Divulgada lista de projetos que receberão recursos do Fundo Fundep
Sessenta propostas elaboradas por docentes recém-contratados que articulam ensino, pesquisa e extensão foram aprovadas; aporte é de quase R$ 1 milhão
Após alguns anos suspenso, o Fundo Fundep aporta, em 2022, R$984.858,43 em iniciativas que articulam ensino (graduação e pós-graduação), pesquisa e extensão. Os recursos provenientes da Fundação de Apoio da UFMG destinam-se a 60 projetos apresentados por docentes recém-contratados e selecionados pelas pró-reitorias acadêmicas.
A distribuição dos recursos, até o máximo de R$ 20 mil por projeto, vai viabilizar iniciativas de professores que ingressaram a partir de 2020. Um dos objetivos centrais da chamada interna, lançada em 6 de julho deste ano, é estimular a integração dos recém-chegados ao universo das três dimensões que são os pilares das atividades acadêmicas na UFMG.
“O edital elaborado para o aporte do Fundo Fundep é inovador, na medida em que estimula os professores recém-chegados a priorizar, desde o início de sua carreira, a integração de ensino, pesquisa e extensão”, afirma a reitora Sandra Regina Goulart Almeida. “Também é uma forma de integrar esses novos docentes à vida acadêmica e promover interação mais intensa com colegas, técnicos e estudantes.”
O Fundo Fundep foi criado em 1986, a princípio para apoiar exclusivamente a pesquisa. Em 1997, passou a beneficiar todas as áreas acadêmicas. O valor aportado corresponde a 30% do superávit contábil da Fundação, e reza o estatuto do fundo que cabe à UFMG definir como ele será aplicado. A retomada do fundo, que esteve suspenso por alguns anos, foi decidida pela gestão da UFMG e do Conselho Curador da Fundep, com aprovação do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
O presidente da Fundação, professor Jaime Ramirez, destaca que, ao repassar parte de seu resultado positivo para a Universidade, a entidade cumpre mais uma vez sua missão de apoiar a UFMG. “Esperamos que os agraciados façam excelente uso dos recursos, dando início a belas trajetórias, como já ocorreu com outros professores apoiados pelo Fundo Fundep. Temos clareza de nossa missão, e estamos, como sempre, à disposição para atender à UFMG”, disse Ramírez, reitor da Universidade na gestão 2014-2018.
Bolsas, serviços e softwares
Comissão formada por nove professores – indicados pelas pró-reitorias acadêmicas, parceiras na iniciativa, e oriundos de todas as grandes áreas do conhecimento – avaliou 87 projetos. A definição dos valores que serão aportados em cada iniciativa levou em conta, sobretudo, adequação do orçamento às regras do edital. Os recursos poderão ser aplicados no pagamento de bolsas acadêmicas (até duas, com duração somada de 24 meses) e serviços jurídicos e de manutenção, compra de material permanente e de consumo e aquisição de softwares. O prazo para execução dos projetos é de dois anos.
A pró-reitora de Pós-graduação, Isabela Pordeus, que coordenou a comissão que analisou as propostas, considera que a chamada foi muito bem-sucedida, a começar pela alta proporção de professores recém-contratados que enviaram propostas (87 de um universo de cerca de 120). “Essa iniciativa tem o grande mérito de convidar os novos docentes a pensar na convergência e na interlocução das três dimensões acadêmicas. Isso contribui para que a Universidade avance ainda mais, fique ainda mais forte e capaz de dar as melhores respostas às demandas da sociedade”, afirma a pró-reitora, lembrando que vários projetos se inserem em iniciativas já existentes, seja no âmbito da extensão, do ensino ou da pesquisa.
‘Em muito boa hora’
O edital veio “em muito boa hora”, na avaliação do pró-reitor de Graduação, Bruno Otávio Soares Teixeira. “Não são comuns ações de fomento a projetos de ensino-aprendizagem, sobretudo para professores ingressantes. E têm chegado muitos docentes à UFMG”, diz ele. Para Teixeira, essa última chamada “transmite mensagem sobre a importância das três dimensões na produção acadêmica dos professores”. Ele ressalta que a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão é definida pela Constituição de 1988 e constitui princípio fundamental para a UFMG.
O pró-reitor de Graduação salienta a referência feita na chamada às diretrizes para projetos de ensino-aprendizagem. “Essas diretrizes são construção recente do Comitê Assessor da Câmara de Graduação e vêm sendo acompanhadas de um percurso formativo específico oferecido pelo Giz.”
A pró-reitora adjunta de Extensão, Janice Henriques, exalta o modelo que regeu a elaboração dos projetos que receberão recursos do Fundo Fundep. “Um dos aspectos cruciais da iniciativa é o incentivo ao engajamento dos docentes na extensão. Diferentemente do ensino e da pesquisa, a extensão geralmente não faz parte da formação deles. Além disso, o edital contribui fortemente para a qualificação dessa dimensão acadêmica”, afirma.
Janice ressalta que os projetos pedagógicos estão sendo ajustados para alcançar a meta de cumprir 10% dos créditos dos cursos de graduação com atividades de extensão. “Também por essa razão, a chamada é bem-vinda”, ela diz, destacando que o exercício feito pelos candidatos de elaborar um projeto que integre as três dimensões será de grande valia no seguimento de suas carreiras.
Experiência na pesquisa
Há cerca de 30 anos, a Pró-reitoria de Pesquisa financia projetos de professores recém-chegados, o que ajuda muitas vezes a criar ou incrementar laboratórios, grupos e linhas de investigação. “Há inúmeros casos de professores apoiados que logo deslancharam, partiram para projetos mais ambiciosos. Essa experiência mostra que a nova destinação do Fundo Fundep é promissora”, afirma o pró-reitor, professor Fernando Reis.
“Trata-se de uma ideia nova e coerente com a missão da UFMG, que concilia características das três dimensões acadêmicas. É mais uma ação que traduz o espírito da Universidade, que a diferencia de outras instituições e das empresas”, ele conclui.