Ministra Cármen Lúcia e pesquisador do Reino Unido fazem conferências sobre desinformação
Magistrada do STF e presidente do TSE fará sua exposição na segunda, dia 4; na quarta, 6, Dani Madrid-Morales, da Universidade de Sheffield, falará sobre o fenômeno em eleições de países africanos
O Programa UFMG de Formação Cidadã em Defesa da Democracia promove duas conferências na próxima semana. Na segunda-feira, 4 (às 10h30, no auditório da Reitoria), a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), falará sobre o combate à desinformação e às fake news; dois dias depois (quarta, 6, às 14h, no auditório 102 do CAD 3), o professor Dani Madrid-Morales, da Universidade de Sheffield (Reino Unido), tratará de ameaças relacionadas a eleições e desinformação em quatro democracias africanas.
Cármen Lúcia, que é mestra em Direito pela UFMG, volta à Universidade para falar do combate à desinformação, como fez no evento que, em abril de 2023, apresentou os projetos de pesquisa vinculados ao programa. A iniciativa foi lançada em setembro de 2022 para reunir projetos que, por diferentes caminhos, combatam a desinformação que afeta a política, a saúde pública, a educação e os direitos humanos, entre outros campos. O programa da UFMG foi criado em atendimento a chamada do STF.
Professor da Escola de Jornalismo, Mídia e Comunicação da Universidade de Sheffield (Inglaterra), Dani Madrid-Morales dirige na instituição o Disinformation Research Cluster. Ele pesquisa comunicação política global com foco em desinformação no Sul Global. A conferência de Madrid-Morales integra a 1ª Jornada Internacional da Rede de Estudos sobre Democracia e Desinformação (Redd), vinculada ao Instituto de Estudos Transdisciplinares (IEAT) da UFMG e ao Programa UFMG de Formação Cidadã em Defesa da Democracia (veja programação ao fim deste texto).
Terceiro momento
O Programa UFMG de Formação Cidadã em Defesa da Democracia está em seu “terceiro momento”, segundo a professora Geane Alzamora, do Departamento de Comunicação Social da Fafich, uma das coordenadoras da iniciativa. Depois do movimento de implementação, há dois anos, o programa reuniu os projetos da UFMG que trabalham com a desinformação, seja no ensino, na pesquisa ou na extensão, nas diversas áreas de conhecimento e unidades acadêmicas. Hoje são 22 as iniciativas vinculadas.
“Chegou o momento de amadurecimento do programa, e a participação do Dani Madrid-Morales representa o esforço em busca da articulação de redes internacionais. Estamos mapeando projetos e as temáticas que têm mobilizado grupos dentro e fora do Brasil”, conta a coordenadora, que atua nessa função com os professores Fábia Lima, também do Departamento de Comunicação Social e diretora Cedecom UFMG, e Carlos Alberto Ávila Araújo, da Escola de Ciência da Informação.
Geane revela planos de abrir mais uma chamada para a incorporação de novos projetos da Universidade e de criar uma cátedra sobre o assunto – em conjunto com a Diretoria de Relações Internacionais (DRI) –, que teria o título de A desinformação na era da inteligência artificial generativa. O objetivo é aprimorar os conhecimentos interdisciplinares sobre o tema da desinformação.
A Reitoria acaba de instituir o Comitê Gestor do Programa de Formação Cidadã, composto dos professores Ricardo Fabrino Mendonça, do Departamento de Ciência Política da Fafich, Emílio Peluso Neder Meyer, do Departamento de Direito Público da Faculdade de Direito, Fabrício Benevenuto de Souza, do Departamento de Ciência da Computação do ICEx, e Crissia Carem Paiva Fontainha, que integra a Diretoria da Faculdade de Medicina. Esse grupo ficará encarregado de cuidar da expansão internacional, conceber eventos e pensar outras possibilidades de atuação do programa.
Em agosto deste ano, foi lançado pela Editora UFMG o livro Desinformação e contemporaneidade: democracia, ciência e vida social, que reúne relatos de atividades dos projetos reunidos pelo programa e artigos que oferecem visões jurídicas sobre o tema.
Jornada da Redd
Esta é a programação da 1ª Jornada Internacional da Rede de Estudos sobre Democracia e Desinformação (Redd):
Conferência
Dani Madrid-Morales, professor da Universidade de Sheffield (Reino Unido)
Viejas amenazas, nuevas amenazas: elecciones e desinformación em quatro democracias africanas
6 de novembro, às 14h, no auditório 102 do CAD 3, campus Pampulha
Workshop 1
Apresentações dos professores André Abath, Ernesto Perini-Santos (ambos do Departamento de Filosofia da Fafich), e Marcus Abílio Pereira, do Departamento de Ciência Política da mesma unidade
Debatedor: Dani Madrid-Morales
7 de novembro, quinta, às 14h, no Auditório Alice Monteiro de Barros, da Faculdade Direito (Avenida João Pinheiro, 100, 1º andar)
Workshop 2
Dani Madrid-Morales
Methodological approaches in comparative disinformation research
Debatedores: André Abath, Ernesto Perini-Santos e Marcus Abílio Pereira
8 de novembro, sexta, às 14h, no Auditório Baesse da Fafich (4º andar), campus Pampulha
Dani Madrid-Morales
Após intensa pesquisa sobre o impacto da mídia chinesa global sobre as culturas jornalísticas locais na África de língua inglesa e francesa, e sobre as maneiras pelas quais o público da África Oriental e Meridional se envolve com notícias e entretenimento na mídia chinesa, Madrid-Morales apresenta uma nova fase da investigação em comunicação política e fluxos internacionais de mídias, cujo foco é o Sul Global. Seu mais recente trabalho foca a dinâmica geopolítica da desinformação na África Subsaariana. Suas áreas de interesse incluem opinião pública global e desinformação no Sul Global, impacto das novas tecnologias na produção de notícias produzidas pelo Estado e métodos de pesquisa em estudos comparativos de desinformação. Seu último livro é Disinformation in the Global South (2024).
O Disinformation Research Cluster, coordenado pelo pesquisador da Universidade de Sheffield, é vinculado ao Departamento de Comunicação e Jornalismo da instituição. Foi criado para lidar com novas questões referentes à desordem global da informação e pesquisar as causas e as consequências da desinformação, especialmente no espaço digital. Alguns dos interesses dos pesquisadores do núcleo são desinformação patrocinada e dirigida pelo Estado, teorias da conspiração, estruturas regulatórias para evitar a disseminação da desinformação, circulação global de desinformação e propaganda, soluções e abordagens para lidar com o fenômeno. Além da atuação acadêmica, o grupo trabalha diretamente com veículos de mídia e demais órgãos interessados em combater a desinformação no Reino Unido, na Europa e fora das fronteiras europeias.