Pessoas

'Não é balbúrdia, é estudante defendendo a educação'

Comunidade realizou protesto nesta tarde contra o bloqueio de recursos da UFMG

Faixa é exibida a motoristas na Avenida Antônio Carlos
Faixas e cartazes foram usados no protesto na entrada do campus pela Avenida Antônio Carlos Raphaela Dias / UFMG

Na tarde desta quinta-feira, 12, estudantes, professores e servidores técnico-administrativos da UFMG protestaram contra o bloqueio de 30% da verbas imposto, nos últimos meses, pelo governo federal à Instituição. O ato ocorreu na Avenida Presidente Antônio Carlos, em frente à principal entrada do campus Pampulha, e contou com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação, pesquisadores e professores, que protestaram no momento em que o sinal era fechado para os carros, exibindo faixas e cartazes ao som de panelas e cantos como “não é balbúrdia, é reação, é estudante defendendo a educação”.

“A ideia de promover um ato em cima da hora foi para caracterizar uma iniciativa de pessoas da UFMG, sem partidos envolvidos. Queremos mostrar que educação não tem nada a ver com partido, tem a ver com o país”, justificou Bárbara Berg, estudante da pós-graduação em Fisiologia e Farmacologia e organizadora do protesto. Segundo Bárbara, o objetivo principal "foi mostrar para a população o que nós somos e divulgar o que fazemos".

Bárbara Berg, organizadora do evento
Bárbara Berg, organizadora do evento Raphaella Dias / UFMG

O Diretório Central dos Estudantes (DCE) foi representado pela coordenadora geral Carol Leal. “Precisamos trilhar um caminho de diálogo permanente com a população, e essa é uma das melhores maneiras de fazer isso”, sugeriu ela, que indicou desdobramentos dos cortes para a comunidade. “A paralisação da linha 4, a demissão de servidores, a não utilização do ar-condicionado, tudo isso interfere diretamente no nosso cotidiano.”

Risco de parar
“Quem não pesquisa, não publica". Esse foi um dos argumentos que levou Osman Silva Ribeiro, pesquisador de Neurociências do Instituto de Ciências Biológicas, à manifestação. Para ele, o Brasil não valoriza a ciência que produz. “Pagamos caro para estudos do exterior, enquanto temos vários de qualidade ocorrendo aqui”.

André de Oliveira, professor da UFMG
André de Oliveira, professor da UFMG Raphaella Dias / UFMG

O professor Gustavo de Oliveira, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, analisou os efeitos dos cortes de bolsas impostos pelas agências de fomento. “Sem pagamento, os pesquisadores vão parar, e deixaremos de fazer descobertas importantes para o país”, advertiu. O professor cita o exemplo do seu próprio laboratório, que se dedica ao estudo da esteatose hepática. “Chegamos a identificar uma possível via para evitar que o paciente progrida para o transplante de fígado, mas muito provavelmente teremos de parar, caso a situação não seja revertida", lamentou Gustavo.

“A manifestação é também em defesa da UFMG como instituição pública, da educação como um patrimônio de todos os brasileiros. Estar aqui é defender o país”, disse o professor Luciano Mendes, da Faculdade de Educação, e secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Os manifestantes ocuparam os dois lados da avenida e distribuíram panfletos para pedestres e motoristas que paravam seus carros diante do semáforo.

A UFMG tem atuado ativamente, junto a parlamentares e ao Governo Federal, em parceria com a Andifes e outras Instituições, para a manutenção do orçamento de 2019, aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA), mas que sofreu, em maio deste ano, um bloqueio de 30%, comprometendo uma série de atividades da rotina da Instituição.

Samuel Resende