Esforço da Prograd projeta adaptação responsável à ‘nova normalidade’
Ações da Pró-reitoria de Graduação são pautadas pela garantia da qualidade do ensino e de condições iguais de acesso para todos os estudantes
Volta às aulas. A expressão consagrada, que diz respeito, desde sempre, ao início dos meses de março e agosto, hoje está carregada de incerteza. Ainda não é possível cravar quando será seguro retomar atividades presenciais na UFMG, tendo em vista os riscos de disseminação do novo coronavírus. Mas algumas coisas são certas: estudantes, professores e técnicos retornarão para o que está sendo chamado “nova normalidade”, e a Pró-reitoria de Graduação trabalha para planejar essa volta, definindo princípios e procedimentos, em diálogo com outras instâncias da Universidade.
“Em sintonia com as recomendações das autoridades sanitárias e do comitê de enfrentamento à pandemia na UFMG, avaliamos que o retorno às aulas e demais atividades presenciais será escalonado, respeitando-se distanciamento mínimo entre estudantes nas salas e auditórios”, exemplifica a pró-reitora de Graduação, Benigna Maria de Oliveira. “Em todas as reuniões da Câmara de Graduação e das equipes da Prograd, tem sido reiterada a importância de garantir a qualidade do ensino, de considerar a heterogeneidade dos corpos discente, docente e de servidores técnico-administrativos em educação, a infraestrutura física e computacional da UFMG e de respeitar as normas vigentes.”
Benigna enfatiza também que, para o estabelecimento de diretrizes visando à recomposição do calendário escolar e possíveis adaptações temporárias nas estruturas curriculares dos cursos, será imprescindível a participação dos colegiados de cursos, núcleos docentes estruturantes e do comitê que acompanha as necessidades dos estudantes.
Equidade e qualidade
Em 19 de março, dia seguinte ao da suspensão das aulas presenciais da UFMG, a Câmara de Graduação já se reuniu para discutir portarias do MEC que tratam da substituição das aulas presenciais por aulas em meio digital durante a pandemia de Covid-19. O foco principal recaiu sobre dois aspectos: a própria autorização de uso das tecnologias de informação e comunicação e a atribuição às instituições da responsabilidade por definir as disciplinas que seriam substituídas, garantir ferramentas que possibilitem aos estudantes acompanhar os conteúdos a distância e a realização de avaliações.
“Recebemos, na ocasião, muitos relatos de estudantes sobre dificuldade de acesso à internet e a equipamentos adequados, além da necessidade de retornar às cidades de origem, o que também dificultaria o acompanhamento das atividades. “Enquanto isso, docentes, coordenadores de cursos e diretores de unidades expunham dúvidas sobre a utilização das tecnologias, limites normativos e pedagógicos”, conta Benigna Oliveira. Ela lembra que era preciso considerar também o perfil dos estudantes. Em 2019, 56% dos novos alunos declararam renda familiar de até cinco salários mínimos, e 49%, que não residiam em Belo Horizonte. Aproximadamente um terço dos estudantes da UFMG é assistido pela Fundação Mendes Pimentel (Fump), ou seja, está em situação de vulnerabilidade social.
De acordo com a pró-reitora, a Câmara de Graduação tem agido com base na convicção de que a substituição das aulas presenciais exige planejamento, produção de material apropriado, formação para os docentes e condições adequadas de acesso e infraestrutura. Por meio do Ofício Circular 05 de 2020, o órgão faz recomendações apoiadas, sobretudo, nos princípios da equidade de acesso por parte dos estudantes e da garantia da qualidade do ensino oferecido. “A situação que estamos vivendo é sem precedentes e dinâmica. Estamos reavaliando continuamente o cenário e as demandas da comunidade acadêmica”, afirma Benigna Oliveira.
Ensino em novo contexto
As reuniões virtuais das equipes da Câmara de Graduação têm gerado e operacionalizado decisões que se referem a estágios, defesas de trabalhos de conclusão de curso, funcionamento dos colegiados, entre outras.
No caso dos cursos da área de saúde, uma preocupação central, considerando que os estudantes atuam na rede pública, é preservar a responsabilidade social da UFMG com os campos de estágio e garantir a segurança dos estudantes, docentes e outros profissionais envolvidos. A Prograd trabalha em conjunto com a Assessoria da Reitora para a área de Saúde e a Diretoria de Avaliação Institucional, e também compartilha decisões com os comitês locais das unidades acadêmicas, envolvendo dirigentes, estudantes e os serviços de saúde. A Diretoria Acadêmica da Prograd tem prestado assessoria técnica aos cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Medicina para avaliação de requisitos e definição de critérios para antecipação da colação de grau, autorizada pelo MEC com o intuito de reforçar as equipes de atendimento aos pacientes de Covid-19.
Como conta a pró-reitora Benigna Oliveira, a Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (GIZ-Prograd), em colaboração com o Centro de Apoio ao Ensino a Distância (Caed) e a Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), trabalha em plano de ação, de caráter emergencial, para apoiar a comunidade acadêmica na preparação para o ensino no contexto da pandemia. Estão sendo produzidos cursos, oficinas e um espaço específico no ambiente Moodle, chamado UFMGvirtual. No campo da reflexão, a Revista Docência do Ensino Superior, editada pelo GIZ, convida as comunidades interna e externa a produzir trabalhos que contribuam para o debate sobre os desafios dos professores nessa fase de distanciamento social.
O pagamento das bolsas de graduação foi mantido, integralmente. Coordenadores, orientadores e os próprios estudantes são orientados pela Diretoria de Mobilidade, Estágios e Bolsas para adequação dos planos de trabalho. A ideia é que as atividades se mantenham consoantes com as diretrizes de programas como o de Monitoria de Graduação e com os objetivos aprovados. Benigna Oliveira explica que os bolsistas têm-se dedicado, nesse período de trabalho remoto, a tarefas que não dependem do contato presencial, como preparação de material pedagógico.
A Prograd também acompanha estudantes que participam do Programa de Mobilidade Nacional e atende os interessados em revalidar diplomas de graduação.
Mudanças aceleradas
A migração súbita para o trabalho remoto e a diversidade das frentes da atuação da Pró-reitoria de Graduação são parte dos desafios, segundo Benigna Oliveira. “Para alguns setores, a migração foi mais rápida e mesmo benéfica. Algumas atividades administrativas já poderiam estar ocorrendo de forma mais produtiva por meios digitais, e a situação de emergência acelerou mudanças que já vinham sendo planejadas”, ela diz. “Por outro lado, há alterações significativas no cotidiano dos servidores, sobretudo aqueles que não tinham familiaridade com recursos computacionais, os que têm filhos em casa e outros familiares em regime de trabalho remoto.”
De acordo com a pró-reitora, levou relativamente pouco tempo para que se retomassem as reuniões regulares com a equipe e com a Câmara de Graduação. “A nova rotina já está estabelecida, e as reuniões têm sido bem produtivas. Nesta semana, voltaremos a fazer reuniões com os coordenadores de colegiados de cursos."
Benigna Oliveira destaca ainda que novas normas editadas extraordinariamente pelos ministérios da Educação e da Saúde, Conselho Nacional de Educação e pela própria UFMG têm-se somado às muitas regulamentações do ensino de graduação e demandado atenção especial, sobretudo da Diretoria Acadêmica. “Outro desafio, nesse sentido, é equacionar diretrizes gerais e contemplar as especificidades das diversas áreas do conhecimento, cursos e unidades acadêmicas”, afirma.
Reflexões e solidariedade
A pró-reitora de Graduação salienta que a pandemia tem evidenciado ainda mais a desigualdade social e que não há por que esperar que os impactos da crise cessem quando as atividades presenciais sejam retomadas. “Essa situação sem precedentes tem e terá consequências para estudantes de diversos níveis de ensino, afetando principalmente os mais vulneráveis. O momento nos impõe repensarmos nossa organização pedagógica, e, ao buscarmos soluções e alternativas, devemos considerar as necessidades daqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com mais dificuldade de acesso à internet e à tecnologia, e também propor políticas de apoio a pessoas com deficiência, em situação de sofrimento mental, com filhos, indígenas, entre outros”, afirma Benigna.
Para ela, ficou muito claro, nos últimos meses, que é importante trabalhar de forma solidária e colaborativa e que este pode ser um momento de aprendizado e de produção de conhecimento. “Muitas das medidas emergenciais e das reflexões que temos feito podem contribuir para avaliação e aprimoramento dos processos de ensino-aprendizagem”, diz a pró-reitora.
A crise deflagrada pelo novo coronavírus, segundo Benigna Oliveira, ensejou uma questão fundamental: qual será o lugar ou o papel das atividades didáticas não presenciais, mediadas por tecnologias digitais, na retomada? “A Câmara de Graduação tem sugerido que seja feita uma reflexão mais ampla sobre que processos de ensino-aprendizagem queremos fomentar nesse contexto. Como se vê, é preciso manter o debate e planejar.”
[Esta é a quinta matéria da série sobre as ações desenvolvidas por pró-reitorias e diretorias em meio à suspensão das atividades presenciais provocada pela pandemia do novo coronavírus. Nos próximos dias, serão focalizadas as pró-reitorias de Planejamento, Administração e Recursos Humanos, além da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica e as diretorias de Ação Cultural e Relações Internacionais. Já foram publicados relatos sobre as atividades das pró-reitorias de Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Assistência Estudantil.]