Compartilhar o saber: necessário para a democracia, imprescindível para a ciência é o tema da videoconferência que reunirá, nesta segunda-feira, 14, a partir das 17h, o físico Marcelo Gleiser e o sociólogo Yurij Castelfranchi.

O evento, que será transmitido no Auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas (Face), campus Pampulha, abre as atividades da formação transversal em Divulgação Científica, oferecida a alunos de graduação como conjunto de disciplinas tematicamente articuladas que resultam em competência específica.

Professor do Departamento de Sociologia da UFMG, Yurij Castelfranchi destacará a importância do curso, pioneiro nessa modalidade. Em seguida, ambos os convidados vão falar sobre sua vasta experiência como divulgadores de ciência. “Gleiser é um superdivulgador. É muito bom tê-lo como nosso convidado”, diz Castelfranchi, que também é físico e atua em jornalismo científico e ambiental.

Demanda

Com base em pesquisas sobre percepção pública da ciência, nas quais atuou como consultor e coordenador, Castelfranchi observa que esse tipo de curso é necessário, pois além de preparar estudantes para traduzir para não especialistas o conhecimento científico com o qual trabalham, cumpre o papel de incentivar talentos e carreiras profissionais de divulgadores do conhecimento produzido pela academia.

Ele lembra que tanto na pesquisa nacional –Percepção pública da CT&I no Brasil 2015, do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação – quanto no levantamento realizado em Minas Gerais, financiado pela Fapemig, “contrariamente ao que muitos achavam, emerge um grande interesse por informações de ciência e tecnologia em todas as camadas sociais”. Segundo ele, os brasileiros demonstraram consciência crítica e, ao mesmo tempo, forte apoio à ciência. “A população não tem medo nem hostiliza a ciência. Os brasileiros têm uma das atitudes mais otimistas do mundo nesse tema”, ressalta.

Castelfranchi, que já coordenou curso de divulgação científica na Itália, diz que na Europa, nos Estados Unidos e na Ásia são comuns formações desse tipo, mas geralmente nas modalidades de especialização ou na graduação em jornalismo. “Uma formação complementar, oferecida para alunos de todos os cursos de graduação, como essa da UFMG, é bem original”, avalia. “Há uma demanda tanto do mercado quanto dos profissionais”, assegura.

Trajetórias

Marcelo Gleiser é um dos cientistas brasileiros de maior renome internacional, com mais de 100 artigos publicados em jornais especializados e autor premiado de obras sobre ciência. Em agosto de 2006, publicou seu primeiro romance, o bestseller A harmonia do mundo. Conhecido por sua pesquisa em cosmologia e seu trabalho de divulgação científica, é professor titular de física e astronomia no Dartmouth College (EUA), onde detém a cátedra de Appleton Professor of Natural Philosophy. Doutor pelo King's College de Londres em 1986, mestre pela UFRJ e bacharel pela PUC-Rio, Marcelo fez pós-doutorado no Fermi National Laboratory e no Instituto de Física Teórica da Universidade da Califórnia. Sua pesquisa é financiada pela National Science Foundation (Nasa). Leia mais no site do autor.

Yurij Castelfranchi é graduado em física pela Università degli Studi La Sapienza (Itália), mestre em Comunicação da Ciência pela International School for Advanced Studies (Itália) e doutor em Sociologia pela Unicamp. Na Itália, foi docente de Ciência e Sociedade, Teorias da Comunicação da Ciência, Jornalismo Científico e Ambiental. É autor de cinco livros, dois dos quais com tradução em diversos idiomas. Foi pesquisador no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp, docente de jornalismo científico, vice-diretor do Journal of Science Communication, colaborador da Organización de Estados Iberoamericanos para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI). É editor adjunto da Revista Teoria & Sociedade.