Extensão

'Domingo no campus' reuniu famílias e celebrou inclusão e diversidade

Egressa destacou 'sensação de pertencimento' à UFMG; estudante indígena comemorou a oportunidade de mostrar a cultura do seu povo

Homenagem ao aniversário da UFMG em crochê
Homenagem ao aniversário da UFMG em crochê Foca Lisboa | UFMG

Atividades sensoriais, como bolhas de sabão e um escorregador de lona estendido no gramado dos arredores da Escola de Música, reuniram diversas famílias e crianças durante o Domingo no campus, realizado no dia 4 de setembro em comemoração aos 95 anos da UFMG. O retorno das atividades do Programa de Atenção Interdisciplinar ao Autismo (Praia) foi uma das novidades desta edição. 

Viviane Lúcia da Silva já tinha participado de uma das edições passadas, antes da pandemia, com o filho, Talles, de 11 anos. Desta vez, ele escorregou diversas vezes em meio à água com sabão. “Quando viu a lona, Talles ficou todo empolgado e feliz. Isso fez ele reviver uma memória”, contou a mãe. Para ela, atividades como essa são uma forma de terapia, principalmente para a criança. 

No gramado da Reitoria, as atividades com água também foram as preferidas de Eliz Eloá, 4, e de Enzo Daniel, 6, como se espera de um dia de sol e calor. A família das crianças mora em um apartamento e gostou de participar do Domingo no campus pela primeira vez, principalmente pela área verde e extensa para os pequenos brincarem. "Tivemos que fazer a parada obrigatória do futebol de sabão e estamos aqui até agora”, brincou o pai, Vinícius Eduard. “Já passamos pela feira de ciências, fomos ver os animais da feira de adoção, passamos pela capoeira e também pela aula de percussão”, contou a mãe, Larissa Borges. A tia, Lorena Amorim Borges, também se divertiu com os sobrinhos.

Família aproveita atividades ao ar livre, no gramado da reitoria
Família aproveita atividades ao ar livre, no gramado da reitoria Raphaella Dias | UFMG

Graduada pela UFMG em 2017, a contadora Jucellia Paulista de Almeida Romualdo também trouxe a família e elogiou o bolo distribuído no aniversário da Universidade. “A experiência de estar aqui depois de ter me formado, com meu filho, que eu quero que futuramente também estude aqui, é muito boa, uma sensação muito gostosa de pertencimento”, comemorou.  

Jucellia, com o filho no colo, divide o bolo com a família e amigos
Jucellia, com o filho no colo, divide o bolo com a família e amigos Alessandra Ribeiro | UFMG

Matriarcas
Em uma mesa montada sobre o gramado, a família de Elza Sousa, de 85 anos, e Maria da Conceição Barros, de 94, estava reunida. “Programamos de vir no primeiro semestre, mas infelizmente não deu. Agora, estamos aqui com as duas matriarcas”, comemorou Ricardo de Sousa, professor de Engenharia Química da UFMG. Os piqueniques são uma prática comum da família. “Nós ficamos presas, com a pandemia. Agora, estamos apreciando o movimento, está sendo muito bom”, disse Elza, mãe de Ricardo. 

As matriarcas Elza Sousa e Maria da Conceição Barros, sentadas à mesa, com a família
As matriarcas Elza Sousa e Maria da Conceição Barros, sentadas à mesa, com a família Rafaella Dias | UFMG

No bosque da Escola de Música, a performance Remetente, idealizada pela estudante de teatro Adelita Siqueira, tinha a proposta de resgate da conexão interpessoal. “A performance procura promover o encontro por meio do olhar”, explicou. A artista contou que a ideia era justamente resgatar o ato de olhar nos olhos e a atenção ao momento presente. “A gente passa muito tempo com a cabeça baixa, olhando para telas, e a performance exige um tempo, confiança no olhar do outro”, explicou. 

Os olhos da paulista Viviane Campos, que visitava o campus Pampulha pela primeira vez, foram comparados a pérolas pela personagem da performance, Consthancia, autora de cartas poéticas. “Eu achei linda a iniciativa dela e essa disponibilidade, essa coisa do olhar, que é muito rara, mesmo", contou Viviane. A carta, datilografada, será guardada na caixa de memórias e lembrada “para sempre”.  

Pais de pets
O casal Dierlem e John passeava pelo campus com as cachorras Samba e Punk. As duas foram adotadas recentemente, em uma iniciativa da própria Universidade. Natural da Escócia, John chegou ao país há nove anos e trabalha como professor de Matemática na UFMG. Os dois também têm gatos adotados. Pela primeira vez, a feira de adoção fez parte da programação do Domingo no campus. Outras famílias puderam adotar animais resgatados, cuidados e vacinados com a ajuda de voluntários e da comunidade universitária, sobretudo da Escola de Veterinária.

Dierlem e John com os animais de estimação
Dierlem e John com os animais de estimação Raphaella Dias | UFMG

"Indígenas de verdade?”
O estudante de odontologia da UFMG Guigui Pataxó também participou pela primeira vez do Domingo no campus, conduzindo oficinas de cantos e rituais dos povos indígenas na Avenida Mendes Pimentel. Para ele, a oportunidade de mostrar a cultura dos povos originários possibilita às pessoas entender que o indígena não precisa, necessariamente, viver isolado na floresta. 

Guigui Pataxó conduziu celebração de rituais
Guigui Pataxó conduziu celebração de rituais Raphaella Dias | UFMG

“É muito legal ver as crianças chegarem até a gente e perguntarem se somos indígenas de verdade. Sim, somos: além daquele estereótipo, nós temos indígenas do cabelo cacheado, do cabelo crespo, temos indígenas que são muito brancos, o nosso povo brasileiro é essa mistura”, ensinou. 

Perto dali, outra ação cultural fazia ecoar o som do berimbau: uma roda de capoeira. Bruno Roberto, conhecido como professor Zé Colmeia, conduzia a oficina do grupo Pernas pro Ar, que celebrava a prática brasileira e de descendência africana. “A gente tem que entender que a capoeira é brasileira, ela não é de nenhum outro país, ela é nossa, é cultura nossa, é patrimônio cultural”, disse.

O bombeiro militar Marcos Vinicio de Lima assistia à roda de capoeira. Mesmo de muletas, com o pé imobilizado, ele não deixou de vir com a família. “Já temos o hábito de vir aos finais de semana, trazendo os cachorros, a nossa filha. Como nos preocupamos muito com a participação dela no meio cultural, no meio artístico, achamos legal trazê-la”, contou.

A TV UFMG também acompanhou o Domingo no campus. Assista ao vídeo.

Domingo no campus - 95 anos

Bella Corrêa