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Frei Betto fala de sua luta pela democracia no ciclo 'Futuro, essa palavra'

Conferência será realizada nesta sexta, quando o escritor também assinará protocolo de intenções visando à doação de seu acervo intelectual à UFMG

Frei Betto:
Frei Betto: seis décadas de luta pela democraciaJoão Laet | Divulgação

Depois de Ailton Krenak, Davi Kopenawa YanomamiAna Lúcia Gazzola e Heloísa Starling, o Ciclo de Conferências Futuro, essa palavra, recebe o escritor Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, nesta sexta-feira, dia 26, a partir das 11h, no auditório da Reitoria. A conferência A luta pela democracia integra as comemorações dos 95 anos da UFMG e terá transmissão ao vivo pelo canal da Universidade no YouTube.

Durante sua exposição, Frei Betto fará um resgate dos diversos momentos em que lutou pela democracia. Segundo ele, essa trajetória teve início aos 13 anos, quando ele iniciou seu envolvimento na política estudantil. "Em 25 de agosto de 1961, já fui para as ruas defender a democracia, quando o então presidente Jânio Quadros renunciou. Quero partilhar a minha história, principalmente o que vivi no período da ditadura militar. Naquela época fui preso duas vezes e permaneci no cárcere por quatro anos numa dessas prisões", relata.
 
O escritor destaca que sua fala também trará uma mensagem de esperança, uma vez que acredita que a democracia vai se fortalecer e o mundo se tornará um lugar sem ditaduras e sem opressão. Frei Betto destaca a importância de falar aos estudantes porque acredita que eles são essenciais na construção da democracia e devem assumir o protagonismo político, não aceitando a desigualdade social como algo normal. 
 
"Os estudantes da UFMG podem e devem atuar na defesa da democracia, fortalecendo os seus organismos representativos, como os diretórios acadêmicos e os grêmios estudantis. Eles precisam desenvolver consciência crítica e política, lendo sobre as lutas libertárias da história do Brasil, conhecendo as revoluções ocorridas no mundo e aprendendo a diferença entre o socialismo e o capitalismo", exemplifica.

Uma das vozes mais ativas em defesa da justiça social no Brasil, o frade dominicano Frei Betto tem mais de 50 livros publicados no país e no exterior, que revelam tanto sua trajetória como militante político quanto seu talento como ficcionista. É autor, entre outros, dos livros Cartas da prisão (Agir), Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira (Rocco) e Batismo de sangue (Rocco), pelo qual foi premiado com o Jabuti em 1983. O livro descreve a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura, a morte de Carlos Marighella e as torturas sofridas por Frei Tito. Batismo de sangue foi adaptado para o cinema pelo diretor mineiro Helvécio Ratton. Sua obra mais recente é o romance histórico Tom vermelho do verde, também lançado pela Editora Rocco, no qual descreve o massacre sofrido pelo povo Waimiri-Atroari na Amazônia durante o regime militar.

Acervo de Escritores Mineiros
Durante a conferência, será assinado protocolo de intenções que estabelecerá as condições para a doação da produção intelectual de Frei Betto ao Acervo de Escritores Mineiros (AEM), localizado na Biblioteca Central da UFMG. A coleção reúne livros de diferentes gêneros – contos, poesias, romances e crônicas –, documentos, artigos e cartas escritas na prisão e trocadas com personalidades como Fidel Castro. Frei Betto é o segundo escritor vivo a doar o seu acervo ao AEM – o primeiro foi Carlos Herculano Lopes. 

"Meu arquivo começou a ser cedido em 2016 e estou muito honrado de fazer parte do Acervo de Escritores Mineiros. Ações como essa são importantes para preservarmos e divulgarmos documentos e textos históricos, pois a atividade de documentação é essencial para que a história não se repita", comenta o autor. 

"Minha alegria é maior ainda por saber que meu acervo estará junto com o de minha mãe, Maria Stella Libânio Christo, que também tem seus trabalhos ali", acrescenta. O arquivo de Stella Libânio, composto de livros, cartas e originais, constitui um anexo do patrimônio intelectual de Frei Betto no AEM. Estudiosa da culinária mineira, ela publicou livros como o clássico Minas de forno e fogão, em que reúne receitas tradicionais de Minas e resgata costumes da cultura do estado.

Luana Macieira