Coberturas especiais

Em clima de resistência e esperança, Semana de Saúde Mental começa nesta segunda

Abertura oficial será em Montes Claros; colóquio e rodas de conversa estão programados nas unidades de Belo Horizonte

Detalhe de identidade visual do evento
Detalhe de identidade visual do evento Giovana Carraro / UFMG

Com o mote Esperança resistente: amanhã vai ser outro dia, a UFMG realiza, de 14 a 18 de maio, a sua 6ª Semana de Saúde Mental e Inclusão Social. O objetivo é sensibilizar a comunidade acadêmica para o tema, debater saídas e fomentar discussões sobre como a realidade sociopolítica contemporânea influi na saúde mental dos membros da comunidade da UFMG, instituição que tem sofrido as consequências de uma política, não raro, adversa à sua “saúde”.

A reitora Sandra Goulart Almeida defende que a busca pela saúde mental seja um movimento conjunto, que conte com o envolvimento de toda a comunidade. “A Semana de Saúde Mental e Inclusão Social propõe-se como elemento aglutinador: ela busca congregar o maior número possível de atores”, afirma. “A questão da saúde mental é complexa e multifatorial e afeta toda a comunidade: discentes, docentes e servidores técnico-administrativos. Não se trata de um problema só da UFMG ou do Brasil, mas do século. É papel da Universidade fazer essa reflexão”, reitera.

Essa reflexão inclui, por exemplo, a construção de mecanismos de aprimoramento da aplicação da Política de Saúde Mental da UFMG face às especificidades do atual contexto. “O sofrimento mental faz parte da história humana, mas o cenário de hoje parece estar levando as pessoas mais intensamente ao sofrimento, ampliando o número de ocorrências”, afirma a professora Claudia Mayorga, pró-reitora de Extensão. “Precisamos compreender essa conjuntura com mais profundidade", sustenta.

Retrocesso
A abertura oficial do evento ocorre em Montes Claros. A solenidade será realizada às 19h desta segunda, no auditório do Bloco C, no Instituto de Ciências Agrárias, seguida de conferência da professora Cláudia Penido, do Departamento de Psicologia da UFMG, sobre o retrocesso promovido pelo poder público no campo da saúde mental no Brasil.

Contudo, já na manhã de segunda, os campi Pampulha e Saúde, em Belo Horizonte, começam a receber colóquios, palestras, intervenções artísticas e oficinas – assim como duas exposições na na Faculdade de Direito. A primeira atividade em Belo Horizonte será o colóquio Psicologia e Saúde Mental, a partir das 9h, no auditório da Reitoria.

A mesa inaugural do colóquio tem o tema Sofrimento mental e urgência subjetiva na comunidade universitária: O que a psicologia tem a dizer. A segunda mesa será realizada a partir das 14h, no mesmo local, com o tema A clínica da Universidade.

programação do colóquio no decorrer dos dias pode ser consultada no site do evento, assim como as demais atividades sediadas em Montes Claros e Belo Horizonte.

Teresa Kurimoto:
Teresa Kurimoto: mobilização de esforçosRosânia Felipe / Escola de Enfermagem

Tempos difíceis
“Vivemos tempos difíceis e de muita complexidade, que exigem de nós uma esperança marcada pela postura de resistência – uma esperança ativa. A ideia implícita na temática do evento é a de que a luta pela saúde mental é cotidiana”, explica a professora Teresa Kurimoto, da Escola de Enfermagem e coordenadora geral do evento.

Para ela, o amanhã a que se refere o tema não começa no futuro, mas no presente. “A gente precisa mobilizar esforços para resistir e lutar para que as mudanças ocorram e para que o retrocesso não vingue. Temos de enfrentar essa luta confiantes de que as coisas vão melhorar”, convoca.

Para Sandra Goulart Almeida, o momento é, sobretudo, o de fomentar o sentimento da esperança em quem está vivenciando alguma dificuldade. Com foco nessa perspectiva, o evento contará com rodas de conversa sobre temas como resistência, suicídio e protagonismo do usuário, em ambientes focados na escuta dos estudantes.

Também haverá apresentação de pôsteres, reunião com colegiados, oficinas e mesas-redondas. “As atividades da semana buscam consolidar a ideia de uma universidade inclusiva, solidária, acolhedora, que trate os sujeitos como pessoas, e não como números, máquinas”, finaliza Claudia Mayorga.

A edição 2.015 do Boletim traz uma matéria sobre a influência da atual conjuntura na saúde mental da comunidade universitária.