MEC lança programa para reforçar formação de docentes da educação básica
Abertura de 80 mil vagas no Programa de Residência e ampliação do ProUni estão entre as metas
O Ministério da Educação lançou uma série de medidas voltadas para a qualificação dos docentes no país. Dentre as iniciativas da Política Nacional de Formação de Professores, estão a abertura de 80 mil vagas para o Programa de Residência Pedagógica, a ampliação do Programa Universidade para Todos (ProUni) e da educação a distância para fomentar a qualificação dos professores. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 2 bilhões.
Especialistas acreditam que o programa é benéfico, mas que não deve se apoiar apenas em atividades práticas e deixar a formação teórica de lado. Pesquisadores ouvidos pela reportagem destacam ainda que apenas a política para os docentes não será suficiente para “salvar” a formação dos estudantes.
O Programa de Residência Pedagógica irá oferecer ao aluno da graduação estágio supervisionado, com ingresso a partir do terceiro ano da licenciatura, ao longo do curso, na escola de educação básica. A Base Nacional Docente será a referência para a elaboração do currículo de formação de professores no país e Estados e municípios poderão contribuir com sugestões.
Em relação ao ProUni, a partir de 2018, os professores que quiserem fazer uma segunda formação em cursos de licenciatura poderão entrar no programa sem comprovação de renda. De acordo com levantamento do MEC, das 56 mil bolsas para cursos de licenciatura, 20 mil estão ociosas.
Outra novidade anunciada pelo MEC é a reabertura de vagas da Universidade Aberta do Brasil, o que não acontecia desde 2014. O cálculo do Ministério é o de que, das 250 mil vagas de 2017 e 2018, 75% sejam destinadas para a formação de professores que cursem seu primeiro ou segundo curso de licenciatura.
Sabina Maura Silva, coordenadora do Programa Especial de Formação Docente do Cefet Minas, avalia o pacote de medidas como positivo, mas teme que as ações sejam focadas apenas na prática profissional. "Há um déficit também na formação teórica. Não basta apenas colocar os futuros professores na prática", afirma.
Dos quase 2,2 milhões de professores da educação básica, mais de 480 mil só possuem ensino médio. E, mais de 6 mil, apenas o ensino fundamental, de acordo com o último Censo da Educação, divulgado em 2016.
A formulação da Base Nacional Docente também é considerada um eixo importante da política e, por isso, o MEC informou que uma consulta pública será aberta no início do ano que vem para que especialistas e educadores possam se manifestar sobre as diretrizes do documento.
Reportagem veiculada no Jornal UFMG desta quinta-feira, 19 de outubro de 2017.