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Morre a professora Ângela Mascarenhas Santos, aposentada do Departamento de Filosofia

Corpo foi cremado nesta manhã, em São Paulo

Ângela e o ex-reitor José Henrique Santos, na casa da família, na Pampulha, Belo Horizonte
Ângela e o ex-reitor José Henrique Santos, na casa da família, na Pampulha, Belo Horizonte Acervo de família

Morreu nesta terça, 29, a professora Ângela Lúcia Mascarenhas Santos, aposentada do Departamento de Filosofia, da Fafich. O corpo foi cremado na manhã de hoje, em São Paulo, onde ela morava com o marido, o colega de Departamento José Henrique Santos, reitor da UFMG na gestão 1982-1986. Ângela teve parada cardíaca após sofrer um AVC.

Ângela Santos nasceu há 87 anos em Corinto (MG) e foi criada na vizinha Curvelo. Graduou-se na UFMG e aqui ingressou como professora na década de 1960 – foi a primeira mulher a se integrar ao quadro docente do Departamento de Filosofia. Durante muitos anos, Ângela foi titular da disciplina História da Filosofia Moderna, sua principal especialidade, mas lecionou também sobre outros temas. Ela se aposentou no fim dos anos 1980.

De suas lembranças de Ângela, a professora Maria Eugênia Oliveira, também aposentada, ressalta as aulas cuidadosamente preparadas, muito claras, e sua paciência com os alunos. “Foi uma pessoa justa, correta e ótima colega”, diz.

Ex-aluna e também colega de Ângela, Telma Birchal afirma que ela foi "uma professora excelente, muito atenta e dedicada”. “Ela mantinha essas características também como coordenadora do curso, nas várias vezes em que exerceu o cargo. Teve papel muito importante na organização da graduação”, salienta a professora.

Ivan Domingues, outro ex-aluno e colega de departamento, reforça o papel desempenhado por Ângela Santos na coordenação do curso e ressalta o fato de ela usar em sala de aula textos de filósofos e historiadores da filosofia, ajudando a marcar a fase em que a filosofia fazia a "transição de um certo diletantismo para uma abordagem mais técnica e profissional". “As aulas da Ângela eram muito bem concebidas e executadas”, elogia Domingues.  

Rodrigo Duarte, que, como Telma Birchal e Ivan Domingues, integra o corpo docente do Departamento de Filosofia, foi aluno de Ângela Santos – “ela era exemplar no aspecto didático”, ele afirma – e também se lembra bem da atuação dela como coordenadora da graduação: “Ela incentivava muito os alunos que demonstravam maior entusiasmo e ajudava a eliminar entraves burocráticos para a conclusão de curso".

Equilíbrio
"Minha mãe sabia equilibrar muito bem as atividades intelectual e docente com o cuidado da família”, comenta Eduardo Mascarenhas Santos, filho de Ângela e José Henrique Santos e professor da Faculdade de Arquitetura da UFMG. Ele tem clara a lembrança dos tempos de criança, quando a família morava nas imediações do antigo prédio da Fafich, na Rua Carangola.  Esporadicamente, a professora recebia alunos em casa. “Ela era agregadora, uma referência para toda a família, estava sempre disposta a entender e conversar”, diz Eduardo.

Ângela Santos lecionou também na PUC Minas, no início da carreira, e teve passagem pela Uemg, depois de aposentada na UFMG.

Itamar Rigueira Jr.