A terça-feira, 3 de novembro, marca o dia oficial das eleições presidenciais dos Estados Unidos. Em 2020, mais de 100 milhões de pessoas votaram antecipadamente, por correspondência. Para conversar sobre a decisão eleitoral americana, o Conexões recebeu o professor Bruno Reis, do Departamento de Ciência Política da UFMG. Bruno Reis analisou a possibilidade de haver uma mudança repentina na contagem dos votos, já que pesquisas apontam a vitória de Joe Biden.  Além dos temas que vêm preocupando mais o eleitorado norte-americano e mobilizando as campanhas dos candidatos, o professor apresentou também quais os prováveis impactos na política internacional e no Brasil.

Na campanha eleitoral de 2016, pesquisas indicavam Hillary Clinton na liderança da disputa, à frente de Donald Trump. No final, vitória de Trump. Agora, as pesquisas mostram Biden na primeira colocação desde quando foi confirmada sua candidatura. Na semana passada, o site de análise Fivethirtyeight calculava que Biden tinha 88% de chances de ser eleito, contra 12% de Trump. Por mais que as eleições de 2016 tenham deixado esse trauma, ou aprendizado, Hillary tinha apenas 3 pontos percentuais a frente. Agora, em 2020, Bidenestá de 8 a 10 pontos. Frente a isso, o erro teria que ser muito maior para a situação se repetir.

Nos últimos anos, analistas indicaram uma guinada para a direita na política em nível global, e Trump seria um dos principais agentes dessa guinada. Uma vitória de Biden poderia, então, modificar o cenário político mundial e as relações internacionais. Enquanto Trump traz um discurso desqualificante da política, com posicionamento pouco diplomático que desestabiliza as relações internacionais, Biden pode articular melhor essas relações com nações que travam embates com os Estados Unidos hoje, como a China. “A sensação que se dá é que houve um esvaziamento do centro. De qualquer forma, depende de como Biden (o lado moderado) será capaz de conversar, seja com o pessoal mais à esquerda do partido democrata, seja com os moderados do partido republicano. Os Estados Unidos precisam desesperadamente que gente moderada apareça no partido republicano para permitir cooperação. Uma política mais pacificada, mais moderada, favorece uma estabilização internacional”, concluiu o professor Bruno Reis. 

Produção: Tiago de Holanda
Publicação: Isadora Oliveira, sob orientação de Luíza Glória