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Luiz Gama, um lutador contra o escravismo no Brasil

Neste 13 de maio, o programa Conexões falou sobre a vida e obra de um dos principais abolicionistas brasileiros

Luiz Gama
Luiz Gama: Coleção em 11 volumes reúne o trabalho de um dos principais abolicionistas do Brasil e orgulho do povo negro.Foto: Domínio Público

“Eu advogo de graça, por dedicação sincera à causa dos desgraçados; não pretendo lucros, não temo represálias”. As palavras são de Luiz Gama, publicadas no jornal Correio Paulistano, em  novembro de 1869. Luiz Gonzaga Pinto da Gama foi um importante personagem negro que sofreu um processo de apagamento histórico no Brasil. Mas sua figura vem sendo resgatada, principalmente ao longo da última década. Nascido em Salvador em  1830, filho de Luiza Mahin, negra liberta, foi vendido como escravo pelo próprio pai, um fidalgo português, mas conseguiu libertar-se e tornar-se intelectual respeitado no século 19. Advogado autodidata e poeta, em sua atuação jurídica e na imprensa, defendeu de forma radical o abolicionismo, a educação pública, a democracia plena e a liberdade de expressão. Além disso, foi responsável pela libertação de mais de quinhentos escravizados ao longo da vida, se configurando como um dos principais abolicionistas brasileiros e um dos maiores símbolos de orgulho do povo negro. Uma iniciativa de peso para colocar em evidência a vasta produção intelectual de Luiz Gama é a coleção Obras completas, que inclui mais de 700 textos do autor organizados em 11 volumes: Poesia, Profecia, Comédia, Democracia, Direito, Sátira, Crime, Liberdade, Justiça, Polícia e África-Brasil. Os escritos são acompanhados de notas de rodapé que contextualizam as variadas referências literárias, jurídicas e mitológicas de Gama e a introdução de cada volume contém comentários do organizador da coleção que ajudam a compreender o contexto histórico das produções. Obras completas sai pela editora Hedra, que elaborou um site especial para essa coleção.

Nesta sexta-feira, 13 de maio, completam-se 134 anos da abolição oficial da escravatura no país. A data não é comemorada pelo Movimento Negro, uma vez que a Lei Áurea não garantiu direitos aos ex-escravizados e também apaga todo o protagonismo e luta desse povo, mas o marco é válido como momento de reflexão e de protesto contra as desigualdades que ainda persistem. 

O programa Conexões conversou com o organizador da coleção 'Obras completas de Luiz Gama', Bruno Rodrigues de Lima. Ele é doutor em História do Direito pela Universidade de Frankfurt, na Alemanha, com tese sobre a obra jurídica de Luiz Gama. Atualmente, realiza pós-doutorado no Instituto Max Planck em História do Direito e Teoria do Direito.

Ouça a conversa com a apresentadora Luiza Glória

Produção: Alícia Coura e Nicolle Teixeira, sob orientação de Alessandra Dantas e Luiza Glória