Há cerca de cinco anos, a paisagista Kátia Schulthais recebeu a notícia que mudaria sua vida. No Hospital das Clínicas da UFMG, foi diagnosticada com câncer de mama. “Tenho uma história de gratidão enorme. Em um momento bastante difícil, eu fui extremamente acolhida, recebida com bastante carinho e muita competência”, diz. 

Assim como Kátia, muitas histórias pessoais se entrelaçam às histórias dos espaços e dos profissionais dos hospitais gerenciados pela UFMG. Desde o último mês, essas instituições têm assumido importante papel no atendimento a pacientes suspeitos e diagnosticados com a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

Kátia é uma das doadoras da campanha #colaborehospitaisUFMG, lançada em março. A rede de solidariedade impulsionada pela iniciativa tem garantido a aquisição de insumos, equipamentos e materiais para o atendimento da demanda do Hospital das Clínicas, do Hospital Risoleta Neves e da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro Sul, administrados pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep) e pela UFMG. As contribuições de pessoas físicas e instituições somavam R$ 458 mil até a última quinta-feira, dia 9.

Devolver ao universo
De acordo com Kátia, a campanha foi a forma que encontrou para retribuir o tratamento recebido até a cura da doença. Ela doou três macas que estavam sem utilidade em casa. “Eu sempre pensava que um dia chegaria a hora de retribuir ao hospital tudo o que ele tinha me dado. Era uma forma de devolver ao universo o que o HC tinha me proporcionado. É um trabalho bonito demais, quantas vidas são salvas ali e ninguém fica sabendo?”, relata. 

Em vídeo publicado na última semana, a reitora Sandra Regina Goulart de Almeida agradeceu aos doadores e fez um chamado à população, convidando para participação na campanha. “O valor já arrecadado é fundamental para comprarmos insumos para esses hospitais, como luvas, aventais, medicamentos e equipamentos, que são imprescindíveis para manter os trabalhos e para dar certa tranquilidade aos nossos servidores da saúde”, afirmou.

Também se uniram à causa instituições de classe, como o Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte, Montes Claros e Ouro Branco (Apubh). De acordo com Maria Stella Brandão Goulart, presidenta da Apubh, as doações são materializadas em equipamentos de segurança para os profissionais, como aventais, luvas e máscaras, com base em demanda levantada pelos próprios hospitais. 

Ao todo, serão doados R$ 350 mil em materiais e insumos para os dois hospitais, decisão tomada em assembleia dos professores. “Considerando que grande parte dos nossos professores, estudantes e servidores técnico-administrativos da UFMG está nessa linha de frente, é importante que nossa ação seja feita da forma mais rápida possível”, comenta a dirigente. 

Stella reforça que o objetivo é contribuir para um projeto de sociedade solidário e cooperativo que compreenda a vida como valor elementar e fundamental. “Tudo pela vida. Sabemos que nossa contribuição é uma gota no oceano, muito pequena, mas é necessário que toda a sociedade e as entidades se mobilizem para apoiar essa grande movimentação que ocorre de forma suplementar”, completa.

Berço
Outra doação para a campanha foi de uma turma do curso de Medicina, que se graduou no início de 2019. O recurso de cerca de R$ 6 mil, um excedente do caixa da comissão de formatura, foi oferecido para contribuir com os hospitais gerenciados pela UFMG. “Somos mais de 150 médicos formados pela Universidade. Fizemos uma votação recente sobre o destino desse dinheiro, e a maioria da turma concordou com a doação. Afinal, todos esses hospitais foram nossa casa e berço de conhecimento. E muitos de nós ainda trabalhamos neles como residentes, após a faculdade”, justifica Paula Costa Souza, que foi secretária da comissão de formatura. 

Ricardo José Ramos, que trabalha com vendas de serviços de tecnologia da informação, também mantém uma relação especial com os hospitais da UFMG. “Desde as primeiras notícias do surto no Brasil, temos ouvido sobre iniciativas de diversos departamentos da Universidade buscando ajudar efetivamente e de forma eficiente no combate ao vírus e na mitigação dos sérios danos que ele está causando à humanidade. Há alguns anos, acompanho de perto a sua excelência na área da saúde, pois tenho uma filha [Nádia Ramos] que cursa medicina na UFMG”, disse.

Ricardo Ramos e outra filha, Débora, doaram, juntos, R$ 1,1 mil. “Corremos o risco de ser vítimas diretas, seja pela nossa própria vida ou pela vida dos nossos amigos, pessoas que amamos. Qualquer um de nós pode precisar de cuidados hospitalares. E, com certeza, cada um de nós pode fazer alguma coisa que contribua com o todo”, comenta. 

Como colaborar

A campanha de financiamento coletivo tem a meta de arrecadar R$ 5 milhões. Para participar, os interessados podem realizar doações em dinheiro ou em bens e equipamentos. Não há restrição de valores ou quantidades. 

As doações podem ser feitas via boleto bancário, cartão de crédito ou transferência. Colaborações em dinheiro podem ser transferidas para o Banco do Brasil (001), agência 1615-2, conta corrente 960.419-7, CNPJ da Fundep: 18.720.938/0001-41. Para outras formas de doação, é preciso entrar em contato com a Diretoria de Cooperação Institucional da UFMG por meio dos telefones (31) 3409-4555 e (31) 99306-0348 ou do e-mail gab@copi.ufmg.br.
 
A campanha é uma iniciativa da UFMG, do Instituto dos Advogados de Minas Gerais e da Fundep, e conta com apoio institucional da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, da Justiça Federal de Minas Gerais, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), da Associação do Ministério Público de Minas Gerais e da Associação dos Juízes Federais de Minas Gerais.

Assista a um vídeo gravado por Nelson Júnior, farmacêutico do Hospital Risoleta Tolentino Neves, em apoio à campanha: