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Egresso da Escola de Engenharia recebe prêmio de melhor tese do mundo

Allan Cupertino apresentou, em 2020, pesquisa sobre adaptações que geram economia nos sistemas de captação de energia eólica e solar

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Allan Cupertino: brasileiros não deveriam pagar tão caro pela energia elétrica, tendo em vista o enorme potencial do país para geração de energia renovávelAcervo pessoal

Allan Fagner Cupertino, mestre e doutor em Engenharia Elétrica pela UFMG, foi premiado pela Applications Society (IAS), do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), como autor da melhor tese do mundo na área. A pesquisa, desenvolvida entre 2016 e 2019, foi orientada pelo professor Isaac Seleme Júnior, no Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE).

Na tese Modeling, design and fault-tolerant strategies for modular multilevel cascaded converter-based statcoms, Allan Cupertino propôs a resolução de alguns dos problemas encontrados na produção de energia renovável. Quando se trata de fontes como a eólica e a solar, os equipamentos sofrem com inconstâncias naturais do sol e do vento, e o sistema elétrico deve ser estabilizado por dispositivos adicionais para operar de forma plena – os compensadores statcoms [sigla para static synchronous compensator].

Segundo o pesquisador, as despesas geradas pelo statcom podem limitar a expansão das fontes de energia renovável. Allan concebeu um sistema baseado na redução das perdas do equipamento e no aumento da confiabilidade e precisão do dispositivo, fatores que têm impacto importante nos custos de operação e manutenção. "Nesse mercado, o custo operacional do equipamento pode ser comparado ao custo do próprio dispositivo. Se você tem um compensador que vale dez milhões, ele pode chegar a um custo operacional de mesmo valor ao longo de uma década em funcionamento", enfatiza.

Para Allan Cupertino, a energia sustentável no Brasil deveria ser mais estudada e receber mais investimentos. “É um absurdo que, com um potencial de energia solar tão grande, tenhamos tarifas tão altas provocadas pela crise hídrica. Fornecer energia limpa é importantíssimo para garantir a qualidade de vida da população e diminuir os impactos ambientais no planeta”, observa.

O cientista acredita que o sistema elétrico de potência passa por um processo de transição e que, em breve, muitos países terão matrizes energéticas 100% renováveis. "Para que isso seja possível, são fundamentais as tecnologias que possibilitam estabilizar e melhorar a qualidade de energia frente à intermitência de geração. O grande diferencial da tese foi ter apresentado uma proposta bastante alinhada aos interesses da indústria", afirma.

Produtivo e sinérgico
O professor Isaac Seleme define seu ex-orientando como "muito produtivo e sinérgico”. “Ele sempre buscou abrir frentes de trabalho com colegas do doutorado e do mestrado. Além disso, publicou dez artigos em periódicos Qualis A, algo colossal. Sua proatividade explica o enorme sucesso do seu trabalho", destaca.

Em sua trajetória, Allan Cupertino contou com parceria de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa e também da Aalborg University, da Dinamarca. A instituição europeia, onde o autor cumpriu período de doutorado-sanduíche, é reconhecida por investir massivamente em pesquisas sobre energias renováveis.

A tese de Allan Cupertino também foi eleita a melhor tese em engenharia elétrica da UFMG e indicada aos prêmios UFMG e Capes de Teses. A pesquisa ainda recebeu o primeiro prêmio da Sociedade Brasileira de Eletrônica de Potência (Sobraep).

Vinicius Fernandes / Com informações da Assessoria de Comunicação da Capes