Iniciação científica júnior desperta vocações para a pesquisa
Impacto do programa e de outras experiências de formação foi discutido na mesa de abertura da Semana do Conhecimento
Aos 17 anos, antes mesmo de terminar o ensino médio, o estudante Pedro Camillo Pereira já ostentava no currículo a participação em pesquisa sobre aplicações ambientais de resíduos siderúrgicos, no âmbito do Programa de Iniciação Científica Júnior (IC Jr.) da UFMG. “Isso foi fundamental para meu bom desempenho em seleções para estágio curricular em várias empresas e para a definição da minha carreira”, garante Camillo, que hoje tem 21 anos e cursa graduação em Engenharia Metalúrgica.
O jovem falou sobre o impacto do programa em sua vida na mesa-redonda que abriu, nesta quinta-feira, 5, o 7º Seminário de Iniciação Científica Júnior da UFMG, no Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1). Também participaram da mesa os professores Lívia de Oliveira Borges, do Departamento de Psicologia, e David Soeiro Barbosa, docente do Departamento de Parasitologia e coordenador do Clube de Ciência Brasil, organização não governamental cuja missão é ampliar o acesso à educação científica de alta qualidade e inspirar jovens a se tornarem parte da próxima geração de cientistas e inovadores do país.
Em seu relato, Pedro Camillo contou que, quando decidiu fazer curso técnico de Química, no Coltec, sonhava cursar medicina. A experiência como cientista júnior, no entanto, o levou a outros caminhos. Escolheu Engenharia Metalúrgica como graduação, mas sem perder o foco no sonho de se tonar pesquisador, com mestrado e doutorado na área de engenharia ambiental. Atualmente, é bolsista de iniciação científica no Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (Desa). “A fase do ensino médio é muito difícil para a decisão sobre o futuro, e oportunidades como os editais do IC Jr. são muito importantes porque proporcionam experiências que nos auxiliam a fazer escolhas”, enfatiza o jovem.
David Soeiro falou sobre a experiência de trazer para o Brasil o projeto Clube de Ciência, realizado em vários países da América Latina. “A ideia é despertar nos jovens, principalmente os do ensino médio e dos dois primeiros anos da graduação, o pensamento crítico, científico, empreendedor e inovador, colocando a ciência como um promotor de desenvolvimento social”, disse.
As atividades do Clube, que ocorreram pela primeira vez no país em julho deste ano, na UFMG, durante a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), têm formato de workshops de uma semana, nos quais os alunos interagem com pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Segundo Soeiro, o projeto brasileiro inova ao introduzir professores do ensino médio na discussão de metodologias inovadoras. “Espera-se que esses jovens saiam da experiência sabendo como pensar um experimento científico, vendo a ciência como possível carreira ou como atividade capaz de trazer inovações sociais ou tecnológicas para a sociedade”, resume o professor do ICB.
O professor Bruno Teixeira, diretor de Fomento à Pesquisa da PRPq, destaca que a UFMG também tem a preocupação de alcançar, com eventos científicos, alunos do ensino médio, como forma de popularizar o acesso à ciência. “No âmbito da 26ª Semana do Conhecimento, estamos promovendo este Seminário, destinado aos alunos de ensino médio, com uma mesa-redonda que traz reflexões tanto para os bolsistas quanto para outros estudantes que desejam conhecer o programa e apresentações dos trabalhos desenvolvidos no seu âmbito”, comenta o professor.
Mais de cem estudantes estão expondo trabalhos na forma de pôsteres, que serão avaliados por comitê externo. Eles concorrerão a premiações no último dia da 26ª Semana do Conhecimento da UFMG, no próximo dia 20.
A reportagem da TV UFMG esteve no CAD 1 na tarde desta quinta-feira e conversou com estudantes que estão expondo seus trabalhos de iniciação. Assista ao vídeo:
Ampliar o alcance
A Iniciação Científica Júnior Jr., antes alocada no Colégio Técnico (Coltec), passa agora a compor o programa institucional de iniciação científica, gerenciado pela Pró-reitoria de Pesquisa (PRPq). De acordo com a pró-reitora adjunta, professora Mônica Diniz Leão, a ideia é fortalecer e ampliar o alcance da iniciativa, envolvendo as outras pró-reitorias acadêmicas.
“Nossa intenção é que o programa não fique restrito à PRPq, mas estimule demandas em vários projetos. Para a pós-graduação, por exemplo, isso é importante, pois a avaliação da Capes considera a interação com o ensino médio. E as pró-reitorias de Extensão e de Graduação já têm essa interação em várias frentes”, observa.