta a professora Vanessa Pinho, do Departamento de Morfologia.

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Jogo de dama gigante foi usado para explicar o funcionamento do sistema imunológicoFoto: Jebs Lima | UFMG

Segundo ela, a proposta tem grande apelo entre crianças e adultos. “Usamos pelúcias para representar células, como linfócitos e células dendríticas. É uma forma lúdica e acessível de discutir ciência, vacinação e saúde pública”, disse. 

Natureza e ciência lado a lado
As atrações do Domingo no Campus também contemplaram temas relacionados ao meio ambiente. O projeto de extensão Tapera Viva, vinculado à Brigada de Combate a Incêndios Florestais da Serra do Cipó, levou ao campus uma amostra das ações que realiza no Parque Natural Municipal Mata da Tapera.

“Atuamos tanto no combate ao fogo quanto na educação ambiental e na recuperação de áreas degradadas”, explica a estudante Ana Clara Souza, integrante do projeto. Entre as atividades promovidas pela equipe estão a coleta de sementes do cerrado para reflorestamento e a produção de um calendário que reúne datas importantes relacionadas à preservação ambiental. Durante o evento, o grupo promoveu um quiz e distribuiu versões miniatura do calendário como brindes. A ideia, segundo os estudantes, é sensibilizar a população para os desafios enfrentados pelo cerrado e valorizar o trabalho das brigadas locais. 

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Criança maneja furadeira em oficina de compostagem Foto: Matheus Espíndola | UFMG

A temática da sustentabilidade foi trabalhada na oficina Compostagem, Ciência e Vida, ministrada por Gabriel Yugi, estudante de Ciências Socioambientais, e outros graduandos. O grupo apresentou aos visitantes a prática da compostagem a partir de baldes reutilizados, como os de manteiga, que viram composteiras caseiras.

“No nosso projeto, os estudantes trazem matéria orgânica recolhida em casa. A gente transforma esse material em adubo e usa numa horta de plantas medicinais”, explicou. Na oficina, são apresentados os processos químicos, biológicos e socioambientais envolvidos na compostagem e no gerenciamento de resíduos. Enquanto ajudava crianças e adultos a furar baldes e montar suas próprias composteiras, o estudante explicava que o processo demanda oxigenação, já que as bactérias que atuam na decomposição precisam de ar. “É um processo aeróbio, e os baldes tornam possível que seja realizado mesmo dentro de um apartamento”, explicou.

Matheus Espíndola