Arte e Cultura

Formandos do TU encenam peças de Genet e Arrabal

Textos são representativos do Teatro do Absurdo; montagens estreiam nesta quinta-feira

Cena de
Cena de "A cerimônia", escrita por Fernando ArrabalNaum produções

O grupo de alunos que concluirá o Curso Técnico de Formação do Ator do Teatro Universitário da UFMG (TU) estreia nesta quinta-feira, 16, às 19h, os espetáculos Os negros e A cerimônia. As duas peças são adaptações de Os negros - uma clowneria, do dramaturgo francês Jean Genet, e Cerimônia para um negro assassinado, escrita pelo espanhol Fernando Arrabal. As apresentações serão na Funarte-MG com entrada gratuita, mediante retirada de senha na recepção, uma hora antes do início.

Neste ano, os alunos do TU concluem o curso com duas montagens em função da exigência de Genet de que sua peça fosse interpretada apenas por negros. Assim, a turma foi dividida em dois elencos, ficando o grupo de atores brancos responsável por encenar a peça de Arrabal.

Teatro do Absurdo

As duas peças, representativas do chamado Teatro do Absurdo, foram escritas na década de 1950, no período pós-Segunda Guerra Mundial. Em comum, elas têm o uso do metalinguagem, o diálogo com elementos rituais e religiosos, o protagonismo de personagens marginalizados e o fato de abordarem uma espécie de “banalização do mal”, que vai desde os crimes cometidos supostamente por amor pelos personagens de Arrabal até a problematização, na obra de Genet, da naturalização da morte de pessoas negras. 

Os organizadores ressaltam que a questão racial propriamente dita é abordada apenas na peça Os negros, de Genet. Apesar do título original de Cerimônia para um negro assassinado apontar na mesma direção, Arrabal parece mais interessado na bestialidade que pode alcançar um ser humano. Levantar essas questões por meio da arte foi uma forma que o TU encontrou de desvelar fatos e pensamentos que geralmente permanecem encobertos, mas que nos últimos tempos têm ficado cada vez mais evidentes na sociedade.  

O espetáculo "Os negros" faz uma crítica às diferentes valorações dadas a vidas brancas e negras Naum produções

A direção dos espetáculos é assinada pelo professor do TU Rogério Lopes, que optou pela montagem dos textos após constatar que metade da turma de formandos é composta por negros. “Como ex-aluno negro do TU, vindo da periferia da cidade, filho de pais que cursaram apenas o antigo ensino primário, me senti provocado a destacar que a universidade está mudando graças às políticas de ação afirmativas”, diz.

A direção de arte é realizada pela professora do TU Tereza Bruzzi que, com o professor Cristiano Cezarino, da Escola de Arquitetura da UFMG, orientou uma equipe de alunos e ex-alunos do TU e estudantes de graduação e pós-graduação. Eles foram estimulados a desenvolver e executar cenários, figurinos e iluminação por meio de disciplinas, projetos de ensino e monitorias. 

A cerimônia fica em cartaz às quintas e domingos, às 19h, e Os negros, nos mesmos dias, às 20h30. Aos sábados, A cerimônia será apresentada às 18h e Os negros às 20h30. A temporada dos dois espetáculos termina em 10 de dezembro. A classificação indicativa é 16 anos.

A Funarte-MG fica na Rua Januária, 68, no bairro Floresta.