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Estudo com participação da UFMG pode ajudar a prever transmissão de dengue

Trabalho também sugere que a forma como se monitora a população do mosquito no Brasil não é tão eficaz para o controle da doença

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João Marques: pesquisa indica nova frente para monitorar dengueArquivo pessoal

Mesmo em meio à pandemia da Covid-19, países como o Brasil devem reforçar os controles contra as doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti. O alerta foi feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, a incidência de enfermidades como a dengue tende a aumentar nos próximos meses. Pesquisa com participação dos professores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG João Marques e Álvaro Eiras lança luz exatamente sobre a forma de prever o aumento do número de casos de dengue em uma determinada localidade. 

Determinar quais áreas têm maior risco de transmissão é importante para combater a doença, que ainda não conta com uma vacina eficaz. Segundo o professor do  Departamento de Bioquímica e Imunologia João Marques, o estudo quebra paradigmas ao mostrar que a variação do número de mosquitos em um dado momento e em uma dada região pode ser um indicador mais preciso do aparecimento da doença do que o número absoluto de insetos. "Por exemplo, em uma região onde há um número absurdo de mosquitos, mas que permanece constante, existe uma chance menor de transmissão do que em uma região com poucos mosquitos que, de repente, passa a ter uma quantidade média", explica.

Ainda de acordo com o professor, a pesquisa reforça um ponto que os pesquisadores já tinham observado em estudos anteriores: a forma como se monitora hoje a população do mosquito Aedes aegypti no Brasil, calculada principalmente pela densidade de ovos ou de larvas, não é tão eficaz para o controle da dengue. "O que nós temos hoje é uma política com muitas lacunas", afirma. 

Segundo a OMS, cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo convivem com o risco de contrair dengue. Só em Minas Gerais, foram registrados neste ano cerca de 43 mil casos da doença, segundo o último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado no dia 19 de junho.

Ouça a reportagem de Alicianne Gonçalves

artigo publicado em maio na revista Acta Tropica recorreu a dados coletados no município mineiro de Caratinga nos anos de 2010 e 2011. A coleta dos dados foi feita em colaboração com a professora do Departamento de Microbiologia do ICB Erna Kroon e com o professor do Departamento de Parasitologia Alvaro Eiras.