Ensino

Faculdade de Medicina oferece toucas descartáveis próprias para cabelos volumosos

Demanda, que surgiu da Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo, visa evitar constrangimentos a alunos negros, com distribuição de EPIs adequados à diversidade

Ponto de distribuição de toucas para cabelos volumosos:
Ponto de distribuição de toucas para cabelos volumosos: peças já estão disponíveis nos campos de práticaPortal Faculdade de Medicina

A Faculdade de Medicina da UFMG começou a oferecer, no segundo semestre letivo de 2021, toucas descartáveis específicas para cabelos volumosos, como os trançados e o black power/afro. O material integra o conjunto de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) usados em aulas práticas.

Oitocentas unidades foram compradas para o semestre. Elas já estão disponíveis em campos de prática, como o Ambulatório Borges da Costa, vinculado ao Hospital das Clínicas, e o laboratório de cirurgia. Os alunos de Medicina também poderão receber o material junto com o kit de EPIs do internato.

A demanda foi identificada e apresentada por alunos do Grupo de Estudos de Negritude e Interseccionalidades (Geni) e pelo Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), por meio de seus representantes na Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER). “As consequências do racismo institucional no aprendizado de estudantes negros e indígenas é uma das questões cruciais no trabalho da CPER. Esse racismo tende a provocar adoecimento mental e até expulsar esses estudantes da instituição por causa das violências sofridas no cotidiano”, afirma a estudante Marina Nascimento, do sexto período do curso de Medicina e coordenadora da CPER. 

Marina conta que, além de situações constrangedoras, a falta de EPIs que contemplem necessidades de pessoas negras gera uma sensação de ansiedade  relacionada ao desgaste iminente. “Eu, por exemplo, senti isso nas minhas primeiras experiências com EPIs. Passei por isso com black e com tranças, e a sensação foi a de ‘parece que meu corpo não deveria estar nesse lugar de estudante’”, relata.

Compra regular
A professora Elis Borde, do Departamento de Medicina Preventiva e Social, que também atua na coordenação da CPER, explica que os funcionários dos laboratórios e campos de prática foram devidamente instruídos sobre a distribuição das toucas. “É um avanço importante. Agora devemos garantir que a compra do material seja realizada regularmente, e sua distribuição ocorra de forma adequada”, defende.

A Comissão realizou uma consulta aos discentes, com apoio dos Diretórios Acadêmicos, para dimensionar a demanda. Os Núcleos Docentes Estruturantes dos cursos também participaram do processo. A partir daí, a Superintendência Administrativa da Faculdade empreendeu esforços para conseguir o EPI de forma imediata, uma vez que o item não estava previsto na cesta de produtos orçados para o segundo período letivo deste ano. 

A Comissão
A Comissão Permanente de Enfrentamento ao Racismo (CPER), que iniciou seu trabalho em julho de 2020, é formada por estudantes negras e negros do Grupo de Estudos de Negritude e Interseccionalidades (Geni), estudantes indígenas, servidores técnico-administrativos e professores da Faculdade de Medicina e representantes dos Diretórios Acadêmicos (DAs).

A CPER trabalha na proposição, no acompanhamento e na aplicação de políticas de combate ao racismo na Faculdade de Medicina.

Leia mais sobre o assunto em matéria publicada no Portal da Faculdade de Medicina, que traz relatos de estudantes negros sobre a iniciativa de disponibilizar as toucas para cabelos volumosos.

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina