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Egresso da UFMG é premiado em competição de cervejas nos EUA

Fábio Florêncio desenvolveu estudos sobre a bebida durante o mestrado profissional em Microbiologia do ICB

Fábio Florêncio começou a produzir cervejas no início de 2016
Fábio Florêncio começou a produzir cervejas no início de 2016 Acervo pessoal

O mineiro Fábio Florêncio, egresso do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, conquistou a medalha de bronze na Competição Nacional de Cervejas Domésticas da Associação Estadunidense de Cervejeiros, realizada na cidade de Pittsburgh, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Morador de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Fábio fez o mestrado profissional em Microbiologia no ICB, sob orientação do professor Carlos Rosa. 

Florêncio ficou em terceiro lugar na Categoria 32 – Cerveja envelhecida em madeira. O brasileiro disputou com competidores de todo o mundo e ganhou com a bebida Lenabaltic, uma homenagem à filha de oito meses. A premiação, anunciada no fim de junho, é, segundo ele, resultado de “muito estudo científico, persistência e ousadia na produção”. 

“Eu sempre tive vontade de participar do concurso dos Estados Unidos. Por seu tamanho e história, ele é o sonho de todo cervejeiro caseiro. Mas eu achava que não estava preparado. Em 2021, comecei a elaborar as receitas e a produzir. Tinha muita expectativa, mas não sabia se iria conseguir a medalha. Tive êxito com essa premiação”, celebra. 

A Baltic Porter é uma cerveja escura, com sabores maltados complexos, com notas de frutas escuras e pouca expressão de maltes torrados. A quantidade de álcool (ABV) é bem maior que a encontrada nas cervejas comuns, variando de 6,5% e 9,5%. A cerveja de Fábio, Lenabaltic, foi maturada em barril de amburana, o que a fez adquirir aromas e sabores da madeira muito utilizada no Brasil para armazenamento de cachaça.

Ciência
Natural de Contagem, também na Grande BH, Fábio Florêncio é professor de física em uma escola profissionalizante de Minas Gerais. Concluiu o mestrado em 2021, com o trabalho Produção de cervejas de alta fermentação utilizando linhagens indígenas de 'Saccharomyces cerevisiae'. O interesse pela bebida antecede essa pesquisa e foi motivado por um presente da mulher, em 2015: uma cerveja de trigo alemã. Em busca de experimentar novos sabores, Florêncio começou a produzir cervejas no início de 2016, após um curso básico de produção caseira. 

O pesquisador também é membro da Associação de Cervejeiros de Minas Gerais (Acerva-MG), entidade que o estimulou a investigar a ciência por trás da fabricação da bebida. “Após o mestrado, compreendi e aprofundei os estudos sobre fermentação, o que despertou meu interesse pela elaboração de outras bebidas”, relembra. Para Fábio, “a ciência relacionada com a produção é complexa, mas muito prazerosa e importante quando se pretende alcançar a excelência”.

Depois da premiação, Florêncio segue com projetos a fim de ampliar o conhecimento na ciência da cerveja e pretende participar de outras competições de produção caseira ainda em 2022. A expectativa dele para o ano que vem é se profissionalizar e disputar concursos profissionais. “Quero também empreender na área e colocar meus produtos no mercado, além de contribuir com outros cervejeiros nos processos de fabricação.” 

Fábio Florêncio soma 50 medalhas em concursos nacionais e internacionais, oito delas de 1° lugar. Além do prêmio nos Estados Unidos, ele venceu o Concurso Latino de Cervejas Lupuladas, em março deste ano. 

Pesquisador de temas relacionados à fermentação para produção de cachaça, cervejas especiais e queijos artesanais, o biólogo Carlos Rosa, professor do ICB, lembra o momento em que Fábio Florêncio iniciou o mestrado para aprofundar os conhecimentos sobre os processos fermentativos para a produção da cerveja. 

“O trabalho dele mostrou a importância do conhecimento científico desenvolvido na Universidade para atender demandas do setor produtivo”, destaca Carlos Rosa. Segundo ele, “mesmo as pessoas que queiram produzir cerveja de forma artesanal devem levar em conta a dimensão científica do processo, para obter um produto de alta qualidade sensorial".

Com Dayse Lacerda | Assessoria de Comunicação do ICB