Pesquisa e Inovação

Medicina lança segunda etapa de pesquisa sobre as implicações da pandemia na saúde mental

Mais de oito mil pessoas participaram da primeira fase do estudo; tendência é que os efeitos aumentem com o prolongamento da crise

Jovem em isolamento social
O isolamento social é uma variável que interfere na saúde mental das pessoasReprodução / TV UFMG

Depois de um período de relativa estabilidade da pandemia de covid-19 no Brasil, havia a esperança de que seria possível atravessar um verão mais tranquilo. Afinal, foram longos meses de estresse, medo e angústia. No entanto, algumas regiões do país vivenciam o recrudescimento de casos, o que pode trazer ainda mais impactos para a saúde mental. Mapear esses desdobramentos e projetar o que se pode esperar dessa nova onda é o objetivo da segunda etapa do estudo Influência da covid-19 na saúde mental da população brasileira e de seus profissionais de saúde. A equipe do projeto já está recrutando voluntários.

O estudo é realizado pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), pela Associação Brasileira de Impulsividade e Patologia Dual (ABIPD) e pela Faculdade de Medicina da UFMG. Qualquer adulto brasileiro pode se inscrever na nova etapa, mesmo que não tenha participado da primeira. A participação consiste no preenchimento de questionário on-line, que traz perguntas sobre a história de vida, saúde, hábitos, sentimentos e comportamentos durante a pandemia.

Mais de oito mil pessoas participaram da primeira fase do estudo, realizada há seis meses, para verificar a ocorrência de doenças psíquicas e impactos dessas doenças em pessoas com diagnósticos prévios à pandemia. “A condição de saúde mental é diferente. Depois de seis meses de estresse, esperamos mais impacto agora”, prevê a professora Débora Marques de Miranda, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da UFMG, que tem experiência em neurociência e integra a equipe do estudo.

Depressão e ansiedade em alta 
De acordo com Débora Miranda, ainda é cedo para falar sobre os resultados da primeira etapa do estudo, mas é possível afirmar que as taxas de depressão e ansiedade aumentaram de forma expressiva. “Ficamos desorganizados num primeiro momento, mas muita coisa mudou, e agora vivemos a expectativa por vacinas e o sentimento de que talvez nem tudo se resolva”, observa a professora.

Por isso, de acordo com ela, é preciso conhecer a evolução da doença após a avaliação feita no início da pandemia para saber o que melhorou e o que piorou. Assim, será possível se antecipar para minimizar efeitos e enfrentar situações adversas. “Teremos ao menos mais duas ondas. É importante entender como foi nossa recuperação ou os desdobramentos de todos esses quadros paralelos indefinidos deste momento”, comenta Débora Marques.

A mesma pesquisa será feita a cada seis meses, até 2022, para avaliar como a população está se adaptando à pandemia de covid-19. Todos os participantes que manifestarem interesse poderão receber relatório sobre seu quadro de saúde mental.  

Centro de Comunicação Social da Faculdade de Medicina