Coberturas especiais

Educação é direito universal, reafirmam dirigentes na abertura da Cres 2018

Cerca de cinco mil pessoas participaram da cerimônia realizada em Córdoba

Público que acompanhou a abertura da Cres 2018
Público acompanhou a abertura da Cres 2018 Marcílio Lana / UFMG

Os 23 mil metros quadrados do Orfeo Superdomo, espaço multiuso da cidade de Córdoba, transformaram-se em palco de uma atividade diferente nesta segunda-feira, 11 de junho. Durante a cerimônia de abertura da Conferência Regional de Educação Superior (Cres) 2018, o complexo, normalmente usado para receber espetáculos artísticos e eventos esportivos, foi ocupado por acadêmicos, dirigentes de universidades e de instituições de ensino superior, estudantes, trabalhadores, representantes de redes, de associações profissionais e centros de investigação, sindicatos, organizações governamentais e não governamentais e interessados na educação superior 

Cerca de cinco mil pessoas compareceram à cerimônia de abertura, iniciada com mesa inaugural formada por dirigentes da Unesco e autoridades políticas argentinas. Francisco Tamarit, coordenador geral da conferência, afirmou que a educação superior precisa ser reconhecida e reafirmada como "direito universal e compromisso público”.  “Assim como os jovens reformistas de 1918, devemos lutar por liberdades que nos faltam. Encontremos sempre a força de trabalharmos para acabar com a pobreza. Esse deve ser o propósito da educação superior em nossa região”.

O intendente de Córdoba, Ramon Javier Mestre, destacou que “as universidades têm a responsabilidade de fazer a diferença. É necessário que nossas universidades deixem de ser replicadoras e passem a ser universidades inovadoras”. O prefeito da cidade-sede da Cres 2018 aproveitou para dar boas-vindas aos participantes e instituições de ensino superior e organizações vinculadas à educação superior.

Stefania Giannini, diretora geral adjunta da Unesco para a Educação, dirigiu-se à plateia em três línguas (espanhol, inglês e italiano) reafirmando o compromisso e a necessidade do reconhecimento das diferenças regionais. Stefania destacou que a defesa da educação como direito humano fundamental é a missão mais importante da Unesco no momento. Para ela, a Cres 2018 é essencial para pôr a educação superior no centro da agenda política de todos os governos. “Córdoba é o local perfeito para nosso encontro”, salientou. Segundo a dirigente da Unesco, “o grito de Córdoba deu início às transformações que ainda se fazem necessárias nos dias atuais”.

Sistemas heterogêneos
Em tupi-guarani, wichí, quechua y mapudungún, o diretor do Instituto da Unesco para a Educação Superior para a América Latina e Caribe (Iesalc) e coordenador da Cres 2018, Pedro Henriquez Guajardo, saudou os presentes. Em seu discurso, com trechos em português, espanhol e inglês, ele afirmou que a adoção de políticas públicas na região é um desafio em razão da heterogeneidade dos sistemas educacionais. “Efetivamente, somos diversos, mas, da mesma forma, somos assimétricos”, destacou. Para Guajardo, a terceira Conferência Regional de Educação será fundamental para que governo e instituições assumam compromissos relacionados à cobertura, à qualidade e à inclusão dos sistemas de ensino superior. “É preciso debater, dialogar e reconhecer consensos e dissensos”, reforçou.

Imagem do coordenador da Cres 2018, Pedro Heriquez Guajardo, projetada em telão no Orfeo Superdomo, em Córdoba
Pedro Guajardo, diretor do Iesalc, na imagem projetada: "somos diversos e assimétricos"Marcílio Lana / UFMG

O reitor da Universidade Nacional de Córdoba (UNC) e coanfitrião da Conferência, Hugo Juri, afirmou que as comunidades acadêmicas têm uma importante missão pela frente: enfrentar o Banco Mundial e sua forma de ver a educação como bem individual. O reitor da UNC advertiu. “Voltam a surgir com força atores que querem privatizar o sistema público de educação. A nossa resposta deve ser a reafirmação dos princípios doutrinários e dos objetivos da Cres 2008. Este é um momento histórico”, afirmou.

A sessão foi encerrada pelo ministro da Educação da Argentina, Alejandro Oscar Finochhiaro. Sob protestos de estudantes, o ministro destacou que a universidade deve servir à sociedade. “Esta conferência é um espaço sério de análise e fortalecimento das instituições universitárias”, afirmou. Finochhiaro defendeu ainda que a educação deve ser percebida como instrumento para a superação das desigualdades e para a promoção de uma cultura de paz.

Marcílio Lana