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Na ALMG, Cristina Alvim defende isolamento para atrasar pico da pandemia

Coordenadora do comitê de enfrentamento do coronavírus na UFMG participou de reunião que discutiu programa do governo de Minas para reabertura da economia

Cristina Alvim:
Cristina Alvim: não há dicotomia entre saúde e economiaSarah Torres / ALMG

O volume de testes para detecção da Covid-19 realizados em Minas Gerais é insuficiente para viabilizar uma análise segura a respeito de uma possível flexibilização das medidas de isolamento social adotadas no estado. O alerta foi feito pela professora Cristina Alvim, coordenadora do Comitê Permanente de Acompanhamento das Ações de Prevenção e Enfrentamento ao Novo Coronavírus da UFMG, em reunião especial realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais na manhã desta quarta-feira, dia 29. No encontro, foram discutidas as bases do programa Minas consciente, que trata da reabertura gradual dos estabelecimentos comerciais no estado.

A reunião, coordenada pelo deputado Agostinho Patrus, presidente da ALMG, contou com a presença do secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, e de outros deputados que participaram a distância. Cristina Alvim, que considera o isolamento social a medida mais eficaz para conter o avanço da doença, afirmou que uma epidemia sem controle traz prejuízos ainda maiores, inclusive para a economia.

“Não há dicotomia entre saúde e economia”, destacou Cristina, que é professora da Faculdade de Medicina. Segundo ela, Minas Gerais vive o que chamou de “paradoxo da prevenção”. “Os bons resultados são invisíveis, ninguém noticia quantas pessoas estão vivas ou que não precisam de internação”, disse ela, citando argumento que defendeu no artigo A falsa polêmica entre a "bolsa" e a vida: sobre o isolamento social em Belo Horizonte, assinado por ela e por outros integrantes do comitê da UFMG.

Segundo Cristina Alvim, ainda é cedo para falar em retorno às atividades. “Estudos em países que já vivenciaram outras etapas da pandemia não dão sinais de que a imunidade de rebanho vai se concretizar. Na China, há possibilidade de que o vírus continue circulando e de que outras ondas de contaminação apareçam”, ponderou ela, reforçando a defesa da necessidade de retardar o pico epidêmico. "Não basta ter respiradores e leitos. Podem faltar profissionais de saúde para cuidar das pessoas. Por isso, a pandemia precisa ocorrer de forma lenta. Vivemos um cenário de muita incerteza”, destacou.

Saída coordenada
Carlos Eduardo Amaral concordou com a tese de que é preciso atrasar o pico da pandemia e defendeu uma saída “coordenada e induzida” do isolamento. “É preciso um mínimo de alinhamento, por isso o plano é necessário. Muitos municípios resolveram caminhar por conta própria”, disse ele, em defesa do programa Minas consciente.

O secretário informou que o estado tem planos para ampliar a testagem, mas ressaltou que há limitações. “Vamos comprar testes, desenvolver testes rápidos, mas com realismo. Testagem não é panaceia. Isso precisa ser feito com rigor, com aprovação da Anvisa. Os testes precisam ser minimamente eficientes e estar disponíveis para compra. Israel baniu testes, e a Espanha devolveu testes rápidos”, exemplificou Amaral.

Leia a cobertura da reunião publicada no Portal da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Com informações da ALMG