Experiências da UFMG na área ambiental são apresentadas na COP27
De acordo com o professor Raoni Rajão, que participou de painéis no Egito, busca de financiamento por países em desenvolvimento dominou as discussões
Nas duas últimas semanas, a cidade de Sharm El Sheikh, no Egito, recebeu a 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP27. Com o objetivo de abrigar o debate sobre soluções para os problemas ambientais que afetam o planeta e acordos entre os países para a contenção das mudanças climáticas, o evento reuniu lideranças de países que integram a Convenção-Quadro das Nações Unidas para a Mudança do Clima (UNFCCC).
O Centro de Sensoriamento Remoto (CSR), que reúne pesquisadores do Instituto de Geociências (IGC) e da Escola de Engenharia da UFMG, foi representado pelo vice-coordenador do grupo, professor Raoni Rajão. Ele participou de três painéis que integraram o Brazil Climate Action HUB e o Hub Amazônia Legal no evento. Com os temas Regularização ambiental e mudanças climáticas, Integridade e conformidades na cadeia produtiva agropecuária e Tecnologia a serviço do combate às mudanças climáticas no Pará, os painéis mostraram experiências desenvolvidas pelo CSR.
Segundo Rajão, a COP27 é uma conferência de caráter técnico que, nesta edição, abordou temas como o mercado de carbono, a energia solar e a agricultura sustentável. "Não se trata de uma conferência que envolva grandes controvérsias, então não devemos esperar grandes avanços. Neste ano, o foco foi a questão da demanda dos países em desenvolvimento por mais financiamento, principalmente em relação à questão do mecanismo de perdas e danos", contou.
De acordo com esse instrumento, países ricos são obrigados a arcar com os custos de perdas decorrentes dos desastres ambientais nos países pobres associados às mudanças climáticas. "Existe uma resistência muito grande dos países mais ricos em avançar nesta agenda e em criar uma obrigatoriedade de pagamento desses desastres. Esse é um debate que ficou em destaque nesta edição da COP."
Participação discreta
Rajão destacou que a posição do atual governo brasileiro nesta COP foi discreta e mostrou a diferença entre os comportamentos do atual ministro do meio ambiente, Joaquim Leite, e de seu antecessor, Ricardo Salles.
Segundo o pesquisador, Salles tinha uma atitude agressiva que demonstrava pouco entendimento de como funcionam as negociações climáticas, enquanto Leite segue as posições históricas do Brasil e "busca não atrapalhar". Na COP25, realizada em Madri, em 2019, o então ministro Salles bloqueou as negociações por motivos fúteis e acabou tendo que voltar atrás, o que gerou enorme embaraço para o Brasil. Ainda não temos os resultados desta COP, mas a participação oficial do atual governo brasileiro foi discreta", avaliou o professor da UFMG.